Foto - Fonte das Informações: AFP - G1/Wikipedia
Ao longo de quase quatro anos de mandato, Fernando Lugo, ex-bispo católico e eleito presidente do Paraguai em 2008, enfrentou diversas críticas, sofreu pressões de seus adversários políticos e inclusive passou por um tratamento de câncer. Sempre mostrando personalidade, Lugo superou todas as adversidades, mas foi acusado e condenado na última sexta-feira (22), o que resultou em seu impeachment.
A crise política no país teve início após confronto entre policiais e camponeses que acabou com a morte de dezessete pessoas. Fernando Lugo foi acusado de ser o principal responsável pelas mortes e isso afastou um dos principais aliados de seu governo. No dia 20, um dos deputados pediu o início do processo de impeachment e já no dia seguinte a Câmara aprovou o pedido em uma votação rápida e desfavorável ao então presidente: 76 votos a 1. Ainda na quinta-feira, o Senado definiu as regras que seriam usadas na decisiva sexta-feira.
No início da tarde do dia 22, teve início o julgamento que viria a cassar o mandato de Lugo.  Cinco advogados comparecem ao Senado para apresentar a defesa do presidente, porém com 43 senadores presentes, sendo que 39 votaram a favor, Fernando Lugo foi afastado do governo paraguaio. Em discurso, o socialista disse aceitar a decisão do Senado, mas afirmou que a democracia do país foi ferida profundamente.
O afastamento de Lugo gerou protestos por parte dos simpatizantes do político que quebrou o domínio da Direita que ficou a frente do país durante mais de seis décadas. A polícia precisou agir com bombas de gás e balas de borracha para evitar que os manifestantes entrassem no Congresso do Paraguai. Os manifestantes gritavam: Presidente Lugo!
Quase duas horas depois da cassação do cargo de Fernando Lugo, seu vice, Federico Franco, assumiu o cargo, se tornando o 53ª presidente do Paraguai. Franco é um grande admirador do ex-presidente Lula e crítico do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Em seu primeiro dia como Presidente, afirmou que respeitará a colônia brasileira no país vizinho: “Há muitas indústrias em território paraguaio, e a presença de 80 a 100 mil colonos brasileiros que são cidadãos paraguaios, que podem estar certos de que a minha conduta pessoal e a do meu partido vão ser de respeito irrestrito ao trabalho dos cidadãos do campo”.

Fernando Lugo
Fernando Armindo Lugo de Méndez nasceu em 30 de maio de 1951, na cidade de San Pedro del Paraná. Filho de uma família humilde se ordenou padre em 1977 e logo se transferiu para o Equador, onde trabalhou como missionário. No ano de 1983, foi para Roma, onde estudou Espiritualidade e Sociologia. Alguns anos depois foi nomeado bispo pelo então pontífice, João Paulo II. Em 2004 a Igreja Católica o afastou do cargo e Lugo passou a ser considerado um bispo emérito.
Fernando Lugo se candidatou ao principal cargo político do Paraguai e foi eleito nas Eleições Presidenciais de 2008, vencendo a candidata Blanca Ovelar. Ainda nos primeiros meses de seu mandato, surgiram diversas polêmicas, inclusive um possível filho não reconhecido que teve com uma jovem quando ainda era sacerdote. A partir de então, sua imagem ficou abalada, ainda que muitos fossem a favor do seu governo.

Federico Franco
A exemplo do seu antecessor, Luis Federico Franco Gómez veio de uma família católica, porém entrou na política ainda muito jovem. Nasceu em Assunção, no dia 23 de julho de 1962. Trabalhou como cirurgião e ocupou diversos cargos políticos antes de se candidatar a vice-presidência do país na mesma chapa de Fernando Lugo. Com o passar do tempo, ambos foram se afastando, até que Franco rompeu sua aliança com o até então presidente.
Federico Franco continua no cargo até 15 de agosto de 2013, quando o presidente eleito nas eleições do início do próximo ano assume o cargo, sendo que ele é um dos prováveis candidatos.