As Aventuras de Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle, São Paulo-SP: Martin Claret, 2011, 296 páginas

Publicado originalmente pela revista Strand Magazine entre julho de 1891 e junho de 1892, As Aventuras de Sherlock Holmes – do original The Adventures of Sherlock Holmes – é o primeiro livro de contos escrito por Arthur Conan Doyle, Cavaleiro do Império Britânico, e envolvem as aventuras do detetive Sherlock Holmes, um verdadeiro gênio da literatura mundial. Sir Arthur, que faleceu em 1930, além de criador do Sherlock Holmes, que esteve em quatro romances e seis livros de contos, é também o autor de O Mundo Perdido, outro importante livro da literatura.
Narrado pelo amigo e fiel escudeiro, o médico John Watson, o livro reúne doze contos onde Sherlock Holmes, como em outras estórias, resolve mistérios que muitas vezes nem mesmo a Scotland Yardpolícia londrina – foi capaz de resolver. Nesses contos, que envolvem desaparecimentos, assassinatos e diversos outros tipos de mistérios, Watson relata, sob seu ponto de vista, a personalidade de Sherlock Holmes, sua maneira de pensar e agir, e a forma como ele resolve seus casos.
Como qualquer outro livro de contos, As Aventuras de Sherlock Holmes possui contos excepcionais, apesar de que nem todos agradam, ou chama a atenção. Neste caso, Um Escândalo na Boêmia (1º), As Cinco Sementes de Laranja (5º), O Homem de Lábio Torcido (6º), O Carbúnculo Azul (7º) e O Solteirão Nobre (10º) são os que merecem destaque, pelos mais diversos motivos.

“Acredito até que Sherlock Holmes seja a máquina de observar e raciocinar mais perfeita que o mundo já conheceu. Como namorado, porém, não teria sido o mesmo. Quando falava das emoções sentimentais, era sempre com ironia e desprezo. (pág. 19)”.

De todos esses, destaque especial para Um Escândalo na Boêmia, que possui dois pontos interessantes na vasta história de Sherlock Holmes. Um deles é preciso ler para entender, enquanto o outro, se trata do possível erro de Conan Doyle ao trocar o nome da simpática dona do prédio onde o detetive reside, na Baker Street. A verdadeira dona é a sra. Hudson, que é citada em diversas estórias, enquanto neste conto, em uma de suas falas, Sherlock se refere a sra. Turner. Em uma nota no rodapé da página, isso é explicado e de certa forma pode gerar muitas discussões. Afinal, foi um erro ou algo intencional?
A escrita de Sir Doyle, como a maioria já deve estar cansada de saber, é envolvente do inicio ao fim. Seu estilo de escrita impede a distração, e isso se deve também a maneira simples e ao mesmo tempo excepcional com que escolhe as palavras para suas descrisões e narrações. Porém (sempre tem um porém), por se tratar de estórias curtas, é necessário os relatos que se estendem por diversas páginas, e talvez esse seja o problema do livro, afinal, um detalhe que passe despercebido já impede o leitor de encontrar a verdade antes mesmo do próprio Sherlock, que apesar de difícil, não é impossível. No meu caso, em três contos – e um que já conhecia o desfecho – consegui encontrar a verdade antes de ser revelada, e se tratando de Sherlock, é motivo de alegria.

“Não creio que seja mais lento para entender as coisas que qualquer outro. Contudo, sempre que estava na presença de Sherlock Holmes me sentia esmagado por um sentimento de inferioridade. (pág. 76)”.

Pela editora Martin Claret, o livro é o 101º volume da coleção A Obra-prima de Cada Autor, que envolve diversos nomes da literatura nacional e internacional. A ideia da editora é simplesmente incrível, afinal, temos diversos títulos que têm suas importâncias para a literatura, e com um ponto positivo: o formato de bolso.
Para que uma coleção seja considerada incrível, não basta apenas ter um título como As Aventuras de Sherlock Holmes em sua lista. É preciso ter também um ótimo trabalho de publicação, e isso é justamente o que encontramos, por diversos motivos. O primeiro deles é o carinho dedicado ao leitor, que ainda nas primeiras páginas, é contemplado com a história do livro (desde a antiguidade) e um estudo referente ao personagem principal das aventuras encontradas nas páginas seguintes. Estudo este feito pelo jornalista e tradutor Casemiro Linarth, responsável também pela tradução dessa edição. A tradução - originalmente de 2009 – e a revisão estão impecáveis e por fim a completa biografia do autor, já nas últimas páginas do livro também é motivo para engrandecer a história.

“-Este caso foi muito interessante - comentou Holmes, quando nossos convidados se retiraram -, porque demonstra com clareza como pode ser simples a explicação de um problema que à primeira vista parece tão complicado. (pág. 231)”.

Acredito que quando se trata de contos, seja difícil que todos agradarem aos leitores, mas As Aventuras de Sherlock Holmes possui ótimas estórias que mostram a genialidade do autor e, sobretudo de um dos detetives mais incríveis da história. Para quem gosta de livros policiais e é fã de Holmes, é indispensável a leitura, pois conhecemos cada vez mais esse personagem e sua forma de resolver mistérios.
Como sempre, não poderia deixar de agradecer a editora Martin Claret pelo livro cedido para que essa resenha pudesse acontecer e para que pudesse conhecer outros casos que envolvem esse personagem fantástico que há mais de 100 anos conquista admiradores em todas as partes do mundo.