Poucas são as personagens que conquistaram de forma tão significante como Gregory House (Hugh Laurie) conquistou ao longo de oito temporadas do seriado que leva seu nome. Transmitido pela FOX desde 16 de novembro de 2004, House M.D. não precisou de muito tempo para se transformar na melhor série médica do século XXI e com o seu final, na última segunda-feira (21), temos uma única certeza: vai deixar saudade.
Foram ao todo 177 episódios que rendeu diversos prêmios, incluindo dois Globos de Ouro à série criada por David Shore. Hugh Laurie, ator principal, não é mais visto como o progenitor da família Little (de Stuart Little) e nem mesmo por seus outros papéis. A partir de agora, e talvez por toda sua carreira, Laurie será sempre o House, afinal, atuou perfeitamente ao longo de todos esses anos e se tornou um ícone para os fãs do médico mais ranzinza da história da TV. Mas o que realmente interessa é falar um pouco sobre a série, apesar de que essa é uma missão mais do que difícil...
Gênio. Cínico. Sarcástico. Desinteressado. Antissocial. Diversas palavras podem definir Gregory House, um gênio da medicina que trabalha no Princeton-Plainsboro Teaching Hospital e que a cada caso (episódio), surpreende com sua forma de diagnosticar uma doença que nenhum outro médico foi capaz. É sim comparado com Sherlock Holmes e tem características que se assemelham com o detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle, porém Dr. House também tem aspectos únicos e por isso foi conquistando a cada episódio, seja por sua inteligência, por sua forma de ver a vida ou por como trata as pessoas, que como ele diz: sempre metem.
House é o líder de uma equipe de médicos, que ao longo de cada temporada foi se renovando – o que tornava a série cada vez melhor, apesar de que nem todas as novas personagens superam as que estão desde o início. Nas primeiras temporadas a equipe de House era formada por Dr. Robert Chase (Jesse Spencer), Dra. Allison Cameron (Jennifer Morrison) e Dr. Eric Foreman (Omar Epps). Com o tempo, Dra. Remy Hadley, a 13 (Olivia Wilde), Dr. Chris Taub (Peter Jacobson) e Dr. Lawrence Kutner (Kal Penn) também entraram nessa equipe médica de sucesso. Personagens como Dra. Lisa Cuddy (Lisa Edelstein), Dra. Chi Park (Charlyne Yi) e Dra. Jessica Adams (Odette Yustman) conseguem dar um brilho maior a série, quando elas conquistam espaço na equipe que todo estudante de medicina deseja.
Apesar de ser um homem antissocial – na verdade eu usaria outra palavra para descrevê-lo -, House ainda possui um amigo que é de extrema importância para sua vida: Dr. James Wilson (Robert Sean Leonard). Aliás, Robert Sean Leonard é um dos atores que mais surpreendem ao longo da série, o que também acontece com Olivia Wilde – Cowboys & Aliens (Resenha) -, que interpreta uma personagem fantástica e sem dúvidas a favorita. Outros atores e atrizes também fizeram importantes participações em House, como por exemplo, Liana Liberato – Confiar (Resenha) e Reféns (Resenha) -, uma excepcional atriz, ou seja, a série também serviu para mostrar grandes talentos.
Tirando o grande elenco, o melhor que encontramos em House é a forma como seus criadores transformaram uma série médica em algo capaz de entreter, ensinar e conquistar. Não ficamos presos apenas nos casos médicos de cada episódio, e sim conhecemos, pouco a pouco, cada uma das personagens principais e também aquelas que fazem pequenas participações. Gregory House, como realmente deveria ser, é aquele que mais sentimos mudanças ao longo de toda a história – sobretudo na 8ª temporada -, e é esse "jeitão House de ser" que mais encanta os telespectadores que acompanharam essa personagem por tanto tempo.
Em cada episódio, conhecemos todas as doenças capazes de afetar uma pessoa com os poucos sintomas que ela apresenta, e só no final que tudo é de fato revelado, mostrando a genialidade – e aí sim a semelhança com Sherlock Holmes – da protagonista. Quando a verdade é revelada, em muitos episódios entramos no corpo da pessoa, literalmente, para que assim possamos entender melhor aquela doença citada. Mais uma ótima sacada, que certamente agradou a todos e se tornou um diferencial.
Dr. House tem de fato muita coisa diferente do detetive inglês, e os pontos que lembram Sherlock Holmes são explícitos e às vezes até demais. Apesar disso, o que não podemos fazer, é dizer que Gregory House é apenas o Sherlock da medicina, porque não é isso. Ele pode ser uma mistura, que deu mais do que certo e que certamente não será esquecido. Sherlock é único há mais de um século. House é único há quase dez anos.
Felizmente, para os fãs, House terminou da melhor forma possível: no auge. Certamente vai deixar saudade, mas é melhor terminar quando ainda é um sucesso, do que ser esquecido no futuro por aquilo que se tornou, mas que na verdade não é. O último episódio é capaz de emocionar a todos, seja pela história ou por saber que é a última vez que se está assistindo um episódio inédito. O último episódio ainda consegue surpreender e tirar um sorriso e a pergunta: por que não pensei nisso antes?
Provavelmente você viu ao menos um episódio de House ao longo desses oito anos. Se não viu, já está na hora de reservar algumas semanas para assistir a todos os episódios da melhor série médica dos últimos anos, para que assim possa ter o prazer de dizer que acompanhou as aventuras e os devaneios de Gregory House, um homem complicado, de teorias que nem sempre concordamos, que sabe irritar, mas que no fundo tem um bom coração. Um homem que é capaz de armar tudo o que você possa imaginar, que se prejudica com suas atitudes, mas que involuntariamente, ajuda todos aqueles ao seu redor. Aquele que consegue esconder seus sentimentos, mesmo que isso esteja tão claro quanto a luz do dia. Por essas e outras que Hugh Laurie e Gregory House jamais serão esquecidos e que essa série fará falta por longos dias, meses e anos.