Eduardo Martins no segundo desfile da PJ em 2011
Hoje começamos mais uma seção aqui no OverShock: De Olho Neles. Como o próprio nome já diz, nessa nova seção estaremos de olho nas pessoas que possam mostrar algo interessante sobre diversos asssuntos, e como ainda estamos no carnaval, nada melhor do que começar com alguém que entende e está ligado nesse carnaval. Para estreiar o De Olho Neles, Eduardo Martins, membro da minha escola - onde já desfilei diversas vezes, duas vezes ao lado dele - e que gentilmente contou um pouco mais sobre a Unidos da Pinhal Jardim. Vamos ao que interessa então:

OverShock - Bom Eduardo, sendo um membro da escola, conte um pouco sobre a história dela para os leitores do OverShock.
Eduardo - Fundada em 1994 dentro da Associação de Amigos e Moradores do Bairro Vila Pinhal Jardim, com o objetivo de promover cultura e levar uma escola de samba com a cara do povo à avenida, o primeiro desfile foi em 1995 com 619 integrantes e com o enredo falando sobre “Povo Cigano”. Fim hahahaaha

OverShock - Qual tua função na escola?
Eduardo - Sou auxiliar dos carnavalescos, esse ano me dediquei ao preparo das fantasias de destaques e da comissão de frente, porém, em anos passados, fui o responsavel junto com os encarregados de aprontar os carros alegoricos.

OverShock - Em 2011 a Pinhal Jardim faz o 16º desfile em sua história. Qual é e como surgiu a ideia do enredo para esse ano?
Eduardo - O Samba Enredo de 2011 é “Lenda da Mantiqueira – o amor Tupi pelo deus Sol”. O samba enredo foi  apontado por mim ao presidente da escola que logo acatou. Tomei como base o espetáculo A LIGA DA NATUREZA da trupe TAC, no ano de 2010, dentro desse espetáculo, a lenda da serra da mantiqueira era descrita muito originalmente, foi o que me cativou e me levou a sugerir o enredo para 2011. O enredo foi decidido no sofá da casa do presidente José Marcos (risos).

OverShock - Conte a história dessa lenda pra quem não poder prestigiar o desfile da escola nessa terça-feira, último dia de desfile.
Eduardo - Conta a lenda que vivia uma princesa encantada da Bravo Tribo Guerreira do Povo Tupi. Seu nome o tempo esqueceu, de seu rosto a lembrança perdeu; só se sabe que era linda. Era tão linda que todos a queriam, mas ela não queria ninguém. Vira homens se matarem por vê-la. Tacapes velozes triturando ossos, setas certeiras cortando carnes. Como poderiam amá-la se não amavam a sí próprios? A Bela Princesa se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro, que vivia lá em cima, no céu, caçando para Tupã. Mas o Sol, ao contrário de tantos príncipes, não queria saber dela. Não via sua beleza, não escutava suas palavras nem detinha para tê-la.Mal passava, cálido, por sua pele morena, sua tez cheirando a flor, mal acariciava seu pelos negros, suas pernas esguias, e, fugaz, seguia impávido a senda das horas e das sombras. Mas ela era tão bonita que senti-la nua, seus pequenos túrgidos seios,  seus lábios de mel e seiva, sua virginal lascívia, acabaram também encantando o Sol. E o Guerreiro de Cocar de Fogo fazia horas de meio-dia sobre o Itaguaré. A Lua, mal surgia sobre a serra, já sumia acolá. Logo, não havia noite. O sol não se punha mais e não havia sono, e não havia sonho, e tão perto vinha o Sol beijar a amada que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais. De tênues penugens de prata, plumas alvas de cegonhaçu, a Lua viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher. E tanto, de tanto que Tupã quis saber o que era, que a Lua, cheia de ódio, crescente de ciúme, minguando de dor, se fez um novo ser de noite-sem-lua e foi contar tudo para Tupã. Como uma simples mulher ousou amar o Sol ? Como o Sol ousou deter o tempo para amar alguém ? Que ele nunca mais a visse ! Mas o Sol tudo vê ! ... Tupã ergueu a maior montanha que existia e lá dentro encerrou a Princesinha Encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor do seu amado, chorou miríades de estrelas, constalados e prantos de luz. Mas nenhum choro foi tão chorado como a da Princesinha, tão bela, que nunca mais pôde ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol... Ela chorou rios de lágrimas, rio Verde, Rio Passa Quatro, Rio Quilombo, Rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, vibeiras, enchentes, corredeiras, bicas, mananciais. Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou Amantigir, a "Serra-que-chora", Mantiqueira, a montanha que a cobriu... Conta a lenda que foi assim.

OverShock - E a confecção desse carnaval. Começou quando e como foi feito?
Eduardo - Começamos logo no primeira quinzena de janeiro, só nao começamos antes pelo fato de dependermos da verba municipal, que foi disponibilizada apenas nessa segunda quinzena de janeiro. O trabalho foi dividido e cada responsavel trabalhou para que seu setor tivesse sucesso imediato.

OverShock - O que a população pinhalense pode esperar da Pinhal Jardim?
Eduardo - O enredo fez com que trabalhassemos muito forte com plumas. Esperem fantasias luxuosas, uma comissao de frente coreografada e rica em fantasias, carros alegoricos acima dos padrões esperados por Pinhal e acredito eu que no limite que a avenida comporta e um desfile muito animado e com raça.

OverShock - O que já é tradição da escola nesses 16 anos certo?
Eduardo - Com certeza. A ousadia é tradição predominante!

OverShock - Os integrantes são importantíssimos para a harmonia da escola, como você vê a 'empolgação' do componentes para esse carnaval?
Eduardo - Os foliões estão assustados com a chuva, porém, o amor ao desfile e à escola deve superar. Acredito eu que quem for a avenida seró por vontade própria e amor àquilo que faz.

OverShock - O carnaval pinhalense - em relação as escolas de samba - está cada vez mais prejudicado, você acha que isso é devido a algo?
Eduardo - a prefeitura tem investido. O que prejudica é a falta de costume da população em participar. As escolas de samba este ano estão com média máxima de 180 foliões cada. Não adianta investimento sem participação popular. Cada escola tem capacidade para receber ate 500 folioes.

OverShock - Para você, o que a escola representa na sua vida?
Eduardo - Eu terminei minha infancia na escola de samba. Logo quando me mudei para o centro da cidade. A comunidade por ficar próxima ao centro me atraiu com o enredo de 2011 sobre Harry Potter, série que acompanho desde sempre e estou lá a seis anos

OverShock - 2011? rsrs
Eduardo - Desculpe. Enredo de 2005.

OverShock - Ah sim kkkk Acontece. Bom, muito obrigado Zé Eduardo e gostaria que você deixasse suas últimas palavras para todos os leitores do blog OverShock.
Eduardo - Espero que tenham gostado de ler sobre detalhes de um escola de samba pinhalense, para esclarecer mais dúvidas, ofereço meu MSN (dumartins_flautista@hotmail.com) e meu Twitter (@ozezinho) para que possam vir mais perguntas. E eu peço para que você internauta ajude a preservar essa cultura das escolas de samba para que o nosso carnaval pinhalense nao se extingue. Precisamos de pessoas na avenida, de corações batendo junto à nossa bateria!  Bom carnaval a todos!

Então faço das palavras desse membro da minha escola do coração, as minhas palavras, e peço que não deixem essa festa tão linda que é o desfile das escolas de samba de Espírito Santo do Pinhal, acabar.

Deixe um comentário