Um Mundo Brilhante, T. Greenwood, tradução de Ivar Panazzolo Júnior, 1ª Edição, Ribeirão Preto-SP: Novo Conceito, 2012, 336 páginas

Com seis romances, a autora T. Greenwood já recebeu diversos prêmios e verbas para a continuação de seus trabalhos. Casada e com duas filhas, a autora vive atualmente na Califórnia e além de se dedicar a literatura, ministra aulas de redação e estuda fotografia. Um Mundo Brilhante, sua primeira obra lançada pela editora Novo Conceito, se trata de um livro simples e marcante por tudo o que encontramos.
O inverno chega mais cedo na cidade de Flagstaff e o professor Ben Bailey ainda não havia se preparado para a primeira nevasca. A vida de Ben era normal, mas o dia da primeira nevasca seria também o dia em que sua vida mudaria radicalmente.  Ao sair para pegar o jornal, Ben encontra o índio Rick Begay deitado sob a neve e descobre que o jovem foi vítima de uma injustiça.
Rick ainda é socorrido, mas não sobrevive e o que poderia ser apenas uma coincidência, acaba aproximando Ben de Shadi, irmã do índio morto. Como se Ben se sentisse responsável pelo o que aconteceu a Rick, ele embarca em uma aventura tentando descobrir a verdade sobre a morte do índio e acaba se aproximando de Shadi, ao mesmo tempo em que enfrenta as dores do passado e se vê preso ao presente, sem saber as escolhas que deve tomar.

“Esperou que alguém viesse explicar o que aconteceria a seguir. O que ele deveria esperar. Não para ele, ou para seus pais, mas para ela. Mas nem sua mãe, nem seu pai lhe deram explicações alguma. O céu não existia naquela casa. Nem Deus. (pág. 74)”.

Mesmo que pareça, os parágrafos anteriores não revelam muita coisa em relação ao livro. Livro este que criei expectativas desde o inicio e esperei que encontrasse uma história parecida com aquelas que sou fascinado: as investigativas. Isso de fato não aconteceu, mas não impediu do livro ser surpreendente. As expectativas foram mais do que atendidas.
Narrado em terceira pessoa e dividido em cinco partes (Mundo Vermelho; Mundo Azul; Mundo Amarelo; Mundo Preto e Branco; e Mundo Brilhante), o livro retrata a história de um personagem difícil e marcante. Ben não apenas enfrenta as dificuldades que surgem em sua vida, como também se depara com o pesadelo de seu passado e isso contribui para algumas de suas atitudes impensadas - muitas vezes deixando o leitor irritado - na busca de seus objetivos e desejos. Um personagem comum e que poderia ser “sem sal”, mas que possui características que o faz diferente. Ben é um personagem realista e que podemos encontra-lo em qualquer cidade ou país, e isso faz dele e de toda a trama ainda mais cativante, afinal, as dúvidas, as mentiras, os sofrimentos e os desejos das personagens estão presentes no nosso dia-a-dia.
Ao mesmo tempo em que torcemos para que algo aconteça, sabemos que caso aconteça, alguém pode se sair ferido e isso faz toda a diferença na hora de torcer por A ou B. Dá para sentir como se tudo o que acontece estivesse passando na vida do próprio leitor. As demais personagens também são realistas, desde os amigos de Ben, sua família ou seus desafetos. Os destaques ficam para Shadi, uma personagem semelhante a Ben, porém não com as mesmas complexidades e Sara, noiva de Ben e que possui uma vida completamente oposta a de seu noivo, mas que ainda participa do jogo, da pior maneira possível – para ela.

“Eles podiam se fragmentar, até que não houvesse nada além de pequenos pedaços que se espalhariam e se perderiam. Mesmo assim, embora isso pudesse reconfortá-lo ou lhe dar algum tipo de esperança, não aconteceu desse jeito. Em vez disso, criou-se uma dor que começava em algum lugar no fundo do seu estômago e que se irradiava por seus braços e pernas. (pág. 200)”.

Apesar de tudo isso, o enredo criado por Greenwood é muito simples, bem como o seu estilo de escrita. Com rapidez e maestria, a autora descreve os acontecimentos, as pessoas e ainda consegue contar o passado – focado é claro em Ben –, sem que isso deixe o livro cansativo. Ao contrário de livros do gênero, é tudo muito real e a forma como tudo aconteceu fez de Um Mundo Brilhante uma obra magnífica. Exceto pelo ar de mistério que não encontramos. Ainda assim, o desfecho não é previsível e somos surpreendidos a cada página.
O final é contestável e emocionante. Claro que nem tudo satisfaz e alguns pontos nenhum leitor desejava que acontecesse, mas, outros pontos estão ali para ser amados ou odiados. Um final capaz de dividir opiniões.
Como já é de costume, a editora fez um excelente trabalho, sobretudo na capa. A imagem já tem todo um significado, mas a inovação de deixa-la brilhante foi fantástica. No interior, nada de excepcional – a não ser a divisão dos mundos – e também nenhum erro que prejudique a obra.

“Como ela não poderia saber o que já havia feito por ele? Como não poderia saber que ela era a única pessoa em quem ele pensava, a única coisa que importava, o único aspecto verdadeiro em sua vida, agora que tudo havia ficado para trás? (pág. 314)”.

Isso tudo mostra que Um Mundo Brilhante é um livro simples e capaz de surpreender a qualquer leitor, até mesmo aqueles que esperam por algo e encontra o oposto nas 336 páginas do exemplar. Toda a veracidade e a forma como as escolhas de um personagem são expostas deixam o livro incrível e por isso é extremamente recomendável. Vale a pena.
Como de costume, agradeço a editora Novo Conceito pelo livro cedido para que essa resenha pudesse acontecer. Deixo aqui também a minha recomendação, afinal, como é claro na resenha, é um livro que chamou bastante atenção. E aproveito para dizer que ainda essa semana uma promoção do livro terá inicio na nossa página do Facebook. Aguarde!