Talvez não haja dia mais triste para a música brasileira como 02 de Março, data em que no ano de 1996, cinco jovens e talentosos músicos perderiam a vida e teriam suas carreiras encerradas precocemente em um acidente de avião na Serra da Cantareira, em São Paulo. Um acidente que ocorreu apenas alguns meses depois de serem lançados no mercado musical e no auge da carreira.
Dinho (vocal), Bento Hinoto (guitarra), Samuel Reoli (baixo), Sérgio Reoli (bateria) e Júlio Rasec (teclados) fazem falta e essa ausência é sentida e lamentada após anos do trágico acidente que calaria os músicos da banda Mamonas Assassinas, deixando uma legião de fãs enlutados. Apesar da falta, esses jovens que já eram aclamados pelo país inteiro, se tornaram mitos da música e possuem fãs, admiradores e súditos que se orgulham dessas feras que nos deixaram há exatos 16 anos.
Conheça um pouco de cada um dos integrantes dessa fantástica banda brasileira:
Bento Hinoto
Natural de Itaquaquecetuba, Alberto Hinoto nasceu em 07 de Agosto de 1970 e sua habilidade com a guitarra impressionava a todos. Torcedor fanático do Palmeiras conheceu o futuro baterista da banda através de seu irmão e foi responsável – além dos arranjos – pelo estilo que conquistaria fãs.
Após sua morte Bento recebeu diversas homenagens, sobretudo em sua cidade natal e Guarulhos, onde morava na época do acidente. Em ambas deu nome a ruas, deixando o nome Alberto Hinoto eternizado.
Dinho
Baiano, Alecsander Alves Leite, mais conhecido como Dinho – apelido dado pela avó – faleceu poucos dias antes de completar 25 anos, o que aconteceria em 05 de Março. Quando criança, Dinho fazia parte de um coral evangélico e venceu um concurso de dança em um programa do apresentador Silvio Santos.
Antes de iniciar sua carreira profissional, trabalhou em campanhas políticas e também foi vocalista da banda Utopia, que daria origem aos Mamonas Assassinas e que consistia em um estilo mais sério.
Era nos intervalos dos ensaios que Dinho iniciava o estilo cômico que se tornaria marca registrada do grupo de Guarulhos, mas na época, o próprio Dinho não pretendia criar uma banda do gênero. Só mais tarde, com o estilo agradando a todos, que Dinho aceitou a ideia e teve inicio os Mamonas Assassinas.
Quinze anos após a morte do vocalista, seu pai, Hildebrando Alves, disse que o cantor deixaria a liderança da banda para se juntar ao comediante Tom Cavalcante, e isso gerou uma grande polêmica, mas nada que tirasse o mérito e a saudade deste excelente músico.
Júlio Rasec
O mais velho da banda, Júlio Cesar Barbosa nasceu em Guarulhos no dia 4 de janeiro de 1968 e antes da fama, trabalhava como técnico em eletrônica. Não gostava de sua técnica musical, mas tinha grande importância para a banda. Além de tocar teclado, Rasec (Cesar ao contrário) fazia também backing vocals e a voz de Maria, na famosa canção Vira-Vira, antes de outras participações importantes.
Torcedor do São Paulo, Júlio também se simpatizava pelo Grêmio de Porto Alegre e pela Portuguesa, o que sua irmã, Paula, declarou em uma comunidade do Orkut. Além disso, praticava esportes, mas devido a sua qualidade sempre era deixado de lado. Ao ser perguntado sobre um possível superpoder, ele respondeu: “Queria poder ficar invisível. Dá prá ver quem tá falando mal ou quem fala bem de você”.
Horas antes do acidente que o mataria, Júlio disse ter tido um sonho onde um avião caía. Era apenas um pressentimento do que estava por vir.
Samuel Reoli
Já o mais novo era Samuel Reis de Oliveira, que nasceu em 11 março de 1973 em São Paulo. Baixista e irmão de Sérgio Reoli, Samuel costumava se esconder nas apresentações da banda e era conhecido por seu humor característico. Também era obcecado por aviões, sempre desenhando-os, sem imaginar que um deles causaria sua morte.
Antes de morrer, Samuel escreveu uma carta à família, onde agradecia por tudo o que lhe proporcionaram. Essa carta seria encontrada meses depois de sua morte e emocionaria a todos.
Sérgio Reoli
O irmão de Samuel, Sérgio Reis de Oliveira, nasceu em 30 de setembro de 1969 e também marcou a vida de todos por seu humor e pelas suas piadas, o que se tornaria sua marca. Ouvia de Red Hot Chilli Peppers à Titãs e foi um dos criadores da banda Utopia.
Esses cinco jovens escreveram uma curta, mas rica história, que teve inicio após um show da banda Utopia, onde o grupo conheceu o produtor musical, Rick Bonadio. Após esse encontro, a banda Utopia deixa de existir e surge os Mamonas Assassinas no Espaço, reduzido logo depois para Mamonas Assassinas, uma banda que estouraria no país inteiro e chegaria ao auge em poucos meses.
O grupo então grava três músicas (Pelados em Santos, Robocop Gay e Jumento Celestino) e envia para diferentes gravadoras, até que é aceita e assina com a EMI, gravando assim o primeiro – e único – trabalho, autointitulado e produzido por Bonadio, apelidado como Creuzebek. A gravação não demora a render frutos e o grupo de Guarulhos passa a fazer ao menos oito shows semanais e aparecer nos mais importantes programas de TV da época. Essas aparições na mídia resultaram na venda de cerca de 100 mil cópias a cada dois dias.
O sucesso nacional foi tanto, que em menos de oito meses, o grupo já se preparava para a primeira apresentação internacional, que aconteceria em Portugal. Porém, a viagem marcada para o dia 03 de Março de 1996 jamais aconteceria e o show em Brasília, na noite do dia 02, seria a última apresentação dos eternos Mamonas Assassinas.
Na volta para Guarulhos, o jatinho fretado pra levar o grupo até o show em Brasília apresentou alguns problemas e veio a se chocar com a Serra da Cantareira às 23hrs16min, matando os músicos, o piloto e co-piloto, e os dois assistentes do grupo.
Além do único álbum de estúdio, o grupo teria ainda uma coletânea, intitulada Atenção, Creuzebek: A Baixaria Continua; o disco ao vivo Mamonas ao Vivo; além de reportagens e documentários, incluindo Mamonas para Sempre, que teve sua estreia em 2011.
Não importam os anos, não importa a quantidade de músicos com qualidade que surgem dia após dia nesse país. Independente de qualquer coisa, os membros da banda Mamonas Assassinas são insuperáveis e se tornaram eternos por suas qualidades musicais e pessoais. Vossas Majestades possuem características próprias e todos são verdadeiros ícones da música mundial. São ídolos que jamais serão esquecidos.
“As pessoas olhavam pra mim e diziam: “É impossível cara, é impossível você chegar até aqui.” Manda eles pra puta que pariu! É possível sim. É possível vocês, cada um de vocês que estão aqui hoje. É possível realizar sonhos de vocês sim. Vocês são capazes. Acreditem em vocês. Você pode cara, se você não acreditar em você, ninguém vai acreditar. Lute pelo seu sonho.” – Dinho em uma apresentação do grupo no dia 06/01/1996.
“Minha Brasília amarela, tá de portas abertas, pra mode a gente se amar, pelados em Santos. Pois você, minha pitchula, me deixou legalzão, não me sintcho sozinho, você é meu chuchuzinho” – trecho de Pelados em Santos.
Bento Hinoto - ☆ 07/08/1970 - ✞ 02/03/1996
Dinho - ☆ 05/03/1971 - ✞ 02/03/1996
Júlio Rasec - ☆ 04/01/1968 - ✞ 02/03/1996
Samuel Reoli - ☆ 11/03/1973 - ✞ 02/03/1996
Sérgio Reoli - ☆ 30/09/1969 - ✞ 02/03/1996