O Jogos Olímpicos de Verão é o evento esportivo mais importante da atualidade e  acontece de quatro em quatro anos – com exceção de 1916, 1940 e 1944 - desde 1896, quando se realizou a I Olímpiada da Era Moderna, em Atenas. Para a 30ª edição dos jogos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) avaliou diversas cidades e depois de quatro etapas, Londres foi escolhida e teve a oportunidade de sediar o evento pela terceira vez, um fato inédito até então – já que a Olímpiadas de 1906, sediada em Atenas, não é considerada pelo próprio COI.
Desde que foi escolhida, Londres e todo o Reino Unido se preparou para receber os principais atletas do mundo e as boas-vindas se deram com a abertura oficial dos jogos, que aconteceu na noite de sexta-feira (27) no Estádio Olímpico.
A cerimônia dividiu opiniões. Alguns acharam a abertura impecável, e outros não conseguiam deixar de fazer comparações com a excepcional abertura dos últimos jogos, em Pequim – a melhor abertura de todos os tempos. Na ocasião, os chineses surpreenderam e inovaram do início ao fim e dessa vez não foi diferente, porém é difícil chegar aos pés do que aconteceu em 2008. A grande diferença foi apenas a parte musical.
Coordenada pelo cineasta Danny Boyle, a cerimônia reuniu tudo o que se esperava de um evento britânico e fez um passeio pela a história, contando de Shakespeare à Harry Potter, com direito a Beatles e a Amy Winehouse. Tudo na medida certa para mostrar ao mundo o quão grandioso é a cultura, e também os talentos que surgiram do Reino Unido. Até mesma a Rainha Elizabeth II, que abriu os jogos, ganhou espaço em um verdadeiro filme criado por Boyle.
A história foi contada através de voluntários de todo o país e o passeio começou com o ator Kenneth Branagh, que interpretou o poeta mais famoso do mundo. Nesse início, o Estádio Olímpico fazia uma referência à época em que o campo dominava a Grã-Bretanha. Aos poucos os voluntários entraram em ação e o verde deu espaço ao cinza, resultado da famosa e importante Revolução Industrial.
A rica literatura britânica não poderia ser esquecida e contou inclusive com a participação de J. K. Howling. Faltou, é claro, personagens e autores famosos, mas para compensar, Daniel CraigMillennium – Os Homens que não Amavam as Mulheres (Resenha), A Casa dos Sonhos (Resenha), Cowboys & Aliens (Resenha) – reviveu o famoso James Bond e em mais uma missão, levou a Rainha Elizabeth ao estádio de helicóptero. A atriz que interpretava Elizabeth pulou de paraquedas, enquanto Sua Majestade apareceu no espaço reservado a ela para acompanhar a continuação da cerimônia.
E quando todos pensaram que teria o momento mais emocionante, eis que surge Rowan Atkinson, o Mr. Bean, e o resultado é óbvio: o riso tomou conta da arquibancada e de todos os espectadores que acompanhavam. Motivo? Em sonho, Mr. Bean realizou a façanha de vencer uma corrida, mas não passou de mais uma trapaça do personagem mais cômico da terra da rainha.
Entre outros, The Who e Queen foram responsáveis por mostrar a evolução musical ao longo dos anos e em seguida todas as delegações entraram para também participar da festa mais importante do esporte mundial.
Como de costume, a delegação grega foi a primeira a entrar e por ordem alfabética, todos os países ganharam espaço e suas bandeiras foram colocadas em um dos cenários. Rodrigo Pessoa, do hipismo, foi o responsável por levar nossa bandeira e abrir caminho para uma das delegações mais animadas de toda a festa. Em pé, a presidente Dilma Roussef saudou nossos atletas, que se juntaram as delegações de diferentes culturas. Por fim, os donos da casa também entraram e o público presente foi ao delírio.
Aos poucos a cerimônia chegava ao fim, mas não antes de mais uma apresentação musical, com o grupo Artic Monkeys. Em seguida, aconteceram os discursos oficiais e Elizabeth II declarou aberto os Jogos Olímpicos Londres 2012. Faltava apenas o hasteamento da bandeira olímpica (que contou com a participação da brasileira Marina Silva e do ex-pugilista norte-americano Muhammad Ali) e o acendimento da tocha.
Pouco se sabia sobre esse momento e os organizadores surpreenderam quando David Beckham a trouxe em uma lancha. Em terra, outros atletas também participaram e levaram a tocha para dentro do estádio, até que acenderam uma estrutura com diversos objetos que se ergueram e se transformaram na verdadeira tocha olímpica.
Para encerrar, Paul McCartney subiu ao palco e cantou The End e Hey Jude, e com isso os Jogos Olímpicos Londres 2012 podia ter seu verdadeiro início e passar a emocionar a população de diversos países e marcar a vida de atletas de 204 delegações.

O Primeiro Ouro
Desde a primeira participação do judô brasileiro em Jogos Olímpicos, o esporte foi grande esperança de medalha para a delegação brasileira. Considerada uma das grandes favoritas, a piauiense Sarah Menezes confirmou o que todos esperavam e conquistou a primeira medalha de ouro para o país.
Sarah, de apenas 22 anos, participou pela primeira vez das Olímpiadas em 2008, mas foi eliminada ainda na primeira luta. De lá pra cá, conquistou importantes títulos e subiu no ranking mundial. Mais experiente, a judoca foi à Londres e dessa vez estreou vencendo a vietnamita Ngoc Tu Van por 2 yuko a 0 e com isso se garantiu nas oitavas-de-finais da categoria ligeiro (até 48kg).
Ao enfrentar a francesa Laetitia Payet, Sarah Menezes encontrou mais dificuldade e precisou se defender das primeiras investidas da adversária. Buscou espaço para somar os primeiros pontos, mas o estilo de combate de Payet não favoreceu a brasileira, que venceu apenas quando faltavam poucos segundos para o fim da luta.
Shugen Wu foi a adversária brasileira nas quartas-de-finais, e a chinesa deu trabalho do início ao fim. No início, poucas foram as oportunidades de pontos e a chinesa chegou a ser advertida por falta de combatividade. Pouco tempo depois, uma nova advertência à chinesa deu um yuko para Sarah e isso poderia tranquilizar a brasileira. Não aconteceu, e para piorar, Shugen Wu continuou se aproximando de derrubá-la. Sarah inclusive foi advertida, mas a vitória já estava garantida.
Ao vencer a chinesa, Sarah colocou seu nome na história, mas sua intenção era chegar ainda mais longe. Para garantir uma vaga inédita na final, Sarah precisou vencer a belga Van Snick, que a assustou com as primeiras investidas. Foi exatamente durante uma tentativa de um seoi-nage – um dos golpes mais tradicionais do esporte – que a brasileira se defendeu bem e contra-atacou, somando seu primeiro yuko. A baixinha de 1,52cm de altura se agigantou, sua defesa se tornou cada vez mais eficaz e sua medalha olímpica estava garantida, restava saber a posição que ocuparia no pódio.
Antes de disputar a última luta do dia, Sarah Menezes acompanhou a disputa do bronze masculino na categoria ligeiro (que para os homens vai até 60kg). No tatame, o brasileiro e aniversariante Felipe Kitadai enfrentou o italiano Elio Verde. Foi uma luta pegada e o resultado só veio no Golden Score, quando o brasileiro garantiu a medalha de bronze para o Brasil.
Campeã dos Jogos Olímpicos de Pequim, a romena Alina Dimitru tentava o bicampeonato e para isso enfrentou uma adversária que já lhe deu muita dor de cabeça. Em cinco confrontos contra a brasileira, Dimitru venceu em apenas duas oportunidades e dessa vez enfrentava também uma dor no braço direito que a incomodava. A cada nova defesa, sentia a dor e quase foi derrotada com uma chave de braço. Sarah se aproveitou e tentou uma nova investida, que resultou em uma advertência para a romena. Dimitru sabia que se isso se repetisse, a brasileira abriria vantagem, só não esperava o contragolpe que deu o primeiro ponto para Sarah Menezes. Com o ouro na mão, Sarah administrou e ainda conseguiu um wazari, que ampliou sua vantagem. Nos últimos segundos, ela tentou um estrangulamento e iria garantir a vitória dessa forma, mas foi desnecessário. O tempo terminou e Sarah Menezes conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nesses jogos. A primeira emoção verde e amarela dos Jogos Olímpicos de Londres.