Dizer que é não é fácil encontrar vítimas de psicopatas, é praticamente impossível, ainda mais com essa ferramenta tão incrível que é a internet. Dizer que mesmo se achar uma vítima, que ela jamais iria se expor, é também se arriscar a falar uma besteira tremenda. Para hoje, na série Psicopatas e Serial Killers, iria postar algo completamente simples, mas deixa pra próxima certo?
O motivo de adiar essa postagem, é o blog que acabei achando por acaso: Meu Namorado Psicopata. Como o próprio nome já diz, o blog é sobre uma mulher que era namorada de um psicopata, e depois de 'sofrer' nas mãos desse homem, decidi criar um blog contando suas histórias, e ajudando pessoas interessadas no assunto, a entenderem mais sobre esse tipo de pessoa. Já desativado a um bom tempo, por motivos obvios, o blog era escrito por Maria (codinome) e seu namorada era o Pedro (codinome), e um dos posts era esse transcrito logo abaixo.
1) Qual é a definição de psicopata?
Psicopata é o indivíduo que apresenta um Transtorno de Personalidade, que se caracteriza por total ausência de sentimento de culpa, arrependimento ou remorso pelo que faz de errado; falta de empatia com outro e emoções de forma geral (amor, tristeza, medo, compaixão etc.). Os psicopatas são frios e calculistas, mentirosos contumazes, egocêntricos, megalômanos, parasitas, manipuladores, impulsivos, inescrupulosos, irresponsáveis, transgressores de regras sociais, muitos são violentos e só visam o interesse próprio. Eles estão infiltrados em todos os meios sociais, credo, sexo, cultura e são capazes de passar por cima de qualquer pessoa apenas para satisfazer seus sórdidos interesses. Podemos dizer que são verdadeiros “predadores sociais”, almejam somente o poder, status e diversão e usam as pessoas apenas como troféus ou peças do seu jogo cruel.
2) Psicopata é qualquer maluco ou louco?
Não. É muito comum as pessoas associarem psicopatia com loucura, mas isso é uma idéia equivocada. “Loucura” é o que a medicina denomina surto psicótico (alucinações ou delírios), como ocorre com os portadores de esquizofrenia, por exemplo. Os esquizofrênicos vivem numa “realidade paralela”, fora de si ou em ruptura com o “mundo verdadeiro”, e, exatamente por isso, não têm noção do que fazem. Já os psicopatas sabem exatamente o que estão fazendo, que estão infringindo regras sociais, e que a vítima está sofrendo com suas atitudes maquiavélicas, imorais e antiéticas. Isso porque os psicopatas não apresentam problema algum de ordem cognitiva ou deficiência de raciocínio. A deficiência deles está no campo das emoções: aquilo que nos vincula afetivamente com o outro ou com todas as coisas do universo.
3) Todo psicopata é um serial killer?
Isso também é um grande equívoco. Somente uma pequena parcela dos psicopatas é serial killer ou assassino em série. A maioria sequer matou uma pessoa ou até mesmo apresenta uma aparência perversa. Para entender isso, é preciso ter em mente que existem níveis variados de psicopatia: leve, moderada e severa. O psicopata leve (a maioria) é aquele que vive de golpes, roubos, fraudes, estelionatos, que engorda ilicitamente suas contas bancárias com o dinheiro público etc. Esses tipos estão disfarçados de líderes religiosos, bons políticos, executivos bem sucedidos, bons amigos, bons amantes… Eles podem arruinar empresas, destruir lares, dar “rasteiras” nos colegas de trabalho, se promover à custa dos outros, mas não sujam suas mãos de sangue. Geralmente são charmosos, sedutores, inteligentes, aparentam ser pessoas “do bem”, possuem grande poder de persuasão e habilidade para enganar quem quer que seja. Estão do lado de fora das grades, convivendo com todos nós, sem levantar suspeitas de quem realmente são. Outros, de fato, são assassinos ou até serial killers e matam tal qual feras predadoras. Porém, qualquer que seja o nível de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam.
4) Como reconhecer um psicopata e se proteger?
Reconhecer um psicopata não é uma tarefa tão fácil como se possa imaginar. Até porque, como já dito, a maioria não tem aparência de mau ou descuidada, tampouco possuem uma estrela na testa que possa identificá-los. Até os profissionais da área médica e psicológica podem ser facilmente enganados por eles, uma vez que os psicopatas representam muitíssimo bem. São os verdadeiros atores da vida real. Mas ter cautela é sempre importante quando não se conhece alguém ainda muito bem. Checar seus hábitos, saber um pouco do seu passado, ficar atento ao joguinho “da pena”, “do coitadinho” (todos fazem isso num determinado momento). Eles são muito habilidosos em usar da nossa boa fé. Sem querer ser pessimista, somente realista, antes de reconhecer um psicopata precisamos entender que a maldade existe verdadeiramente. A nossa tendência é sempre achar que o outro não é tão ruim assim e que um dia ele vai mudar. Ao identificar um deles ou perceber que há algo de estranho no ar, alguns cuidados são importantes, mas o essencial é tomar distância absoluta e jamais compactuar com alguém dessa natureza.
5) A partir de que idade é possível diagnosticar a psicopatia?
A medicina só pode dar o diagnóstico de psicopatia a partir dos 18 anos. No entanto, ninguém se transforma em psicopata de um dia para o outro. O indivíduo já nasce psicopata. Assim, fica claro que uma criança e um adolescente também apresentam condutas maldosas ou são genuinamente perversos. Isso se percebe nos maus tratos com os irmãos, coleguinhas e animais, nas mentiras recorrentes, roubos de pertences dos outros, transgressões de regras sociais, e especialmente na falta de afeto. Porém, por uma questão de nomenclatura, antes da maioridade o problema é denominado Transtorno da Conduta, antigamente conhecido como delinqüência.
6) Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é basicamente clínico, ou seja, através da observação do comportamento e do histórico de vida do indivíduo. O exame deve ser rigoroso e o profissional estar muito atento, uma vez que os psicopatas são manipuladores e podem se passar por “gente do bem”. Normalmente são os pais que levam seus filhos ao consultório, por não agüentarem mais o seu comportamento desafiador ou transgressor ou por acharem que falharam na educação dos mesmos. Já os adultos dificilmente procuram por um consultório psiquiátrico ou psicológico. Alguns países como o Canadá, Inglaterra, Austrália costumam utilizar na população carcerária um check list denominado escala Hare ou PCL (desenvolvido pelo canadense Robert Hare). Trata-se de um questionário específico com o qual o presidiário pode ser avaliado através de pontuações. É uma das ferramentas mais confiáveis que se tem até o momento para separar o criminoso comum do criminoso psicopata. Outra técnica que só vem corroborar com o diagnóstico da psicopatia é o exame de neuroimagem (ressonância magnética funcional – RMf). Com essa técnica é possível verificar se o indivíduo apresenta “falhas” em determinadas regiões cerebrais e no sistema límbico (estrutura responsável por nossas emoções). Embora seja um exame bastante preciso, atualmente só é utilizado na realização de pesquisas. No entanto, nada impede que o profissional solicite este exame como mais um elemento comprobatório na identificação da psicopatia, em serviços que possuem essa tecnologia.
7) Qual é o tratamento? Tem cura?
Em se tratando de saúde mental, só podemos falar em tratamento para as pessoas que estão em sofrimento e apresentam intenso desconforto emocional, que as impede de manter uma boa qualidade de vida. Por mais bizarro que possa parecer, os psicopatas parecem estar inteiramente satisfeitos consigo mesmos e não apresentam constrangimentos morais ou sofrimentos emocionais como depressão, ansiedade, culpas, baixa auto-estima etc. Assim, não é possível tratar um sofrimento inexistente. No que tange aos medicamentos, nenhum deles, até o momento, se mostrou eficaz no tratamento da psicopatia. Tratar de um psicopata é uma luta inglória, pois não há como mudar sua maneira de ver e sentir o mundo. Psicopatia é um modo de ser. O que o médico e/ou terapeuta podem fazer é dar suporte e oferecer tratamento às vítimas dos psicopatas, uma vez que são elas que verdadeiramente sofrem.
8) A legislação brasileira está atualizada no que diz respeito à punição dos psicopatas?
O problema do Brasil é que ele agrupa os psicopatas e os doentes mentais na mesma legislação. No entanto, a psicopatia não se enquadra nas doenças mentais padronizadas: não são débeis, tampouco apresentam sofrimento emocional. A psicopatia, por ser um transtorno de personalidade, cujas “falhas” cerebrais estão no campo dos afetos, tem como resultado um indivíduo cujo “modo de ser” se limita a condutas anti-sociais com enorme potencial destrutivo. Se um criminoso psicopata for condenado e caso ele não receba esse diagnóstico, cumpre prisão como qualquer outro presidiário comum e se mistura em celas dos criminosos recuperáveis. Quando esse indivíduo sair da cadeia, a sociedade corre os mesmos riscos de antes, uma vez que os psicopatas não aprendem com os erros passados, com qualquer punição ou método de ressocialização. Se este mesmo indivíduo for diagnosticado como psicopata, pela legislação ele é considerado um doente mental e se beneficia de um tratamento psiquiátrico em manicômio judiciário. Como não há cura, teoricamente ele deveria ficar por lá pelo resto da vida, mas sabemos que enganos acontecem e ele pode receber alta de uma hora para outra.
9) Como é o cenário em outros países?
Em países como o Canadá, Inglaterra, Austrália e em alguns estados dos EUA, onde se aplica a escala Hare (check list para psicopatia), o psicopata cumpre penas bem mais rigorosas: prisão perpétua em celas específicas com isolamento.
10) O percentual de homens psicopatas é maior? Existe uma razão para isso?
Pelas estatísticas oficiais sim. São três homens para cada mulher. No entanto, não sabemos se as mulheres não estão sendo subdiagnosticas. Isso porque os homens são naturalmente mais impulsivos e agressivos que as mulheres e podem revelar a psicopatia com mais facilidade e/ou visibilidade. Já as mulheres apresentam uma perversidade mais sutil, camuflada, no campo das intrigas. Mas seja lá como for não existe nenhuma pesquisa que aponte porque existem mais homens psicopatas que mulheres.”
Fonte: 'Maria' tirou essas perguntas do site da Clinica Médicina do Comportamento