Cobra Norato, Raul Bopp, ilustrações de Ciro Fernandes, 30ª edição, Rio de Janeiro-RJ:
José Olympio, 2016, 96 páginas.
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O desejo de corrigir um antigo erro pessoal foi o principal motivo que me levou a decidir pela leitura de Cobra Norato, porém ela foi muito aquém do esperado e pelas mesmas razões que me fizeram cometer o erro supracitado, o que me faz questionar se realmente devo considerar que tenha errado no passado.

Quando digo tudo isso me refiro ao fato de em outras oportunidades, ainda no período escolar, ter abandonado leituras tidas como importantíssimas para a Literatura brasileira. Hoje vejo que ter abandonado alguns clássicos pode ser visto como um grande pecado literário, mas tenho a certeza que faria exatamente a mesma coisa com Cobra Norato se tivesse iniciado a sua leitura na época em que era obrigado a fazê-lo. Isso porque, embora tenha uma ótima premissa, não é uma leitura que prende a atenção. Muito pelo contrário.

Esse é um poema de grande importância para a primeira fase do modernismo brasileiro e tem como enredo a trajetória de um ser lendário que sai em busca de sua amada, mas para alcançar o seu objetivo precisa enfrentar uma série de provações e vencer diversos desafios. Na teoria essa é uma história que poderia render ótimos momentos de prazer literário, em especial por explorar um pouco do rico folclore brasileiro, mas na prática ficou bem distante do esperado.

Como poema épico, a qualidade de Cobra Norato é indiscutível, afinal se nem todo grande escritor se dá bem em textos em verso, contar uma história deste modo deve ser uma missão ainda mais difícil e consequentemente para poucos. Mas se por um lado a força dos versos de Raul Bopp torna tudo muito vivo e por isso verdadeiro, por outro impede a existência de algum atrativo para pessoas que não podem ser vistas como o público alvo da obra. Pelo menos foi a impressão que tive ao chegar ao fim da leitura e perceber que nada foi tão especial quanto seria uma prosa com a mesma temática; cheguei ao fim e a sensação era de não ter absorvido absolutamente nada.

Por mais que não explore os atrativos de seu enredo de modo que agrade gregos e troianos, não dá para negar que a essência da obra de Bopp está na mitologia amazônica e isso ressalta como, mesmo passadas tantas décadas desde a publicação original, essa ainda tem muito a ser explorado na literatura brasileira. Em uma época em que muitos autores copiam dos gringos, talvez Cobra Norato pudesse servir de inspiração para a construção de uma literatura regional por nossos escritores. Por mais que a leitura nada tenha me agradado, não dá para esconder o potencial que esse poema pode despertar. Basta que ele caia nas mãos das pessoas certas.

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