Colecionadores de Histórias, Rogério Feltrin, 1ª edição, São Paulo-SP:
Planeta, 2016, 192 páginas.
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A trajetória de quase trinta anos da banda Rosa de Saron tem diversas peculiaridades que transformam a banda em uma referência do rock católico no Brasil. Embora tenha surgido dentro de um movimento católico, a importância do grupo ultrapassou as barreiras impostas pelas divergências religiosas e hoje todos que compõem esse grupo podem se orgulhar de ter conquistado fãs de diversas religiões cristãs — e outros tantos que nem menos seguem uma religião —, isso sem levar em consideração o seu poder de evangelização, um elemento talvez ainda mais importante.
Com tantos fãs, que carregam suas próprias histórias, seria natural que o grupo recebesse diariamente muitos relatos e a proposta de Colecionadores de Histórias é justamente narrar alguns deles, deixando-os para a posterioridade. Diferente de “Rock, Fé e Poesia” (Ed. Pontes, 2008), em que Rogério Feltrin, o fundador e baixista da banda, narra toda a trajetória do Rosa de Saron, na ocasião completando vinte anos de estrada, em Colecionadores de Histórias o autor apresenta uma série de histórias dos fãs, não sem também refletir sobre o impacto que cada história gera.
O que torna o livro tão marcante ao seu leitor é perceber como os relatos contidos em suas páginas podem possuir semelhanças com as histórias que todos nós vivemos dia após dia. De perdas familiares a problemas relacionados às drogas, de doenças incuráveis a transformações a partir da dor, os relatos publicados na obra emocionam a ponto de tirar lágrimas e de apertar o coração — perdi as contas de quantas vezes enxuguei os olhos durante a leitura. Também por isso é uma leitura que exige o mínimo de um bom estado de espírito para saber lidar com tantas histórias tristes, e algumas muito pesadas, que os nossos semelhantes são obrigados a enfrentar.
Ao organizar o livro, sem fazer uma seleção das melhores histórias, mas sim procurando publicar aquelas que mais tocassem o seu coração, por mais simples que fossem, Rogério Feltrin se preocupou em manter o anonimato dos autores das histórias. A semelhança que existe em cada uma delas é que todas possuem alguma relação com uma ou outra letra do Rosa de Saron, o que explica as epígrafes que abrem cada texto, fazendo com que cada relato tenha a sua própria trilha sonora e possibilitando uma entrega maior por parte do leitor.
Ainda mais para um grande fã, como é o meu caso.
Outra semelhança significativa é que cada história possui um pensamento de Rogério Feltrin. Uma reflexão. Quem conhece o trabalho do Rosa de Saron sabe que Feltrin é um pregador excepcional e sempre que ele fala qualquer coisa em seus shows, pode-se esperar grandes reflexões e uma carga emocional muito forte. Suas reflexões variam muito: algumas parecem ter sido escritas por obrigação, só para manter o padrão do livro e isso é o grande e único problema, mas outras tem muito o que dizer, por isso a necessidade de uma leitura mais atenta, para que nada se perca com distrações ou algo semelhante.
A verdade é que Colecionadores de Histórias segue um esquema parecido de todas as letras do Rosa de Saron. Assim como as canções possuem letras significativas, carregando muitas mensagens nas entrelinhas, as histórias contidas no livro não poderiam ser diferentes e também carregam uma profundidade inexplicável, em especial por sabermos que tudo é real. Real em todos nós.
“Por essa razão, o cristianismo não é uma religião do caminhar sozinho, é uma religião de comunidade, de partilhar a mesa, de se encontrar na comunhão, de acreditar que a família é a força motora da sociedade, de chamar o outro de irmão. Cristianismo é a religião de nos ligar a Deus, mas não “apenas” isso, é de nos ligar ao outro” (pág. 46-47).
Olá Ricardo!
ResponderExcluirEu conheço a Rosa de Saron, mas nunca cheguei a ouvir uma música deles. Não sou a maior fã de música religiosa, admito.
Mas amei a ideia do livro de compilar histórias de fãs que tem alguma relação com a banda, deve ser um livro emocionante. =D
Beijos!