Palavras Envenenadas, Maite Carranza, 1ª Edição, Ribeirão Preto, Novo Conceito, 2011, 264 páginas

O Prêmio Edebé faturado pelo livro Palavras Envenenadas, da escritora espanhola Maite Carranza, é pouco para o que o livro realmente é: sensacional. Antropóloga, Maite Carranza nasceu em 1958 em Barcelona, trabalhando como professora antes de se dedicar totalmente aos livros. Até hoje, Carranza publicou mais de 40 títulos, muitos deles com diversos prêmios, como é o caso de Palavras Envenenadas. A forma como a autora escreve a trama deste livro, faz com que os leitores a todo momento busquem a verdade, muitas vezes se entregando totalmente ao livro.

Barbara Molina era uma garota de 15 anos quando desapareceu misteriosamente. Não havia nenhuma pista que pudesse apontar quem poderia ter feito isso com menina. Mesmo depois de quatro anos, o subinspetor Lozano, responsável pelo caso, continuava na estaca zero, até que no último dia antes de se aposentar, diversas coisas acontecem: uma ligação, e uma conversa com seu futuro substituto, que mudam a forma com que Lozano vê o caso. Essa ligação indica que Barbara ainda esta viva, e a conversa mostra para Lozano que há muitas coisas que passaram despercebidas.

Como disse, tudo acontece no último dia de Lozano como subinspetor, como também, responsável pelo caso. Ao longo das 264 páginas, a autora nos mostra fatos, por diversos ângulos. Cada capítulo conta a história na visão de alguém: Bárbara, sua ex-melhor amiga Eva, o subinspetor Lozano e a mãe de Barbara, Nuría. Em cada capítulo, descobrimos coisas de Barbara que podem ajudar na hora de identificar o que de fato aconteceu com ela. Há cada capítulo, novas pistas surgem apontado para um possível sequestrador/assassino. O namorado? O professor? O tio? Algum desconhecido? O que mais intriga, e aumenta a vontade de terminar de ler o livro é isso: nunca permanecemos muito tempo com a certeza do que de fato aconteceu.

Além de ser uma ótima e intrigante história, Carranza nos mostra personagens diferentes, mas com o mesmo sentimento de culpa. O que a mãe poderia ter feito para evitar que esta tragédia acontecesse. Ser mais presente? Ser mais amiga? Ter maior autoridade? E o que poderia acontecer se o responsável pelo caso não deixasse alguns fatos importantes de lado? E se a amiga tivesse tratado Barbara de forma diferente? Será que se Barbara não tivesse cometido alguns erros de adolescentes, tudo teria sido diferente? São coisas que ficam martelando na cabeça do leitor, que a única coisa que quer é saber a verdade.

Ao final do livro, que é de certa forma surpreendente, nos perguntamos quantas pessoas com a mesma história de Barbara estão vivendo anos e anos desaparecidas graças a simples palavras que envenenam, literalmente. Palavras estas que muitas vezes são colocadas de uma forma que induz a pensarmos que é real, mas na verdade fica longe disso. Simples palavras podem mudar vidas, e nesses casos as palavras valem mais do que a imagem do sofrimento. Um livro simples de se ler, mas muitas vezes podem parecer dificil de se entender. Entender o porque tal coisa acontece, não só na ficção criada por Carranza, mas também na vida real.

Palavras Envenenadas é um livro intrigante e muito bem escrito. Este, apesar de ser o primeiro que leio, mostra o porque ela é tão querida não só pelos fãs ao redor do mundo, mas também pelos críticos. Recomendadíssimo para todos os tipos de leitores, até por que, qualquer pessoa vai se identificar e querer, se possível, mudar o final da história, que como eu disse, é surpreendente.