A literatura possui diversos segmentos, sendo que um deles tem como objetivo entreter o leitor. Essa é a missão da República dos Escritores, um grupo que possui seis fundadores e mais de 20 cidadãos. Seguindo os mandamentos republicanos, a República dos Escritores tem alguns projetos que visam o incentivo a leitura. Um dos fundadores lançou o livro 72 Horas para Morrer (Resenha), pela editora Novo Século. Um livro que prende a atenção desde o início e é capaz de deixar o leitor sem fôlego, por isso o autor conquistou diversos fãs. Ricardo Ragazzo é um dos grandes escritores da atual literatura brasileira e agora estamos De Olho Nele:
Revista Fantástica

Over Shock - Bom dia Ricardo Ragazzo, primeiramente gostaria de agradecer por essa entrevista, e novamente te parabenizar pelo trabalho no seu livro 72 Horas para Morrer. Vamos lá então: acredito que a maior curiosidade dos leitores é saber um pouco da vida do escritor, fora das páginas de seus livros, então nos conte um pouco como é o Ricardo como pessoa, pai e amigo.
Ricardo Ragazzo - Nada mais comum. Sou casado com uma mulher espetacular e companheira, pai de um menino lindo e esperando uma garotinha para novembro desse ano. Tenho um beagle chamado Frederico Humberto e trabalho como administrador de empresas. Sou formado em Direito, mas reneguei a profissão.

Over Shock - Você é bacharel em Direito e agora publicou o seu primeiro thriller. Você trabalha com isso ou está se dedicando apenas a vida de escritor? E quais são as suas pretensões a partir de agora, que lançou um livro incrível como 72 Horas para Morrer?
Ragazzo - Infelizmente, ainda não. Existem talvez 100 pessoas no Brasil que podem se dar ao luxo de viver apenas da Literatura de ficção. Eu, certamente, ainda não sou uma delas. Mas sou persistente e já tracei meu “5 year-plan” na cabeça. Pretendo viver disso em breve. O 72 horas para morrer é a ponta do iceberg somente.

Over Shock - Antes de falar sobre o seu livro, vamos falar sobre a República dos Escritores. Você é um dos fundadores certo? Afinal, o que é, como surgiu a ideia e qual o objetivo da República?
Ragazzo - A República é formatada em cima do que entendemos ser os três vértices do triângulo literário: Promoção, Socialização e Profissionalização. A Promoção seria a união das plataformas de diversos autores, criando uma base de divulgação forte e ampla. Hoje somos 6 fundadores e mais de 20 cidadãos. Temos no grupo todo tipo de literatura, desde infantil e infanto-juvenil até obras de não-ficção. O que importa para nós não é o gênero da obra, mas a visão do autor em entender que há a necessidade de criarmos obras cada vez mais profissionais para o mercado.
Já a Socialização tem como fundamento principal levar a literatura nacional até onde ela jamais chegaria sozinha, criando e formando novos leitores. O nosso programa Bolsa-Livro trata dessa questão que consideramos primordial para o grupo. Em parceria com blogs, formaremos uma corrente na qual a cada dois meses o blog que mais falar sobre República e divulgar nosso trabalho ganhará uma Arca de Livros Republicanos para ser doada a qualquer entidade carente ou pública de sua escolha. Se pudermos comparecer ao evento melhor, senão o próprio blogueiro faz a cobertura e depois divulgamos nosso trabalho juntos. Blogueiros sérios são parceiros incríveis e essenciais para a nossa literatura e queremos valorizar isso também.
Por último, a Profissionalização. O Escritor brasileiro é considerado o mais criativo do mundo em muitos países. Entretanto, por aqui, nós usamos apenas o talento para criar nossas histórias. E talento, embora fundamental, pode não ser suficiente. Há técnicas de estruturação de texto capazes de transformar um bom texto em algo excepcional. É sobre isso que a República fala. Tivemos acesso a um universo de técnicas e achamos que é nosso dever espalhar isso aos quatro cantos do mundo literário.
Criamos os 10 Mandamentos Republicanos (http://republicadosescritores.com.br/?page_id=91) para ajudar quem está começando, a entender como funciona um pouco dessas técnicas. Demos uma palestra na Bienal do Rio sobre os Mandamentos e agora tornaremos esses eventos mais regulares. Para nós espalhar conhecimento é fundamental. Nosso meio não tem que ser competitivo. Um livro brasileiro de sucesso ajuda todos os outros autores. André Vianco, por exemplo, é um pioneiro que abriu portas para todos nós. Quanto mais sucesso ele faz, melhor para cada um dos autores brasileiros.

Over Shock - Além de promover a literatura nacional, a República também possui alguns projetos. Conte-nos um pouco sobre eles.
Ragazzo - Já comentei sobre o Bolsa-Livro na pergunta acima, então vou falar um pouco mais dos outros dois. Teremos o Bilhete Único que nada mais é que o conhecido booktour, mas que conosco terá algumas pequenas diferenças. Trabalharemos com 8 blogs dividos em 4 regiões – 1) São Paulo e Rio; 2) Sul; 3) Norte e Nordeste e 4) Centro-Oeste, Minas e Espírito Santo. Enviaremos 2 livros para cada região e ao final da corrente sortearemos os dois livros entre os blogs que participaram do processo. Ou seja, o blog tem 50% de chance de ficar com o livro. Aí, no próximo livro, quem não ganhou passa a ganhar e assim vai.
O terceiro programa é o Meu livro, minha vida – Tutor Republicano. Queremos pegar aquele autor iniciante que está bem cru e ajudá-lo a ter contatos com as regras que conhecemos. O autor se inscreve no programa e bate um papo sobre regras com um dos fundadores. Começa, então, a criação de um conto que será publicado ao final do ano em uma Antologia da República. Algo simples, mas que pode servir de luz para muita gente. Quando eu comecei, daria tudo para encontrar algo assim. Até porque não cobramos nada por isso.

Over Shock - Você é também um dos organizadores da antologia Tratado Secreto da Magia – Volume II, da Andross Editora. Esse é o primeiro trabalho que você organiza, ou já trabalhou em outras antologias? Se sim, fale um pouco sobre elas.
Ragazzo - Ajudei a organizar a antologia Histórias Envenenadas – Contos de fada de terror. O Lançamento foi no início de agosto em uma festa da Andross muito legal. Vou também organizar uma terceira antologia entitulada Adrenalina – contos de tirar o fôlego. Acho esse um processo interessante para ter contato com outros escritores iniciantes.

Over Shock - Quando surgiu a ideia de escrever 72 Horas para Morrer?E como foi o trabalho desde a escrita até a publicação? Encontrou alguma dificuldade?
Ragazzo - A ideia do livro surgiu dentro do carro, enquanto ia para o trabalho. Estacionei no acostamento da Rodovia Castelo Branco e comecei a anotá-la no bloquinho de ideias que carrego no carro. Foram 5 meses para terminar o que chamamos de Versão Zero do livro. Depois passei mais 8 meses entre revisões e mais revisões (4 no total) e envio para uma revisora profissional e leitora crítica. Só então enviei para a Editora. Não dá para terminar seu livro, e já enviar o manuscrito. Sua imagem está colada naquilo. Sempre haverá outras pessoas que enviarão obras mais bem talhadas, aí quem teve pressa acaba dançando. Terminei meu livro em dezembro de 2009 e só mandei para a editora em setembro de 2010, depois da bienal de SP. Em janeiro de 2011 recebi a aprovação deles e a notícia que seria publicado.

Over Shock - Você definiu o Júlio Fontana como um personagem complexo, e ele, muitas vezes têm algumas atitudes, eu diria, impensáveis. Há alguma característica do Ricardo Ragazzo, no Júlio Fontana?
Ragazzo - O Júlio faz coisas que eu pensava fazer quando mais jovem. Muitas vezes me segurei para não fazer algo semelhante em virtude de um temperamento infantil da época. Hoje, mais maduro, não sou mais assim. Penso 10 vezes antes de fazer alguma coisa. O Julio tem um pouco da minha revolta adolescente adaptada em uma realidade mais adulta. O Julio é um homem sem filtro, e o mais paradoxal disso tudo é a profissão que ele exerce apesar do seu temperamento.

Over Shock - Há diversos casos polêmicos no seu livro, como por exemplo, uma adolescente ‘se relacionando’ com um homem que poderia ser seu pai. Como os leitores têm visto esses assuntos, que apesar de já serem comuns, ainda causam espanto?
Ragazzo - Engraçado, mas não venho enfrentando problemas em relação a isso. Até porque tudo basicamente fica em um plano platônico. O livro chega a um grau de tensão tão alto que as pessoas acabam presas à trama e não questionam essas coisas. Mas meu objetivo com esse livro foi sempre criar polêmica, como acho que deve ser todo primeiro livro de um autor. Se bem feito, mesmo que a pessoa não concorde com aquele ponto de vista, ela acaba absorvendo o assunto e seguindo em frente.

Over Shock - O final de 72 Horas para Morrer também é um tanto quanto polêmico, e você já me disse que essa era uma das premissas. Você acha que alguns leitores podem ver esse final com maus olhos, ou que, assim como eu, a grande maioria goste disso que você criou?
Ragazzo - Quando começamos a entender o funcionamento do mercado editorial começamos a perceber que toda obra boa tem 33% de fãs incondicionais, 33% de pessoas que a odeiam e 33% que podem pender tanto para um lado ou para outro. Bons autores correm atrás desses 33% ainda indiferentes. Eu, por exemplo, faço parte dos 33% que não gostaram de Harry Potter. Acho a obra brilhante, o mundo fantástico, mas a trama não me prende e eu não sei dizer a razão. O livro tem tudo que uma obra de sucesso precisa ter. Acredito muito nessa porcentagem para o meu livro, mas o que me surpreendeu é que pessoas que tinham tudo para odiá-lo, têm demonstrado o oposto. Hoje, posso afirmar que a maioria das pessoas que leram e se manifestaram, gostaram do que viram.

Over Shock - Você também me disse que já está trabalhando no seu próximo livro certo? O que pode adiantar os Overshoquenses, sobre esse novo trabalho?
Ragazzo - Vou me aprofundar no realismo fantástico, mas abordar uma temática diferente das vistas até agora. Quando as coisas estiverem mais concretas, venho aqui falar um pouco mais sobre isso.

Over Shock - Jogo rápido:
Nome Completo: Ricardo Ragazzo                   
Cidade/Estado: São Paulo/Capital
Data de Nascimento: 31/05/1975
Estado Civil: Casado
Time: Corinthians
Profissão: Administrador
Estilo de Música: Heavy Metal e nada mais.
Prato Preferido: Feijoada e Strogonoff
Filme: Um Sonho de Liberdade
Autor: Stephen King
Frase: Uma que adaptei para o mundo corporativo: “Chega atrasado quem pode, e na hora quem tem juízo”.

Over Shock - Bom, é isso Ricardo. Agradeço novamente por essa entrevista, espero que você tenha gostado de responder minhas perguntas, e espero também que os leitores gostem de suas respostas. Para encerrar, deixe um último recado para os leitores. Obrigado xará.
Ragazzo - Eu que agradeço a você e ao Over Shock. Quero aproveitar esse espaço para comunicar que o 72 horas para morrer também embarcará para terras lusitanas ainda esse ano onde será publicado junto com as obras de mais dois autores republicanos, Felipe Colbert – Ponto Cego, e Chico Anes – O Veneno de Eva.
E aos leitores do blog um aviso: Pior do que conhecer um Serial Killer, é um Serial Killer conhecer você!
Abrazzo Ragazzo