Baseado: “A Tempestade”, de William Shakespeare
Direção: Nando Gonçalves
Duração: 60 minutos
Gênero: Comédia
Apresentação: 05 de julho de 2016
Após ser expulso de seu ducado, Próspero (João Araújo) é exilado em uma ilha. Anos depois, com a ajuda de seu servo, ele trabalha para retomar o que é seu das mãos do usurpador e proteger sua filha Miranda (Lívia D’Angelo), além de lidar com um escravo estranho, um pretendente a noivo e três bêbados trapalhões.
A primeira cena de um espetáculo pode dizer muita coisa sobre o que esperar do que será apresentado em um palco, mas poucas vezes uma primeira cena foi tão impecável quanto a de A Tempestade. Digo isso porque em poucos minutos o Núcleo de Pesquisa Teatral mostrou que todos em cena seriam responsáveis por um espetáculo que dificilmente será esquecido por esse que vos escreve.
Peça premiadíssima no I Prêmio AATA de Teatro Amador (festival em que tive o prazer de ser um dos jurados), essa montagem é o melhor exemplo do que sempre espero ao ver uma produção de um gênio como William Shakespeare. Ela já começa com a perfeição de um naufrágio de encher os olhos e que desencadeia, com leveza e encantamento, todos os conflitos do enredo. Ali tive a certeza que o diretor Nando Gonçalves me surpreenderia muito até o fim do espetáculo e isso apenas se confirmou com o passar do tempo.
Escolhido como o melhor diretor do festival, Nando mostrou ser alguém disposto a surpreender em todas as suas ideias. Contando com um cenário relativamente simples, que se molda conforme a necessidade, o diretor se aproveitou da força de seu elenco e da grandeza de um texto shakespeariano para abusar da criatividade em todas as cenas de A Tempestade, peça dividida em três núcleos bem definidos: o poder, a comédia e o romance.
Foto: Ana Souza/Reprodução Facebook |
O resultado da falta de interesse por outros núcleos foi a inconstância do espetáculo, que viveu alguns altos e baixos. Talvez o maior responsável por isso não seja nem a qualidade inferior de um ou outro grupo de personagens, mas a qualidade fora da média de quem se arriscou a fazer o lado cômico. O diretor Nando Gonçalves teve atores de qualidade ímpar, mas em especial a atriz Fernanda Dearo (vencedora do prêmio de Atriz Revelação). Fernanda, em sua personagem Caliban, foi o que de melhor vi ao longo de todo o festival e não por menos, quase um mês depois, ainda continuo com a música de sua personagem na cabeça e me pego cantando-a todos os dias.
Foto: Ana Souza/Reprodução Facebook |
Aliás, ao todo foram seis prêmios, mas se pudesse criaria outros que seriam entregues especialmente para Julia Cristina e Gabriella Seabra. Atuando como espíritos capazes de enfeitiçar com um único olhar, e fazendo a vez de contrarregras, ambas me encantaram de um modo indescritível, tamanha beleza e delicadeza ao entrarem em cena. Mesmo com pouquíssimas falas, elas foram grandes descobertas e se mostraram verdadeiras joias, prontas para brilharem cada vez com mais intensidade.
A verdade é que ao trabalhar a fantasia e a comédia com grande maestria, o Núcleo de Pesquisa Teatral não apenas ressalta o brilho deste trabalho, como celebra com perfeição os 400 anos da morte de William Shakespeare. No panteão dos deuses literários, o Bardo certamente está feliz e orgulhoso, assim como me sinto honrado e privilegiado por ter assistido e avaliado um verdadeiro espetáculo, digno de um teatro profissional.
Rick, que escrito bacana. Por sua culpa me arrependi muito por não ter ido assistir essa peça. Acho que eu iria adorar.
ResponderExcluirBela crítica, o pessoal que produziu esse espetáculo deve estar muito orgulhoso.
Parabéns Rick. :3
Beijoos
Foi especialmente gratificante ler a sua crítica, Ricardo! Uma crítica poética e generosa com o grupo e com o espetáculo. Estou certa de que reflete sua sensibilidade pela arte, e por isso lhe agradeço e lhe desejo muito sucesso! :*
ResponderExcluirGratidão por esta crítica apresentada num texto tão primoroso, prezado Ricardo Biazotto. Concordo com você. Parabéns ao Núcleo de Pesquisa Teatral pelo excelente trabalho. Um abraço, paz e luz a todos. Sucesso!!!
ResponderExcluirGratidão por esta crítica apresentada num texto tão primoroso, prezado Ricardo Biazotto. Concordo com você. Parabéns ao Núcleo de Pesquisa Teatral pelo excelente trabalho. Um abraço, paz e luz a todos. Sucesso!!!
ResponderExcluirOlá Ricardo!
ResponderExcluirNunca tinha ouvido falar de mais essa peça do Shakespeare. Adorei ler a sua crítica sobre esta adaptação da mesma.
Acho que a comédia é sempre um ponto positivo, uma pena que ele acabou ofuscando um pouco os outros por ser feito com muito excelência.
Adorei as fotos também. Ótimo cenário e figurino.
Beijos!