Semanalmente, nos últimos oito anos, otakus e otomes acompanharam as histórias do famoso garoto de cabelo laranja no anime Bleach, um dos melhores dos últimos anos e que chegou ao fim na última terça-feira (27), para felicidade de alguns e revolta de muitos outros. Baseado no mangá de Tite Kubo, o anime foi produzido pelo Estúdio Pierrot e contou com a excelente direção de Noriyuki Abe. Totalizando 366 episódios, foi dividido em doze sagas - incluindo os fillers - e se tornou um sucesso dentro e fora das terras nipônicas.
Em Bleach, acompanhamos as aventuras de Kurosaki Ichigo (Masakazu Morita), um garoto quase normal que vive na cidade de Karakura. Além de algumas características que o diferem de outros jovens de sua ideia, Kurosaki também possui a habilidade de ver fantasmas e isso faz toda a diferença em certo momento de sua vida. Ainda no inicio, Ichigo se encontra com Kuchiki Rukia (Fumiko Orikasa), uma Shinigami (Deus da Morte) oriunda da Soul Society (Sociedade das Almas) e os dois são atacados por um Hollow, o que “obriga” Ichigo a se tornar um Shinigami Substituto e ajudar Rukia a defender a Terra desses seres. No meio desse mundo envolvendo diversos lugares e entidades distintas, nos aventuramos em um anime repleto de ação, personagens marcantes e cenas inesquecíveis.
Mesmo com todo o sucesso gerado com Bleach, este anime gerou discussões entre fãs de outros sucessos atuais, e muitas vezes os argumentos usados pelos críticos tinham certa validade. Infelizmente, em determinado momento, o anime entrou em decadência e isso também contribuiu – de certa forma - para o cancelamento da animação. Outro ponto negativo é a quantidade excessiva de fillers (sagas/episódios inexistentes no mangá e que na maioria das vezes possui qualidade inferior), que no caso de Bleach, esteve presente em cinco sagas, sendo que apenas uma delas (Saga das Zampakutous) pode ser considerada interessante e, coincidência ou não, foi escrita pelo próprio criador do mangá.
Bleach começa a decair após o término da saga do Hueco Mundo (onde “vivem” os Hollows), mas até esse ponto – episódio 203 – encontramos aquilo que tem de melhor no mundo de Bleach. Os melhores personagens surgem nesse meio tempo, como também as melhores e inesquecíveis lutas, que teve como cenário, em sua maioria, a Soul Society. Se Bleach conquistou tantos fãs no mundo todo isso se deve a primeira metade, que também possui um crescimento significativo das personagens principais, sobretudo de Ichigo, que se torna mais forte e assim mais agradável.
É também nesse inicio, que conhecemos um dos vilões mais marcantes (uma decisão unanime entre os fãs) dos animes e mangás: Aizen Sousuke (Sho Hayami). A primeira aparição de Aizen aconteceu no episódio 23 e no inicio, todos poderiam imaginar que seria mais uma personagem calma e que marcaria por essa característica. Ledo engano. Aizen é exatamente o oposto da primeira impressão que temos dele e justamente por isso que se tornou tão espetacular, apesar de tudo o que envolveu a sequência de sua história.
Além de vilões, Tite Kubo nos reservou outras personagens que jamais serão esquecidas, cada qual por determinado motivo: Orihime Inoue (Yuki Matsuoka) por sua personalidade boa, porém com características de uma jovem lerda que chega a ter atitudes engraçadas devido a isso; Uryuu Ishida (Sugiyama Noriaki), inteligente e também tem um crescimento – de personalidade – ao longo dos 366 episódios; Sado Yasutora (Hiroki Yasumoto), quieto e com bom coração, rendendo uma das cenas marcantes da primeira parte do anime, sem contar sua força.
Personagens como Kisuke Urahara (Shinichiro Miki), Shihouin Yoruichi (Satsuki Yukino e Shiro Saito) e Isshin Kurosaki (Toshiyuki Morikawa) - pai de Ichigo - também serão inesquecíveis - essas são apenas algumas personagens -, assim como os capitães da Soul Society, como Toushiro Hitsugaya (Romi Paku), um dos mais jovens Capitães da Soul Society e que tem um poder significativo. O capitão Kenpachi Zaraki (Fumihiko Tachiki) também deixa seu nome marcado entre os fãs, sendo um dos melhores personagens de todo o anime. Kenpachi gosta de lutas e tem poder suficiente para acabar com a maioria dos seus oponentes.
Ignorada por alguns, a trilha sonora de Bleach também não deixa a desejar em nenhum momento, casando muito bem com o universo que encontramos. Com músicas que vão do j-pop ao eletrônico, a trilha sonora contou com 15 temas de abertura e 30 temas de encerramento. Entre os destaques, a canção Alones (do episódio 121 ao 143), da banda de pop rock Aqua Timez; Tonight, Tonight, Tonigth (75-97), do grupo Beat Crusaders; e Rolling Star (98-120), de Yui, uma excepcional cantora que já lançou seis discos, todos eles sucesso nas vendas.
E como tudo o que é bom dura pouco, Bleach chegou ao fim. Um anime que conseguiu passar – com êxito – a verdadeira essência do Shōnen (gênero destinado a garotos) e conseguiu atrair também diversas garotas para esse mundo de batalhas e ação, e recheado de um humor simples e ao mesmo tempo marcante. Obviamente Bleach não irá agradar a todos, o que não é nenhum mal, mas marcou seu nome para sempre entre os melhores animes, não apenas por sua história, e também por sua qualidade técnica, que não deixa a desejar em nenhum momento. Muitos são os fãs que sentirão falta daquilo que conviveu durante oito anos, todas as terças-feiras. Muitos são os críticos que irão agradecer por esse fim, porém todos devem concordar que Bleach conseguiu aquilo que muitos tentam e dificilmente conseguem.
O anime foi cancelado, porém o mangá continua, para alegria daqueles que gostam do trabalho de Tite Kubo. Aos mais esperançosos, resta acompanhar o mangá (e esperar pelo live-action que será lançado em breve) e torcer para que com o final da última saga (Guerra Sangrenta dos Mil Anos) o anime retorne, sem a enrolação dos fillers e conquistando mais fãs, que certamente, continuará crescendo com o passar dos dias, afinal, com ou sem a última saga do anime, Bleach está no seleto grupo dos quatro melhores animes do século XXI e dificilmente terá seu posto tomado.