O amor que aliena e o amor que salva


Amor de Salvação, Camilo Castelo Branco, São Paulo: Martin Claret, 2002, 168 pág.

“Amor de Salvação” foi publicado em 1864, trata-se de uma novela passional escrita por Camilo Castelo Branco, um dos expoentes do romantismo em Portugal. É também o autor de Amor de Perdição (1862), O olho de vidro (1866), A mulher fatal (1870), entre outras obras. Castelo Branco nasceu em 1825, teve uma vida muito conturbada e, suicidou-se no ano de 1890.
No livro, a história se desenrola a partir dos relatos do protagonista ao narrador em uma única noite (noite de Natal), onde ele se propõe a falar de sua vida amorosa, contando sobre seu amor de salvação, não sem antes mencionar todas as desventuras para encontrá-lo, afinal, como o próprio Camilo coloca em observação, “[...] a felicidade, como história, escreve-se em poucas páginas: é idílio de curto fôlego; no sentir intraduzível da consciência é que ela encerra epopéias infinitas; - enquanto que a desgraça não demarca balizas à experiência nem à imaginação”(p.13), portanto, todos os capítulos do livro são destinados ao amor que destrói, que corrompe e apenas os últimos capítulos são destinados ao amor de salvação.
Afonso está desde verdes anos apaixonado por Teodora, os dois estão prometidos em casamentos, no entanto, a vida pregou uma peça aos dois e o tão esperado enlace matrimonial não pode se concretizar. Neste ínterim, ocorrem muitos desentendimentos e Teodora por fim casa-se com seu primo. Afonso desespera-se, o sofrimento é estarrecedor. Ocorre que depois de muitos anos os dois mantêm uma relação, mas não transcorre como o planejado, pois Teodora o trai. Afonso desenganado vive uma vida boêmia de luxo e esbanja todo seu espólio. Aí surge o anjo que sempre esteve ao seu lado e sempre o amou: Mafalda, que é a única capaz de lhe dar um amor ingênuo e puro: o amor de salvação.
Sem sombra de dúvida, este romance é belíssimo e diante de todos os fatos narrados, nos deparamos com as ironias tão peculiares de Castelo Branco, pois em suas obras confluem muitos questionamentos e criticas a sociedade de seu tempo. Vale frisar que a linguagem usada pelo autor, apesar de culta e rebuscada, não dificulta em momento algum a leitura.
Por fim, recomendo esta obra para todos os tipos de leitores que gostam de amores fulminantes, tocantes que dão sentido para a existência humana; para os fãs do autor e também para aqueles que apreciam um bom clássico da literatura.


[por: Camila Márcia]

Um Comentário

  1. Sem dúvidas,Camilo Castelo Branco foi um gênio,o triste mesmo foi final trágico que ele trouxe para a sua vida;muito triste.

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