1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil, Laurentino Gomes, 3. edição, São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2009, 408 páginas.
História com uma escrita fácil e que desperta muito interesse no assunto. É assim que se resume 1808, escrito pelo jornalista Laurentino Gomes, e lançado originalmente em 2007, que já vendeu mais de meio milhão de exemplares. O paranaense Laurentino Gomes, que já trabalhou como repórter e editor para os principais meios de comunicação do país, vive em São Paulo desde 1998. Em 2008 ganhou o Prêmio Jabuti nas categorias 'categoria de livro-reportagem' e 'livro do ano de não ficção', neste que é considerado o prêmio mais tradicional da literatura nacional.
Em 1808, nos deparamos com a história escrita de uma forma, completamente diferente de tudo aquilo que já vimos nos vários e vários livros didáticos que nos acompanha na vida escolar. Graças a essa leitura fácil, descobrimos coisas que até então passavam despercebidas pelo simples fato de não haver interesse pela história do nosso próprio país. No livro, qualquer um pode virar especialista nesta história, até mesmo o mais leigo no assunto.
Dividido em 29 capítulos, o livro se foca na vinda do medroso Dom João VI ao Brasil, depois fugir do todo poderoso na época, Napoleão Bonaparte. Ao longo das 310 páginas escritas, o autor nos mostra o verdadeiro motivo dessa fuga, como foi a longa e dura viagem que a corte real enfrentou até chegar em solos americanos, a vida de Dom João VI e sua família no Brasil, a importância que este teve para que o Brasil seja hoje um país de fronteiras totalmente definidas, e de extrema importância para a América Latina, e por fim, a volta da corte à Portugal. Segundo os estudos de Laurentino, caso a família real não viesse para cá "Esse Brasil dividido em pedaços autônomos nem de longe teria o poder e a influência que o país exerce hoje sobre a América Latina. Na ausência de um Brasil grande e integrado, o papel provavelmente caberia à Argentina, que seria, então, o maior país da continente [...] Na escola, quando abrissem seus livros de Geografia, as crianças gaúchas aprenderiam que a floresta amazônica é um santuário ecológico de um país distante , situado ao norte, na fronteira com a Colômbia, a Venezuela e o Peru" (pág. 289).
Além de nos depararmos com fatos importantes tanto da história brasileira, como da portuguesa, descobrimos como era o verdadeiro João VI, e vemos que para ser rei, ou no caso de João, príncipe regente, não é necessário ser diferente. A famosa Carlota Joaquina, que a maioria conhece por sua infedilidade, também é retratada de forma completa. Claro que não é só a família real, a primeira a deixar a Europa para morar nas colônias, que Laurentino nos mostra. Conhecemos a figura de Luiz Joaquim dos Santos Marrocos, o arquivista real de suma importância na estadia da corte no Brasil, e que no último capítulo tem um um segredo. (Confesso que esse regredo foi um pouco decepcionante para mim, mas não deixa de ser importante). Dificil dizer se a parte mais interessante é a fuga, a viagem ou ainda a vida de toda a família real no Brasil, já que todos eles mostram pontos as vezes até engraçados, como a história 'do banheiro portátil' de nosso príncipe regente. Escravos, cerimônias, pessoas importantes, também são muito bem retratadas no livro.
Os adoradores de arte também vão apreciar o livro, que conta com diversas pinturas que retratam a época. Uma dessas obras é inclusive o famoso quadro de Manuel Dias de Oliveira, que hoje encontra-se no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, e mostra um dos mais controversios casal da história brasileira: D.João e Carlota Joaquina.
Para todos que se interessam por uma boa história, 1808 é fantástico e indispensável na estante de quaquer um. Ao chegar ao fim, dá um gostinho de quero mais, e é temos um pouco mais no segundo livro de Laurentino, lançado recentemente, mas isso é um assunto para outra hora. Vale lembrar que para escrever o livro, precisou de um longa pesquisa de 10 anos, mas que com certeza é valeu muito a pena.
Ainnn adoooro história e já sou louca para ler esse livro, depois de ler essa resenha então... Crazy, very crazy...
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