Escritor e filósofo, Gilmar Marcílio mora em Caxias do Sul e escreve suas crônicas para jornais desde 1998. Antes de lançar Querer sem Medida, o autor publicou outros dois livros: O Mundo é o que é (2010) e A Vida sem Manchete (2011), ambos pela editora Belas-Letras.
Em Querer sem Medida, Gilmar leva os leitores a 53 crônicas que mostram sua visão da sociedade atual, bem como suas ideias em relação aos mais variados temas, desde a infância, passando pela morte e as questões religiosas. Algumas vezes nos identificamos com sua visão, porém em outras há certa discórdia, algo comum quando se trata de crônicas que mostra opiniões sobre determinados assuntos.
Relembrando várias vezes sobre a infância, encontramos ao longo do livro uma visão madura de um filósofo contemporâneo, que sabe como é difícil para muitos tratar sobre a felicidade, por exemplo. Em uma de suas crônicas, Ser Feliz, Gilmar é claro ao afirmar que “ninguém mais sabe o que significa [ser feliz]”, afinal, com a correria do dia-a-dia as pessoas não tem tempo para se preocupar com isso, como se felicidade não fosse importante para cada um de nós.
“O olhar e as mãos acariciam, sem perceber que são atitudes provisórias diante de perspectivas amorosas que se deformam para gerar caminhos diferentes. As perdas deixam rastros que servem como aporte para a construção de sentimentos mais maduros, quando há a constatação da separação. (A Arte de Perder – pág. 14)”.
Os animais também são lembrados, sobretudo na crônica O Olhar dos Cães, onde um gesto simples de sentar-se ao lado de um cão e observar seu olhar – e tudo o que está presente nele -, é valorizado e mostrado como nós, humanos, deveríamos dar atenção a eles – a outros animais. O autor ainda faz referências a importantes nomes, como Nietzsche, Elizabeth Bishop, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes, o que torna suas palavras mais importantes.
Ao longo de 160 páginas de tantos ensinamentos, diversas são as perguntas que surgem, trabalhando o ato de refletir que existe em cada um de nós. Afinal, porque não aproveitar cada instante de nossa vida? Tentar apagar todas as dores é o melhor para o nosso ser? O que nos impede de viver toda a plenitude da vida? Precisamos ter medo daquilo que a sociedade pensará de nós, ou devemos fazer tudo da maneira que desejar? São perguntas simples, que muitas vezes deixamos de lado, sem imaginar a importância de suas respostas.
Querer sem Medida é a primeira experiência com livros do catálogo da Belas-Letras, e felizmente a primeira impressão é mais do que positiva: ótima diagramação, tipografia agradável e revisão mais do que bem feita. E apesar de algumas opiniões contrárias, a escrita é cativante e mostra o filósofo que existe em Gilmar Marcílio.
Crônicas nem sempre agradam a maior parte do público, principalmente quando são reunidas em um único volume, mas, elas sempre servem para que o leitor abra sua mente em relação a diversos assuntos. Querer sem Medida é justamente isso: um livro recheado de opiniões, que ao fim da leitura, dá um novo sentido para quem o lê. Você não vai encontrar histórias de cinema, mas sim a dura realidade do mundo em que vivemos na voz de um filósofo inteligente que sabe trabalhar detalhadamente – sem se tornar cansativo - a sua opinião. Não é um livro cinco estrelas, porém de alguma forma vai lhe tocar.
“A verdade é que não pode haver nenhum deleite em se ouvir o canto de um pássaro preso. Só mesmo um ser tão arrogante como o homem para querer transformar em prazer um exercício de privação e agonia. (Humano, escassamente humano - pág. 83)”.
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Agradeço
a todos aqueles que comentaram ao longo dessas duas semanas. É sempre bom saber
a opinião daqueles que acompanham o blog, principalmente quando com opiniões
tão bacanas como aquelas expostas nesse post. Vamos então ao que interessa...
Parabéns,
Joshua. Obrigado por seu comentário e por sua presença aqui no blog. Vou entrar
em contato para solicitar seus dados. Espero que goste J
