Em agosto, o mestre Jô Soares levou em seu programa diário os irmãos, e músicos, Taïs Reganelli e Henrique Torres, que na primeira música já chamou minha atenção, apesar de tocarem um estilo de música que até então eu não era muito fã. O programa acabou e não demorei a procurar um pouco mais sobre a dupla e fui surpreendido com músicas fantásticas. Desde então, Taïs Reganelli e Henrique Torres estão sempre na minha playlist, devido a divulgação que fazem pela internet em diversos sites próprios para isso.
Depois de um tempo, entrei em contato com a Taïs, que foi muito simpática e aceitou meu convite para ser uma das entrevistadas do De Olho Neles, e quis o destino que essa entrevista fosse para o especial de fim de ano, o que engrandece ainda mais o final do segundo ano do blog.
Na entrevista abaixo, Taïs Reganelli conta um pouco sobre sua vida e seu trabalho, dá opinião sobre o atual cenário musical brasileiro, entre muitas outras coisas. Espero que todos aproveitem, pois como já deve ser perceptível, é uma entrevista muito mais do que especial para mim. Sem mais delonga, fique de olho em Taïs Reganelli:
Over Shock - Olá Taïs Reganelli, gostaria de dizer que é uma honra enorme poder estar lhe entrevistando, principalmente por você ser uma pessoa e cantora que admiro desde que conheci, alguns meses atrás. Apesar de alguns dos nossos leitores já lhe conhecerem, conte-nos um pouco sobre quem é Taïs Reganelli.
Taïs Reganelli - Olá! Eu é que agradeço. Tão difícil falar de si mesmo, né? Bom, sou cantora e compositora há mais de 10 anos e acho minha profissão tão interessante quanto surpreendente. Acima de tudo, é uma exposição tremenda você falar sobre coisas que viveu em suas canções e se entregar dessa forma.
Over Shock - Jogo Rápido:
Nome Completo: Taïs Torres Reganelli
Cidade/Estado: moro em Campinas/SP
Data de Nascimento: 21.11.78
Estado Civil: casada
Time: essa é engraçada... não sou muito torcedora, mas gosto da Ponte Preta
Profissão: cantora/compositora
Estilo de Música: MPB, world music
Prato Preferido: japonesa, mongol, italiana, árabe... como tudo!
Filme: Dançando no escuro (gosto de tudo do Lars)
Autor: Saramago
Frase: “te quero mesmo pra te dar sem ter retorno” do Djavan, embora na prática não funcione muito.
Over Shock - Desde pequena a música esteve presente em sua vida, mas quando você decidiu que queria ser tonar uma cantora? Algum motivo especial?
Taïs - Eu canto desde muito nova, minha família sempre me apoiou, então é difícil determinar uma data específica do começo real da carreira. O primeiro festival de música que eu participei, eu tinha 9 anos. Gostei tanto que não parei mais. Quando chegou a hora de decidir qual faculdade cursar, optei por Artes Plásticas mas logo descobri que a música tomaria muito mais espaço na minha vida. Não houve um momento específico, a vida foi caminhando pra esse lado.
Que mão é aquela que afaga com luva de lã nada inocente, tampouco carente e que a meninice a torna demente ♪
Over Shock - Filha de brasileiros, você nasceu na Suíça, onde passou algum tempo de sua vida, mas existe alguma influência europeia em sua música? E quais são suas demais influências?
Taïs - Existe muita influência da música européia nas minhas músicas, mais precisamente nos arranjos. Lá ouvíamos de tudo e a música européia é muito diferente da daqui. Ainda existem elementos barrocos e cada país tem sua característica. A música italiana ainda é brega (no bom sentido), a música francesa ainda é romântica e isso ajudou a me formar musicalmente. Outra pessoa que me influenciou demais e que por anos e anos estava no meu som, era o Chico Buarque. Mas realmente posso dizer que sempre ouvi quase tudo, de Beatles a Prokofiev.
Over Shock - A parceria com seu irmão, Henrique Torres, rendeu alguns trabalhos e todos eles belíssimos. Como foi trabalhar com o Henrique e qual a importância que ele teve para sua carreira?
Thaïs - Total. Não há Taïs Reganelli profissional sem o Henrique. Ele me ensinou tudo o que sei e dou poucos passos sem ao menos saber o que ele pensa. Posso até não seguir o conselho mas quero saber a opinião, os argumentos.
Além disso, ainda trabalho com ele, ele arranja muitas músicas minhas e faz parte da minha banda.
Mas eu não posso me queixar porque a saudade foi gentil hesitou por vários dias demorou pra machucar ♪
Over Shock - Suas letras são de uma qualidade única. Tão simples e com um sentimentalismo incrível, mas qual é o processo de composição? Para conseguir letras magnificas, é necessário algum cuidado ou momento específico?
Thaís - Pra ser sincera, não há um método de composição só. Vario de acordo com os parceiros e minhas vontades. Eu acho que ler bastante ajuda a achar as palavras e estudar composições de quem você admira musicalmente também ajuda. Tento prestar atenção no que o meu parceiro Nando Freitas faz. Nunca conheci um compositor como ele. Sempre que gravo um disco, preciso ter ao menos 3 canções dele.
Over Shock - Com as composições prontas, o que mais é necessário antes que a música possa ser divulgada?
Taïs - A parte burocrática é fundamental. O registro junto à Biblioteca Nacional, o ISRC de cada música, hoje em dia é tudo mais fácil, mas sendo independente é fácil perder algum passo e ter problemas depois. Precisa se informar bem.
Over Shock - O atual cenário musical brasileiro é criticado por muitos, mas você acha que ele é favorável para a divulgação do seu trabalho? O que você faz para alcançar o maior número de ouvintes?
Taïs - Eu acho que a cena musical de hoje tem dois lados. Um que eu acho terrivelmente pobre, as músicas são ruins, melodias e letras pobres e que estão por toda a parte, o outro lado é que com a internet está tudo mais democrático e você tem mais acesso a ter aquilo que você gosta. Pesquisar artistas novos é mais fácil. Divulgo meu trabalho em redes sociais, já fiz muito festival, me cadastro em sites de música, isso ajuda muito.
A canção que vai me fazer sorrir, é singela até demais, mesmo sem alguém para ouvir ♪
Taïs - Adoro fazer shows e há muitos especiais que adorei fazer. O lançamento de cada CD é sempre especial. Gosto muito quando faço show em uma cidade que nunca fui e as pessoas não me conhecem muito bem. É bom pra testar se suas músicas funcionam.
Over Shock - Em agosto, você participou ao lado de seu irmão do Programa do Jô, e confesso que foi aí que conheci o seu trabalho. Como foi essa experiência? Dar uma entrevista para um programa de grande audiência como esse ajudou em relação a fãs e admiradores?
Taïs - Muita gente me conheceu ali. Recebi tantos emails que fiquei 1 mês respondendo, sem exagero. O Jô é nacional e na maior emissora do país, a repercussão é realmente grande, fora isso fomos selecionados para a semana do Jô no GNT, isso foi bom porque o Jô é bem tarde e outras tantas pessoas puderam ver num horário melhor.
A experiência foi muito legal, ele nos deixou muito à vontade. A sensação é de que você diz “oi” e já vai embora. É rápido demais!
Espero você como um mergulhador a espera da respiração ♪
Over Shock - Você lançou recentemente o álbum Leve, mas já tem algo em mente para o futuro?
Taïs - Sempre estou pensando no próximo trabalho. Quando estava mixando o “Leve” já estava trabalhando em dois novos projetos, mas que serão só pro ano que vem.
Over Shock - Por falar em futuro: quais são seus sonhos e como você se vê daqui a 10 anos?
Taïs - Tenho vontade de fazer muita coisa ainda, cantar com algumas pessoas que admiro, realizar os projetos que estou escrevendo, estudar mais. Ah, não consigo me ver em 2022. Não tenho a menor ideia de onde estarei e o que estarei fazendo. Esse é um dos charmes da minha profissão.
Over Shock - Bom, agradeço a sua entrevista e espero que você tenha gostado de dar uma “palavrinha” aos nossos leitores. Como já disse, e repito, foi um prazer enorme poder entrevista-la. Então deixe suas últimas palavras, como entrar em contato, onde comprar seus CDs, enfim. Mais uma vez obrigado.
Taïs - Também adorei. Só tenho a agradecer e dizer que estou aí de braços abertos pra quem precisar. Obrigada à você. Beijos. CDs no site www.taisreganelli.com ou nos sites da Livraria Cultura ou FNAC.