O primeiro passo talvez seja sempre o mais complicado, mas felizmente nem todos cometem erros que podem prejudicar o início de uma vida artística de futuro. Alguns podem até começar sem muita pretensão, em lugares mais baixos, o que não significa que seriam incapazes de transformar isso em experiência e principalmente em conquistas. Com um talento inquestionável, desde o seu primeiro passo Lívia Fiedler, autora de A Guardiã do Fogo, deixou claro que é questão de tempo até alcançar seu objetivo e, por isso, é preciso desde já estar De Olho Nela:
Lívia, primeiramente gostaria de agradecê-la pela confiança depositada no blog Over Shock. Minha admiração por seu trabalho iniciou ainda na leitura do primeiro conto e apenas cresceu ao conhecer outros textos de sua autoria, por isso é um prazer enorme entrevistá-la. Mas, antes disso, conte um pouco mais sobre quem é a escritora Lívia Fiedler.
Sou paulistana, criada no litoral, estudante de psicologia, tenho 22 anos, 1,73m e do signo de leão (risos).
Eu já tinha livros na minha mão bem antes de saber ler. O meu preferido era uma enciclopédia de animais que eu passava horas olhando. Li muito conforme fui crescendo e sempre fui uma pessoa muito criativa. Com 15 anos, descobri que escrever era tão divertido quanto ler, e muito do meu jeito de escrever “A Guardiã do Fogo” foi influenciado por como eu narrava os jogos de RPG com meus amigos. Escrever foi e ainda é a minha fuga da realidade, e meu jeito de contar todas as histórias que tenho guardadas só para mim.
Muitos dos personagens do livro foram baseados nos meus amigos, meu jeito de agradecer o apoio deles no início da minha jornada foi eternizá-los.
Sofri influências das coisas que mais adoro fazer como jogar, ler e assistir séries, filmes, animes e doramas, e consigo percebê-las na maior parte do tempo quando passo isso para os meus textos. Do mesmo jeito que passo experiências pessoais.
O importante para mim é contar histórias novas para quem quer viver novos mundos. Pretendo escrever livros até ficar velhinha, como também pretendo viver só da minha escrita no futuro. Esse é meu maior sonho, viver daquilo que amo fazer.

Antes de lançar o seu primeiro romance, você teve textos publicados em algumas antologias. Existe algum tipo de vantagem em iniciar uma carreira literária com esse tipo de publicação?
Sim, porque fiz amizades e contatos que provavelmente não faria se tivesse publicado direto “A Guardiã do Fogo”. Fora que foi uma dessas amizades que me ajudou a fazer a sinopse do meu romance e sou eternamente grata a essa pessoa. E a experiência é maravilhosa, os autores das antologias foram muito simpáticos. Ter um lançamento em um evento como o “Livros em Pauta”, com tantas pessoas te pedindo autógrafo, dá uma inflada na confiança. Se eu não tivesse publicado nessas antologias, provavelmente ainda não teria publicado meu romance.

Em sua opinião, até que ponto a autopublicação pode ser a melhor escolha a um escritor?
Tem dois lados da moeda. Eu gostei bastante, porque o custo saiu bem menor do que o de uma editora grande, e eu pude opinar em absolutamente tudo. A capa, o papel, a fonte, tudo! E tirando a revisão, meu livro não teve praticamente nada da história mudado. Eu fiquei muito satisfeita com o resultado final. Por outro lado, quem tem que correr atrás das vendas sou só eu. Às vezes é um pouco cansativo, mas na maior parte é bem gratificante lidar direto com o leitor. Mas para próximos livros vou considerar uma editora maior, para poder divulgar melhor meus livros pelo país.

Apesar de ter como base uma fórmula bem conhecida, “A Guardiã do Fogo” se destaca por alguns motivos. Para você, como autora, quais são os diferenciais de seu primeiro romance?
A primeira coisa que me vem à mente é a Sofia. Apesar de ela ser adolescente, e ter suas derrapadas normais da idade, considero ela uma personagem principal forte. Outra coisa que se destaca é a reviravolta no final, ninguém espera por isso, e eu quis sair dos finais clichês de livros juvenis para garotas.

Como destaquei ao resenhar “A Guardiã do Fogo”, o desfecho de sua obra é surpreendente, mas sua escolha não deixou de ser arriscada. Em algum momento você temeu que essa escolha pudesse não ser bem aceita por seus leitores?
Não cheguei a me preocupar com isso, e fiz essa escolha exatamente para não dar continuidade ao livro. Mas todo mundo me pede continuação do mesmo jeito (risos). Acho que está na hora dos livros não terem mais finais esperados, quero que meus leitores esperem por uma coisa e recebam outra completamente inesperada.

Recentemente você esteve presente na 10ª edição do Flipoços. O que você pode falar sobre a sua participação neste que é considerado um dos mais importantes eventos do país?
Foi um evento maravilhoso! Conheci outros escritores talentosos, fiz contatos com diversas pessoas da área, ganhei vários fãs e dei muitos autógrafos. É importante para as pessoas saberem que existem escritores nacionais bons, e que nem tudo que eles lêem precisa ser estrangeiro. E não só em questão de livros, havia autores independentes de mangás e hqs também.
Até houve uma passagem interessante durante a Flipoços, uma menina viu A Guardiã do Fogo, mas ela já havia comprado um livro de uma escritora estrangeira em uma das livrarias. Ela não tinha mais dinheiro, mas queria muito, muito mesmo o meu livro, porque se apaixonou por ele quando o viu. E a garota surgiu com a proposta de trocar o livro dela pelo meu. Foi um dos momentos mais altos da feira para mim, perceber que meu livro despertou mais vontade na menina do que um livro estrangeiro conhecido.
E ano que vem, participarei novamente da Flipoços.

Como você vê a relação entre editoras e escritores no mercado brasileiro? Em sua opinião, existe algo que possa ser feito para que o interesse de todos seja alcançado?
A relação não é muito boa, infelizmente. O mercado literário é mais voltado para livros estrangeiros, e se você não tiver bastante dinheiro, você não consegue publicar em uma editora grande. Até existem editoras que publicam sem você precisar pagar, mas são muito poucas, e uma boa solução é a autopublicação. Falta interesse das grandes editoras nos escritores iniciantes. Agora, uma solução... essa é um agravante. Com o aumento do dólar, acho que as editoras talvez resolvam investir mais em nacionais, é provável sair mais barato do que trazer livros estrangeiros.
Mas solução talvez seria as editoras pegarem para seu time de escritores aqueles que elas percebem que estão começando a fazer sucesso e que tem um futuro promissor. Isso talvez não abranja todos os escritores bons, mas podemos abrir um leque bem maior de visualização e oportunidade para os brasileiros.

Jogo Rápido.
Psicologia: Hobby
Amores (Im)possíveis, Ponto Reverso e Utopia: Orgulho
A Guardiã do Fogo: Primeiro filho
Sofia: Alter ego
Inspiração: A vida, as pessoas e suas complexidades
Futuro: Participar de várias feiras literárias pelo Brasil
Sonho na Literatura: Participar da Bienal do livro de São Paulo
Próximo Projeto: Escrever sobre o folclore brasileiro
Blogs Literários: Os Piratas da Literatura

Espero que tenha gostado da entrevista, Lívia. Como disse anteriormente, foi um prazer entrevistá-la, assim como a oportunidade de realizar a leitura da sua obra. Para encerrar, deixo o espaço aberto para que mande sua mensagem aos leitores do blog Over Shock.
Acho que essa foi a intrevista mais profunda que eu dei até agora e fiquei muito feliz por respondê-la. Aos leitores do Over Shock: se existe algum escritor entre vocês, não desista nunca! Escrever é uma tarefa difícil, mas que carreira não é difícil? E para os leitores, dêem mais valor aos livros/escritores nacionais. É melhor estimular a cultura do seu próprio país do que de algum outro país aleatório. E continuem lendo!

2 Comentários

  1. Olá Ricardo!
    Adorei a entrevista com a Lívia e ver que ela começou com contos também.
    Achei-a bem simpática. E essa mensagem do final foi <3
    Beijos!

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