Foto - Fonte de Informações: Leonardo Prado / Agência Câmara - G1 |
Após a prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira, em 29 de fevereiro, diversas foram as denúncias que mostravam uma possível relação entre ele e alguns políticos. Depois de muita polêmica e pedidos de investigação, o Congresso Nacional oficializou na última quinta-feira (19), a criação da CPI do Cachoeira, que investigará a ligação do bicheiro com políticos.
Para que a CPI fosse criada, eram necessárias 171 assinaturas na Câmara dos Deputados e 27 no Senado, e até a manhã de quinta-feira, havia 337 e 72, respectivamente.
Após a criação da CPI, os partidos têm cinco dias para escolher 16 deputados e 16 senadores, além de 32 suplentes, para integrar a comissão. Esses nomes serão indicados já na próxima terça-feira (24), em uma sessão convocada pela deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), que substitui o senador José Alencar (PMDB-AP), que pediu uma licença médica na última semana.
O número de deputados e senadores para cada partido, dependerá de suas bancadas, sendo assim, o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e o PT (Partido dos Trabalhados) devem ficar com os cargos mais importantes: presidência e relatoria.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) deve ter inicio já na próxima quarta-feira (25) e se estenderá por pelo menos 6 meses, podendo prorrogar se for necessário. Nesse período, a comissão responsável poderá investigar e contar ainda com a quebra do sigilo fiscal e telefônico. No final, um relatório será enviado para o Ministério Público Federal, que tomará as medidas necessárias contra Cachoeira e os políticos envolvidos.
Um dos deputados mais ligados a esse escândalo é Demóstenes Torres, que recentemente deixou o DEM (Democratas). Sobre isso, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, citou que “tem muita lenha do DEM queimando hoje no Brasil, nessa maracutaia” e concluiu dizendo não aceitar “condenar o PT, condenar o governo. Vamos trabalhar com prudência. O que queremos é que os envolvidos sejam investigados e punidos”. Já o tucano Álvaro Dias espera que a situação não aja de má fé. Ele ainda disse: “O Congresso tem uma grande oportunidade de reconquistar muito o que perdeu em matéria de credibilidade. Se esta CPI for séria, for para valer, não constituir uma farsa, podemos contribuir para iniciarmos uma limpeza na política do país, nas instituições públicas brasileiras”.
Carlinhos Cachoeira
Carlos Augusto de Almeida Ramos nasceu em Anápolis-GO, na década de 1960 e ficou conhecido em 2004, quando um vídeo foi divulgado pela Revista Época. Nesse vídeo, um assessor do ex-ministro José Dirceu faz um pedido de propina, em 2002, para a campanha do PT e do PSB (Partido Socialista Brasileiro). O vídeo culminou no inicio da primeira crise no governo Lula, que conseguiu abafar o caso, até o surgimento do Escândalo do Mensalão, no ano seguinte.
O nome de Carlinhos Cachoeira voltou para a mídia em fevereiro, após uma operação da Polícia Federal que desarticulou uma organização que por 17 anos, explorava máquinas caça-níqueis em Goiás. Escutas telefônicas mostraram um possível envolvimento de Demóstenes Torres e dos governadores Agnelo Queiroz (PT-DF) e Marconi Perillo (PSDB-GO).
Algumas reportagens também apontam o envolvimento da Construtora Delta, maior empreiteira de obras do PAC do governo Federal e que deixou na sexta-feira (20), o consórcio das obras de reforma do Estádio do Maracanã.
Cachoeira foi transferido na última segunda-feira (16) para o Presídio de Papuda, em Brasília, onde aguarda o pedido de Habeas Corpus feito por seu advogado.