Era 14 de março do ano de 1847 que nascia Antônio Frederico de Castro Alves, um dos maiores poetas que essas terras já viu. Baiano, Castro Alves perdeu a mãe cedo, e no colégio que daria os primeiros passos para entrar na história da literatura brasileira, e aos 17 anos, escrevia os primeiros versos.

Mesmo sendo uma pessoa considerada fina, Castro Alves, que viveu quando ainda existia a escravidão no Brasil, pode entender a angustia dos escravos, que tinha uma vida díficil. Foi com essa sensibilidade, que começou a escrever sobre a vida dos negros, encontrando na poesia uma forma de protesto, e por isso é conhecido até hoje como o poeta dos escravos.

Um dos poemas mais conhecidos da história de Castro Alves, é O Navio Negreiro, escrito em São Paulo, quando tinha cerca de 22 anos de idade. Nesse poema, dividido em seis partes, descreve a vida terrível dos escravos que vinham nesse navios para o Brasil.

A literatura perdeu esse grande nome precocemente, quando o mesmo ainda tinha 24 anos. Sofrendo de tuberculose desde os 16 anos, faleceu no dia 6 de julho de 1871, em Salvador, Bahia. Até hoje é lembrado, e estudado. É o patrono da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, que já foi ocupada por Euclides da Cunha e que hoje é ocupada por Nelson Pereira dos Santos. Além disso, é o nome de uma cidade baiana, que é situada na região onde o poeta nasceu.

Graças a maestria de Castro Alves, o Brasil comemora nesse dia 14, o Dia Nacional da Poesia, onde a tag #DiaDaPoesia está sendo bastante comentada no Twitter. Pessoas no microblog lembram dos poemas de Castro Alves, como de outros nomes da poesia brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana e outros.

Trecho de O Navio Negreiro

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.


'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

Deixe um comentário