Quando finalmente voltará a ser como nunca foi, Joachim Meyerhoff, tradução de Karina Jannini, 1ª edição, Rio de Janeiro-RJ: Valentina, 2016, 352 páginas.
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Um livro que se passa dentro de um hospital psiquiátrico não é algo que se vê todos os dias, mas, se esse livro tem como protagonista uma criança, ele se torna ainda mais especial. Talvez esse tenha sido o motivo de Quando finalmente voltará a ser como nunca foi ter despertado a minha atenção tão logo o seu lançamento foi anunciado.
Escrito pelo alemão Joachim Meyerhoff, a obra é narrada em primeira pessoa pelo filho mais novo do diretor de um hospital psiquiátrico para crianças e jovens. Por morar com a família nesse hospital, o protagonista vive cercado por centenas de pessoas com algum tipo de deficiência física e mental, mas esse está longe de ser um problema. O verdadeiro problema está dentro de sua própria família e ele passa o tempo inteiro tentando aprender a lidar com isso.
O cartão de visitas de Meyerhoff não poderia ser melhor com o capítulo inaugural de seu primeiro livro publicado no Brasil. Logo no início ele mostra a importância de um primeiro capítulo perfeito, afinal em poucas páginas consegue dar uma amostra de suas principais características e ainda criar um gostinho de quero mais. No entanto, logo no capítulo seguinte ele já despeja um balde de água fria. Não que tenha se tornado ruim, mas a necessidade de apresentar tudo o que cerca a vida do protagonista acaba deixando os capítulos seguintes confusos e sem o brilho extremo das primeiras páginas.
O que acontece no início é apenas o prenúncio de como será o livro como um todo: cheio de altos e baixos. Não é possível saber quando um capítulo ótimo será seguido por um do mesmo nível. Isso acontece porque a história nada mais é do que um relato do dia a dia do protagonista e, como em uma família normal, a sua família também tem dias de grandes emoções e outros completamente sem graça, com situações que poderiam facilmente serem descartadas se não fossem tão importantes para o desenvolvimento do narrador.
Embora fique claro desde o início a importância do desenvolvimento, não dá para ter certeza onde o autor realmente quer chegar, o que se torna um problema: por não existir um grande conflito a ser resolvido, pelo menos não no sentido literal da palavra, sempre há a expectativa do que tão importante vai acontecer a seguir e vez ou outra a espera não vale a pena. Digo isso porque demora um bom tempo para finalmente acontecer uma sequência de situações marcantes. É mais para o final do livro que largá-lo se transforma em uma missão quase impossível, mas a essa altura tudo acaba sendo muito rápido.
Diferente do que esperava, essa obra não é forte a ponto de causar grandes emoções, mas ela é intensa como poucas e o principal motivo vem da narrativa de Joachim Meyerhoff. O escritor aborda a profundidade de seu protagonista, que leva o seu próprio nome, e as suas loucuras que se complementam com as loucuras que o cercam, como a rotina inusitada de uma família diferente e ao mesmo tempo tão igual a todas as outras espalhadas pelo mundo.
Em meio as incertezas da narrativa e as loucuras das personagens, Joachim, o protagonista, está sempre acompanhado da ira em sua busca pela compreensão de tudo. Assim ele encara a estranheza de encontrar um homem morto, as dúvidas de descobrir segredos de seu pai e as tristezas das mudanças e perdas em sua vida. Isso tudo está longe de representar uma obra perfeita, porém significa que existem coisas boas que merecem a atenção, em especial quando não apenas o livro evolui, como também você passa a se sentir parte da família.
“É claro que eu sabia muito bem que estava mentindo, mas para mim era como se a história tivesse vida própria e a minha responsabilidade de satisfazê-la mostrasse que eu era digno dela. Afinal, quem costuma encontrar um morto? Eu queria de todo jeito que esse acontecimento extraordinário se sentisse bem comigo, queria que ficasse ao meu lado; por isso, eu não economizava em presenteá-lo com guirlandas e arabescos” (pág. 20).
Olá Ricardo tudo bem?
ResponderExcluirEsse é mais um livro que fico conhecendo aqui, não gostei da capa mas achei a premissa interessante, gosto do gênero e espero poder ler e espero que lancem com outra capa...kkk....abraço.
devoradordeletras.blogspot.com.br
Tanto o título, quanto a capa, quanto a primeira frase da sua resenha me deixaram sedenta pelo livro. No entanto, foi esfriando conforme avancei no seu texto. Embora o contexto seja interessante, creio que não teria paciência para as partes lentas do livro.
ResponderExcluirGislaine | Paraíso da Leitura
Olá Ricardo!
ResponderExcluirNunca tinha ouvido falar deste livro. Até me interessei por ele, mas achp que ficaria saturada com as situações mais rotineiras dele.
Beijos!