Confissões de um Turista Profissional, Kiko Nogueira, 1ª Edição, Ribeirão Preto-SP: Novo Conceito, 2011, 94 páginas.
Jornalista e pai de dois filhos, o autor Kiko Nogueira nasceu em São Paulo e já trabalhou em diversas revistas como repórter e editor, mas atualmente dirige a revista ALFA. Em Confissões de um Turista Profissional, seu alter ego, Jota Pinto Fernandes, conta suas aventuras pelo mundo de uma forma bem diferente daquilo que geralmente encontramos em guias e isso faz grande diferença.
Dividido em 37 curtas e engraçadas crônicas, esse livro escrito pelo alter ego Jota Pinto Fernandes é simples, mas ao mesmo tempo completo. Logo nas primeiras páginas, o jornalista Kiko Nogueira faz uma apresentação e conta um pouco sobre Jota Pinto e suas manias. Um pouco mais a frente, Tati Bernardi escreve o prefácio, onde conta como conheceu tanto Jota como Kiko, e claro, não poderia deixar de ser bem-humorada.
Nas crônicas, Jota Pinto retrata diversos lugares e pessoas com um tom irônico e verdadeiro, como é o caso de Os Americanos do Brasil e Pela volta da mulata, duas das melhores crônicas de todo o livro. Vale ressaltar que as crônicas contam coisas que turistas, e também viajantes, muitas vezes não têm coragem de dizer, e é esse o motivo do subtítulo: Tudo o que você queria saber sobre viagens e que os guias jamais vão contar. “Para quem está recebendo os paulistas, fica aquela pergunta: por que eles são assim? A resposta: porque nós somos ricos. Os paulistas estão para o Brasil como os americanos estão para o mundo. (pág. 18)”.
Com uma escrita simples e contagiante, o mineiro, fumante e heterossexual Jota Pinto já esteve em mais de 200 lugares, e isso contribui bastante na organização das crônicas que estão presentes no livro, como em Paraíso Artificial, onde ele fala um pouco sobre a cidade de Orlando, e ainda compara com a nossa capital federal. “Orlando é tão artificial quanto Brasília. Com a diferença de que em Brasília os atores são mais canastrões, os políticos são mais palhaços e as coisas dão errado. Mesmo! (pág. 54)”.
Como não poderia faltar, sendo um livro lançado pela Novo Conceito, encontramos pontos interessantes, começado pela capa, que apesar de simples possui um ótimo, e significativo, desenho. Já no interior, existem ilustrações simplórias, feitas por Tchelo Nogueira, mas que fazem todo sentido ao serem colocadas no inicio de cada uma das crônicas.
Por fim, Confissões de um Turista Profissional é surpreendente e que cala a boca, literalmente, daqueles – como eu - que tiveram certo preconceito pelo tema abordado. São ótimas e engraçadas crônicas, das quais você lê em questão de minutos, e que, pelo menos dez delas não são esquecidas facilmente, como por exemplo: Os americanos do Brasil; Viva a rua Javeri, meu!; Pela volta da mulata; Ela está rindo de você; A falta que eles fazem; Le grand mico; Paraíso Artificial; Proibido para menores, entre outros. “O mico em uma viagem é algo que nos engrandece. Você só se torna um ser humano completo depois de encarar uma situação constrangedora. Bem constrangedora. (pág. 44)”.
Como não poderia faltar, agradeço a editora Novo Conceito, pelo exemplar cedido para que a leitura e resenha pudesse acontecer, e deixar um último comentário: este livro não é perfeito, contudo, uma ótima escolha para distrair e passar o tempo com textos bem escritos e engraçados. Apesar de não ter uma grande história, é bem interessante. Leiam e se surpreendam.