Nunca a Fiel Torcida esteve tão feliz e orgulhosa de seu time como nos dias que sucederam a maior conquista do Sport Club Corinthians Paulista. Fundado em 1910, o time paulistano sonhava com uma conquista continental desde que a Taça Libertadores da América teve sua primeira edição, no ano de 1960. De lá pra cá, foram 10 participações e muitas vezes a tentativa era um fracasso, mas superando as adversidades o Corinthians conquistou a América pela primeira vez.
Os grandes responsáveis pelo título corintiano não calçaram as chuteiras e nem mesmo entraram em campo. O Corinthians que em 2007 enfrentou o rebaixamento, um dos momentos mais tristes de sua história, deve muito ao empresário e ex-presidente do clube Andreas Sanchez, que durante quatro anos presidiu o time e mudou a cara do Corinthians.
Sanchez assumiu a presidência e enfrentou os problemas políticos e as dívidas deixadas por seu antecessor, Alberto Dualib. Desde que assumiu o Corinthians, Sanchez trouxe grandes estrelas e conquistou quatro títulos, entre eles o Campeonato Brasileiro 2011 (Imagem da Semana 49#). Mas o que ajudou na conquista da América foi a permanência de nomes que participaram da eliminação corintiana ainda na 1ª fase da Libertadores de 2011, quando o time perdeu para inexpressivo Tolima-COL. O técnico Tite é um deles, já que com sua experiência colocou o Corinthians entre os melhores times da América.
Com a classificação para a 53ª edição da Libertadores garantida, o time paulista precisava apenas aguardar pelos adversários da fase de grupos, que foram o Cruz Azul-MEX, Nacional-PAR e Deportivo Táchira-VEN.
A Campanha
A estreia da equipe alvinegra aconteceu contra o time venezuelano e tudo indicava que sairia do país vizinho com uma derrota, mas, nos últimos minutos, aconteceu o empate que deu um novo ânimo ao time que viria conquistar a América. Após seis jogos, a equipe brasileira somou 14 pontos, vencendo quatro das seis partidas e ainda empatando em duas oportunidades. Com a melhor defesa da competição, o time se classificou em primeiro do grupo e em segundo na classificação geral, e com isso pôde jogar a segunda partida como mandante em todos os jogos da fase final – já que não enfrentou o Fluminense, primeiro colocado no geral.
Nas oitavas-de-final, o Corinthians enfrentou o Emelec-EQU e apenas empatou sem gols no jogo de ida. A Fiel Torcida enfrentou mais 90 minutos de emoção no jogo de volta, porém a classificação para a próxima fase veio com certa facilidade, após vencer por 3 a 0. Seguindo o regulamento, o time precisava enfrentar um clube brasileiro e o adversário nas quartas-de-final foi o Vasco da Gama, campeão da Libertadores em 1998.
Disputando a primeira partida no Rio de Janeiro, o Corinthians voltou para São Paulo com um novo empate sem gols e precisava de uma simples vitória no jogo de volta para assim garantir a vaga para a semifinal. Em mais um jogo sofrido, a bola teimava em não entrar. A melhor chance de gol foi dos pés de Diego Souza, porém o jogador cruzmaltino perdeu o gol frente a frente com o goleiro Cássio. Poucos minutos depois o Corinthians abriu o placar e estava então entre os quatro melhores times da América, assim como aconteceu em 2000, quando foi derrotado pelo maior rival, o Palmeiras.
O time ainda não sabia quem seria seu adversário. Se o Vélez Sársfield vencesse o Santos, o time argentino enfrentaria o também argentino Boca Jrs; mas em caso de vitória santista, o adversário do Corinthians seria o alvinegro praiano, tricampeão da América. A classificação do Santos aconteceu após uma vitória magra que levou a disputa com o Vélez para as penalidades máximas. Nos pênaltis o time paulista venceu e a exemplo de 2000, o Corinthians tinha um grande rival pela frente.
Na semifinal, muito se esperava de Neymar, estrela do Santos, mas o jovem jogador pouco apareceu nas duas partidas No jogo de ida, realizado na Vila Belmiro, em meio a muita confusão, o atacante Emerson Sheik fez um bonito gol e o Corinthians venceu por 1 a 0. No jogo de volta, o Santos foi superior em grande parte da partida e abriu o placar, o que levaria para uma nova disputa de pênaltis. Porém o time paulista teve a sorte de campeão, empatou e pela primeira vez em sua história se classificou para uma final de Libertadores.
Batalha Final
O grande adversário foi o temido Boca Jrs, time argentino que conquistou a América em seis oportunidades e que queria se igualar ao também argentino Independiente, que com sete conquistas é o maior vencedor da competição intercontinental. No primeiro jogo, em La Bombonera, um verdadeiro caldeirão, o time brasileiro sofreu a pressão nos 90 minutos e tomou um gol. A defesa, muito bem armada, impediu que o time argentino ampliasse o placar, enquanto o ataque, com o jovem Romarinho, conseguiu o único gol que manteve o sonho do título vivo.
O dia 04 de julho de 2012 jamais será esquecido pela nação corintiana. Enquanto os americanos comemoravam o feriado da Independência, os corintianos aguardavam para a partida mais importante da história do clube. Mas a conquista não seria fácil, afinal, tinha do outro lado do campo um clube argentino acostumado a vencer e a provocar. O que ajudou na conquista foi a forma como os jogadores entraram em campo, sem se preocupar com o peso da camisa azul e amarela, e nem mesmo com a pressão característica de um Brasil x Argentina.
Sem nenhuma derrota na competição, caso vencesse, o time conquistaria de forma invicta, algo que poucos conquistaram. E a primeira etapa mostrou que seria um jogo difícil. Uma verdadeira guerra dentro das quatro linhas. O Corinthians não começou tão bem e sofreu a pressão do time argentino, porém conseguiu impedir que o adversário chegasse ao gol do goleiro Cássio. Primeiro tempo sem gols e o título inédito viria em apenas 45 minutos de jogo.
Dizem que no futebol quem não faz leva, e isso aconteceu no Estádio Municipal do Pacaembu, onde o time manda seus jogos. O Boca Jrs não aproveitou a técnica de seus jogadores, enquanto o Corinthians fez exatamente o contrário. Após uma falta infantil cometida pelo craque Riquelme, a bola foi jogada na área e na confusão caiu nos pés de Emerson Sheik, que com toda categoria colocou a bola no fundo das redes.
Um gol. Apenas um gol garantiria o sétimo título do Boca, mas os argentinos ficaram nervosos e deixaram espaço no campo, o que é normal quando se está perdendo. O que eles não esperavam era que Emerson receberia uma nova bola e ampliaria o placar, para concretizar o título do Sport Club Corinthians Paulista.
O grito de É Campeão veio poucos minutos depois. A alegria foi profunda nos corações de mais de 30 milhões de corintianos espalhados pelo Brasil. Em cada canto do país, a comemoração veio do seu jeito e agora a América está pintada de preto e branco.
Com o título, o Corinthians se tornou o 9º time brasileiro a levantar a taça mais desejada da América. Garantiu uma vaga para a próxima edição da competição e também uma vaga para o próximo Mundial de Clubes da FIFA, que acontece em dezembro no Japão e já tem o Chelsea-ING, campeão da Liga dos Campões da Europa (Imagem da Semana 72#), o Monterrey-MEX, campeão da Liga dos Campeões da CONCACAF, e o Auckland City-AUS, campeão da Liga dos Campões da OFC. Em 2013, o time também disputa a Recopa Sul-Americana, onde enfrentará o campeão da Sul-Americana de 2012.











