“Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.” Foram as palavras de Mário Raul de Moraes Andrade, um dos fundadores do Modernismo e que serviu – e ainda serve - de lição àqueles que estão envolvidos com a literatura. Com suas obras, Mário de Andrade imortalizou seu nome na literatura brasileira e por isso o dia 25 de fevereiro é dedicado a sua memória.
Paulistano, Mário de Andrade nasceu em 09 de Outubro de 1893 e ainda na infância mostrou talento para a arte, mais precisamente para a música. Graças ao seu talento, foi matriculado em 1911 no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde se dedicou aos estudos musicais. Mesmo estando em um Conservatório, o jovem Mário dedicava grande parte de seu tempo a escrita, e foi assim que escreveu seus primeiros versos.
Essa experiência duraria pouco tempo, e com a morte do irmão dois anos mais tarde, se afastou da capital paulista o que atrapalhou sua habilidade musical. Quando retornou à São Paulo, voltou a estudar música, agora com a intenção de se tornar professor. Foi nessa época também que lançou seu primeiro livro, intitulado Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema, publicado em 1917 sob o pseudônimo Mário Sobral. Essa obra tem as características dos poetas da época, mas já mostrava a identidade brasileira que marcaria as obras de Mário.
Esse primeiro livro tem sua importância para a literatura, no entanto isso não aconteceu na época, por isso Mário de Andrade procurou melhorar sua escrita e lançou seu segundo trabalho, Pauliceia Desvairada, apenas em 1922. Enquanto trabalhava na publicação desse livro, organizou ao lado de outros nomes importantes para a cultura artística brasileira - Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, entre outros - a famosa Semana da Arte Moderna, que aconteceu entre 11 e 18 de fevereiro de 1922. A intenção era divulgar obras da arte, música e literatura, mas essa semana mudaria o país e por isso é lembrada e celebrada até hoje.
Mário de Andrade já se tornava importante para a literatura quando passou a publicar ao menos um livro por ano, começando com A Escrava que Não é Isauraapresentada na Semana de 22 -, publicado em 1925 e terminando essa sequência com Remate de Males, em 1930. Entre essas publicações estavam suas maiores obras: Amar, Verbo Intransitivo e Macunaíma.
A primeira obra, lançada em 1927, narra a história de Carlos, um jovem burguês que inicia sua vida sexual na hipócrita sociedade paulistana. Quem tem a missão de ensinar Carlos é a professora Fräulein Elza, mas para que sua missão seja concluída, algumas regras são quebradas. O livro foi aceito por especialistas e criticados por aqueles que achavam errado a forma como Mário de Andrade abordou os valores da época.
O romance mais importante de Mário de Andrade é Macunaíma, publicado dois anos mais tarde. Importantíssimo para o ensino da nossa literatura, o livro fala sobre um anti-herói que representa o povo brasileiro, com suas culturas e características únicas. É um livro complicado, devido a linguagem, mas com uma história interessante que deu origem a um filme, em 1969, com Paulo José, Grande Otelo, Dina Sfat e grande elenco.
O autor ainda teria outros importantes trabalhos na literatura, além de ter se dedicado a uma missão em relação ao folclore e a música brasileira. Apesar de tudo o que fez, seu nome demoraria a se tornar um ícone nacional. O que também demorou a ser questionado foi sua sexualidade, e só depois de décadas que amigos afirmaram que o autor era bissexual. Atualmente, Mário de Andrade dá nome a Biblioteca Municipal de São Paulo e suas obras são estudadas, apesar de nem sempre receberem a atenção merecida.
Andrade faleceu em São Paulo no dia 25 de fevereiro de 1945, com apenas 51 anos, vítima de um enfarte. Partiu cedo, mas jamais será esquecido, pois obras contribuíram para a literatura de nosso país, e com isso, Mário de Andrade imortalizou seu nome e se tornou um Imortal da Literatura.
“Mas por dentro era impossível saber o que havia em mim, era uma luz, uma Nossa Senhora, um gosto maltratado, cheio de desilusões claríssimas, em que eu sofria arrependido, vendo inutilizar-se no infinito dos sofrimentos humanos a minha estrela-do-mar.” – Mário de Andrade em Tempo da Camisolinha.

Mário de Andrade - 09/10/1893 - 25/02/1945