2 Coelhos

Resenha: Gravado em São Paulo no ano de 2009, o nacional 2 Coelhos trás ao cinema nacional muita ação e efeitos especiais, marcando a estreia, com o pé direito, do diretor e roteirista Afonso Poyart e mostrando que o Brasil tem condições de criar um filme no nível dos americanos.
2 Coelhos narra a história de Edgar (Fernando Alves Pinto), um jovem rapaz que já sonhou em seguir diversas profissões, mas que aproveita a vida com pornografia e videogame. Ele acaba de voltar de Miami, onde passou um tempo após ser julgado por matar duas pessoas em um acidente de carro, e tem um plano onde pretende prejudicar Jader (Roberto Marchese), um deputado estadual – que por sinal lhe ajudou no julgamento -, e Maicon (Marat Descartes), um criminoso que contou com os políticos corruptos para se livrar da cadeia.
O plano de Edgar é simples: armar um esquema para pegar uma grande quantia em dinheiro que tem a ligação dessas duas personagens, envolvendo principalmente a corrupção. Para isso, ele precisa da ajuda de outras pessoas, como Walter (Caco Ciocler), e se aventurar pela cidade de São Paulo - melhor escolha impossível -, em 108 minutos de ação, tiroteios, explosões e animação – que em alguns momentos é semelhante com Sucker Punch – Mundo Surreal (Resenha).
Não é fácil classificar 2 Coelhos como um fantástico filme nacional, mas ele está perto disso e não se pode deixar de elogiar Afonso Poyart, que foi corajoso ao criar algo completamente novo no cinema nacional e que felizmente conseguiu concluir seu trabalho com êxito. Com uso excessivo – e nem por isso cansativo – dos efeitos especiais, 2 Coelhos possui um jogo de câmera bem estruturado, principalmente quando se trata do slow motion.
O que estraga o filme é justamente o que mais importaria para muitos: o enredo. Vingança contra políticos corruptos é algo que muitos de nós pensariam em fazer, mas a maneira que essa vingança foi usada é um tanto clichê, afinal, o roubo de dinheiro não é tão inovador. Isso é apenas um mero detalhe, que pode passar despercebido até o final. Final este que está longe de ser o esperado por todos, mas que pensado pelo real sentido do filme, percebemos que essa sempre foi a intenção.
Como passaria despercebido? Simples: o filme é cheio de reviravoltas e com flashbacks que contam pouco a pouco o que levou Edgar a desejar tal vingança. Aquilo que você imagina até determinado momento, é mudado radicalmente em seguida, dando um destaque a mais ao filme, que prende o espectador do inicio ao fim.
Os elogios se devem também ao elenco escalado, que mostrou qualidade em todas as cenas que necessitou de algo a mais de cada ator e atriz. As personagens principais, que conta com os atores Fernando Alves Pinto, apontado por muitos como grande aposta do nosso cinema, Caco Ciocler e a atriz Alessandra Negrini no papel de Julia, tem um envolvimento inesperado e suas histórias se completam com o passar dos minutos. Alessandra é de extrema importância e está presente nas melhores cenas do filme, inclusive na que remete ao mundo dos games. Já o rapper Thaíde, que já atuou brilhantemente no filme Antônia, volta a mostrar seu talento atrás das câmeras, o que também é provado semanalmente no programa A Liga, da Rede Bandeirantes.
A trilha sonora não poderia deixar de ser brasileira e com alguns elementos estrangeiros – que eram necessários -, e nisso encontramos nomes como Radiohead, 30 Seconds To Mars, Capital Inicial, Lenine, Titãs, Matanzao que não esperava, mas foi uma surpresa ótima - e, quem diria, Avassaladores, com o hit Sou Foda.
Não seria estranho dizer que 2 Coelhos dificilmente ganharia destaque se fosse um filme estrangeiro, porém um brasileiro com tantas referências pops, e o uso extraordinário dos efeitos especiais e da ação o torna algo grandioso para o cinema nacional. Afonso Poyart provou que o Brasil é capaz de produzir um bom filme de ação, comtemplado com humor e aquilo que mais atrai jovens na atualidade: games e falas/itens nerds. Afonso matou 2 coelhos com uma cajadada só.