Olá, pessoal. Hoje vamos continuar falando daquele que faz a história girar e que ao mesmo tempo, a história gira em torno dele: o personagem.

Há dois tipos de personagens que você pode criar em uma história: o plano, que é um sujeito que não muda o seu jeito de ser até o fim da história. E o esférico, que conforme passa por inúmeras situações, vai mudando o seu jeito de ser, pensar e agir tanto para a melhor quanto para a pior.

Death Note: um protagonista que prova que o poder muda uma pessoa (e a corrompe).

Como você pode definir quem será plano e esférico? Analise a sua narrativa dentro daquilo que o personagem queira e como ele pode lidar com a situação.

Exemplo: um assistente social que vai a bairros miseráveis ajudar a população e vê que o governo os prejudicou severamente.
Opções de destino de tal personagem:
  • Não desistir;
  • Virar uma pessoa que apenas trabalha, sem se importar;
  • Virar um líder na luta por melhorias sociais, organizando grupos de amparos e até protestos.

Claro que nem todo perfil de personagem precisa ser trabalhado. Se um sujeito vai almoçar, você não precisa criar o background do garçom, por exemplo. Todavia, os personagens que você quer trabalhar na história precisam ter seus passados, estilos de vida e capacidades bem definidas.

Exemplo: Marcos é um policial honesto de Pernambuco, pai de duas meninas e um filho mais velho que toda mãe adoraria ter. Um dia foi visitar o seu melhor amigo e viu uma briga de skinheads com um casal homossexual. O rapaz ponderou se impedia o crime, sacando do porta-malas seu taco de baseball ou se deixava tudo acontecer. Preferiu a segunda opção.

Leitores atentos podem reparar que nenhum brasileiro andaria com um taco de baseball no carro (a não ser que fosse jogador. E Marcos não é, pois eu não disse isso) e o mais evidente foi sua omissão de socorro.

James Bond faz aquilo que é treinado. Ou você consegue imaginá-lo vencendo um torneio de videogame?

Outra coisa que um escritor deve ponderar é sobre a história ter um protagonista (o principal) e um antagonista (opositor). Nem toda história precisa necessariamente de um ser que se oponha ao principal. Sem contar as diferenças entre um inimigo (aquele que quer aniquilar o protagonista) e um rival (uma pessoa que não nutre rancores do protagonista, mas quando eles competem por algo, o antagonista fará de tudo para vencer).

Sherlock Holmes: um personagem tão detalhista
que para contar a suas histórias,
o criador fala do ponto de vista de uma pessoa normal,
que é o Watson.
Por último, a coisa mais importante que um escritor precisa ponderar a respeito da criação do personagem é o seu ponto de vista: um Sherlock Holmes repara até em uma poeira em uma mesa, uma pessoa cega não poderia descrever nada que não ouvisse, cheirasse ou tocasse, uma pessoa esnobe não daria detalhes sobre aquilo que não a interessasse e um ladrão em um local que iria praticar um crime descreveria as coisas com uma certa tensão.

Concluindo, um personagem precisa ter vida. Um passado para dizer como ele reage ao presente, mostrar sinais de mudança no decorrer de uma história (amadurecimento ou corrupção) e sua forma de ver o mundo precisa ser explorada pelo escritor.

Obrigado a todos.







Sobre o Autor
Davi Paiva da Silva nasceu em 22/03/1987, em São Paulo – SP. Está cursando Letras na UNICSUL, publicou o texto "18 anos sem Ayrton Senna" no site minilua.com, além de um microconto com a hastag #tweetcontos no twitter DaviTweetcontos e colabora com artigos no blog espadaarcoemachado.wordpress.com. No mundo impresso, participou das antologias de contos Corações Entrelaçados, Névoa, Quimera, Sopa de Letras, Amores (Im)Possíveis, Mentes Inquietas e Livre Para Voar todas da Andross Editora.

Contato: davi_paiv@hotmail.com.

2 Comentários

  1. Olha só eu lendo uma postagem do mito Davi Paiva. hahaha :3
    Gostei bastante da postagem e são coisas que eu não sabia como escritora ou algo que, provavelmente, eu não uso com esse nome. Eu sou apenas de sair escrevendo, tudo sobre os personagens está na minha cabeça. Eu sei todas as convicções e os passados deles.

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    1. Boa noite!

      Mito? Eu? Longe disso...

      Seja como for, algumas pessoas criam coisas por reflexo ou instinto ligados ao hábito da leitura. Outras criam depois de saber que existem parâmetros. Seja como for, o planejamento pode ser fundamental para evitar armadilhas.

      Abraços.

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