Autor do livro “Carratos — Uma história de rock” (Novo Século, 2011), biografia da banda homônima que narra os passos de um grupo de rock considerado um sonho realizado pelo próprio autor, Ocelo Moreira embarca, com Oliver Moore — O legado do rock, em sua primeira obra ficcional, tendo mais uma vez o gênero musical que mais transformações causou na música mundial como temática principal.
Oliver Moore gira em torno do músico de mesmo nome, personagem que mora no interior da Inglaterra e enfrenta um momento difícil em sua vida, quando conhece um milionário que lhe promete transformar a sua vida. Com esperança de que essa promessa realmente fará a diferença, ele parte para Londres, mas tem seus planos interrompidos graças a uma grande crise financeira, obrigando-o a recomeçar. O recomeço acontece ao lado de seu melhor amigo e de seu grande amor da adolescência. Juntos, e com a música como grande aliada, os três sofrem mudanças irreparáveis em suas vidas, ditando todo o ritmo do enredo.
Por ter como premissa as mudanças enfrentadas pelo protagonista a partir de escolhas e oportunidades que surgem em sua frente, o primeiro romance de Ocelo Moreira cumpre com precisão aquilo a que se propõe. O autor sabe muito bem como explorar tais mudanças e as coloca em um nível de grande importância para todo o contexto literário que aborda, embora faça isso de um modo pouco convencional para uma ficção.
Isso acontece muito pelo excesso de reflexões que estão a cada nova página. Até determinado momento as reflexões propostas pelo autor são mais frequentes do que as ações de suas personagens, impossibilitando o entretenimento naturalmente esperado em uma ficção — reflexões são normais e bem-vindas quando inseridas naturalmente para fazer a diferença, mas quando inibem o que realmente esperamos acabam sendo uma verdadeira pedra no sapato. Devido a esse estilo narrativo, as ações se tornam mais frequentes apenas quando a obra já está se encaminhando para o final, criando a sensação de que faltou um algo a mais.
O desenvolvimento das personagens, por sua vez, acontecem da maneira adequada. Como citado anteriormente, a proposta de transformar a vida do protagonista após o encontro com o milionário misterioso surte o efeito esperado, sendo o ponto chave de Oliver Moore. Diferente da narrativa, por vezes monótona e com ausência de verdadeiros plot points que causem grandes reviravoltas, Oliver Moore e seus companheiros passam por transformações ao longo do enredo que o tornam eficiente do ponto de vista humano, isto é, a realidade das personagens foram melhores exploradas que o estilo filosófico e reflexivo da narrativa.
Com erros e acertos, Oliver Moore é um exemplo clássico de livro que ao fugir do convencional esperado em uma ficção, acaba se transformando em um livro incapaz de agradar gregos e troianos — ou nesse caso, agradar ao mesmo tempo punks e metaleiros.
