Capítulo II: Senhora Sorte
Desci rapidamente pela escadaria do prédio, localizada no fim do corredor de meu andar. Estava sem tempo para esperar a chegada do elevador, pois cada segundo era precioso para mim. Os ponteiros de meu rolex estavam cravados em 1:10AM, tinha apenas 20 minutos para chegar ao departamento.
Finalmente, cheguei ao hall de entrada, todo iluminado, com luzes fortes, com pilares de mármore sustentando o local. Instantaneamente, uma recepcionista, com cabelos louros, me perguntou:
- Posso ajudá-lo, senhor? Você me parece agitado!
- Ninguém pode me ajudar... – Respondi friamente, olhando fundo em teus olhos claros – Preciso de meu carro, agora!
- Dirija-se ao estacionamento, senhor.
Sem presentear a recepcionista com meu agradecimento, fui expressamente ao estacionamento do hotel, localizado no andar subterrâneo.
Ao adentrar, percebi que o estacionamento estava completamente vazio. Minha BMW 760 prateada não estava em lugar algum. Talvez, todos os moradores do Duane Street Hotel saíram com seus carros, mas não entendia por que motivo o meu não estava lá. Perguntei sobre o paradeiro de meu veículo, para o porteiro responsável por fiscalizar a entrada e saída de carros do hotel.
- Sinto muito, senhor... – Disse o porteiro, de cabelos grisalhos, com uma xícara de café na mão, e com um charuto na outra – me recordo que o senhor deixou seu veículo estacionado em frente ao hotel, do lado de um hidrante. O seu carro foi rebocado, e levado. Pediram para que entregasse este papel, com o valor definido para a retirada do carro, no estacionamento da polícia.
- Droga, por que eu não fui avisado? Preciso urgentemente de meu carro!
- Me desculpe senhor, a recepcionista disse que, mais cedo, quando o senhor chegou do trabalho, pediu para que não fosse incomodado, em nenhuma circunstância, achei então que isto seria irrelevante. Pensei então que o senhor poderia tomar conhecimento do acontecido, ao descer até o hall de entrada e...
- Não diga mais nada... Até mais ver
Sai de lá cuspindo fogo pelas ventas.
Os problemas tendiam a se acumular cada vez mais em minha vida, agora teria que pagar uma multa altíssima por parar em frente de uma porcaria de hidrante.
Corri em direção a rua, procurando por carona, mas estava vazia, e eu não tinha nem um conhecido por perto, que poderia me fazer tal favor. Andei alguns metros, até chegar à esquina, foi então que vi um Sedan parado em frente à Raimo Pizza, provavelmente de algum cliente que estava empanturrando insanamente. Não tive alternativa, a não ser confiscar este carro. Cheguei furtivamente até a sua porta esquerda, e percebi que estava com o alarme desligado e com o vidro da porta do lado direito abaixado. Estava muito fácil de ser roubado, ou em termos policiais, “confiscado”. Provavelmente, o dono do carro não teve preocupação em trancar o carro, pois de dentro da pizzaria, ele tem um grande campo de visão do seu carro. Espreitei até a porta direita do veículo, e dei uma olhada para ver se conseguia identificar o dono. Não foi difícil, ele era o único cliente que estava presente no estabelecimento. Era um homem gordo, calvo, vestido com um suéter azul de mangas compridas. Ele estava de costas para seu carro, então pensei que minha sorte estava mudando. Mas estava enganado, pois quando tentei pular pela janela do Sedan, um atendente que estava ao telefone, gritou desesperadamente para o gordo de suéter:
- Meu Deus, o seu carro está sendo roubado!
Em tentativa de acalmá-lo, retirei meu distintivo do bolso de meu agasalho, e gritei:
- Polícia de Nova Iorque! Estou confiscando seu veículo!
Tentativa na qual tornou a situação ainda mais problemática, pois ambos desacreditaram que eu fazia parte da NYPD, acreditavam ser um disfarce de um criminoso para ter facilidade nos furtos. O homem gordo respondeu, enquanto corria em direção a porta, para evitar que confiscasse seu veiculo:
- Polícia que nada! Sai já de meu carro seu imbecil!
Não tinha muito que fazer, explicar só iria me atrasar ainda mais, então em mais uma medida desesperada, entrei ligeiramente no carro, sentei no banco macio de motorista, que estava todo rasgado, e antes que o dono chegasse ao seu Sedan, fiz uma ligação direta para que o motor funcionasse.
Sorte é algo que não conheço, e isto se tornava ainda mais evidente para mim, pois ao tentar fazer a ligação direta, o homem jogou-se diante da janela, e tentou me pegar pelo braço, mas falhou e acabou rasgando a manga de meu agasalho. Já estava com a adrenalina fervendo dentro de minhas veias, e sem pensar nas conseqüências, esmurrei o rosto do homem, foi então que ele desmaiou sobre o banco do carona.
Finalmente, consegui fazer a ligação direta, e o carro funcionou. Não era dos melhores, muito menos rápido, mas era a minha única opção. Joguei o homem gordo para fora do carro, e cravei meus pés no acelerador.
Nove minutos se passaram, e tinha apenas 11 minutos restantes para chegar ao meu destino. Sabia que não seria fácil chegar lá, respeitando todas as normas de trânsitos e as leis, então resolvi abusar dos meus direitos, e acelerei compulsivamente aquele Sedan, ultrapassando a velocidade limite das ruas de Nova Iorque. Sinais de trânsito ficaram invisíveis para mim, pedestres tornaram-se fantasmas, o carro em que estava tinha se tornado um trem-bala, com destino traçado, destruindo tudo o que aparecia em sua frente. A paisagem, ao meu redor passava-se diante de meus olhos em questões de segundos. Prédios se tornavam apenas borrões cinzentos, junto das luzes de suas janelas. Sentia-me em direção do inferno, prestes a encontrar o diabo.
É nessas horas de intensa adrenalina que um homem vê sua vida, seus atos passando diante de teus olhos. Comecei a questionar a mim mesmo, sobre quem eu era e sobre o que eu viria a ser no futuro, agora que eu estava prestes a ser pai. Estava me sentindo como um adolescente de 18 anos, incerto sobre tudo e desesperado com a idéia de ter um filho. Aos meus 30 anos de idade, isso não seria problema, mas eu jamais pensei em ter um filho, pois sempre achei cruel trazer uma criança inocente para um mundo repleto de pecados.
Já conseguia ver o departamento no horizonte, me senti tranqüilo por estar prestes a alcançar meu destino, mas como eu destaquei, a sorte é algo que não está do meu lado. Ouvi o grito de uma buzina de um carro que vinha da rua a direita da que eu estava, parecia o rugido de um leão feroz atrás de um pedaço de carne, prestes a dilacerá-lo. Olhei rapidamente em direção até este carro, mas consegui apenas ver faróis fortes, com luz tipo xenon, dos quais me segavam. Pareciam olhos brilhantes, expressando uma fúria infinita, em meio à escuridão. Depois disso, eu apenas vi um clarão branco diante de meus olhos. A senhora sorte era uma vadia muito ambiciosa, uma prostituta na qual eu não tinha um tostão para pagar. Ela sentia prazer em me ver sofrer, tratava de colocar um obstáculo em minha vida, sempre que recusava um de seus programas sujos. Ela acabara de me fazer sofrer um acidente.
A atitude de Lucas é aquela de um tira bom caráter e que realmente quer colocar os pingos nos I's. Pode parecer estranho, mas acho que o povo que tomam atitudes do tipo, mereciam mais respeito.
ResponderExcluirQuero mais, quero mais ><
Sem dúvidas, esse é um dos focos que tenho ao escrever a história do protagonista, torna-lo um 'tira bom caráter', assim como os bons policias, que fazem de tudo pra exercer o seu trabalho... espero estar retratando da melhor forma possível !
ResponderExcluirDia 27, Capítulo 3, tem muita coisa por vir *-*
Tomando essa atitude eu acredito que esteja no caminho certo, vamos ver né? Até por que, tem essa lado obscuro que até agora não tenho ideia do que seja :X
ResponderExcluirNo Aguardo!!
@_ricbiazotto ahh esse lado obscuro... mal você sabe o que esta por vir MAUHAUHAUHUAUAHUA
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