Capítulo III: Frente a Frente com o Demônio
Minha cabeça latejava forte, sentia que estava a ponto de explodir. Abri os olhos lentamente, porém nada pude ver, pois nada havia ao meu redor. Estava sentado em uma cadeira de madeira, com os braços amarrados por uma corda, com um facho de luz vindo do alto, descendo até minha cabeça, iluminando o local onde estava. Parecia que estava em alguma outra dimensão, pois estava tudo escuro, e não conseguia ver um final, no horizonte. Nem se quer, conseguia ver o horizonte, o único campo de visão que eu tinha, era desta luz.
Minha cabeça latejava forte, sentia que estava a ponto de explodir. Abri os olhos lentamente, porém nada pude ver, pois nada havia ao meu redor. Estava sentado em uma cadeira de madeira, com os braços amarrados por uma corda, com um facho de luz vindo do alto, descendo até minha cabeça, iluminando o local onde estava. Parecia que estava em alguma outra dimensão, pois estava tudo escuro, e não conseguia ver um final, no horizonte. Nem se quer, conseguia ver o horizonte, o único campo de visão que eu tinha, era desta luz.
Não conseguia entender o que estava acontecendo, pois a minha ultima lembrança, era de um acidente que havia sofrido em uma esquina qualquer, dirigindo um Sedan confiscado. Lentamente, comecei a ouvir passos bem distantes, e aos poucos, o som emitido por estes passos, tendia a aumentar. Provavelmente, era alguém que estava se aproximando. Desesperadamente, sem conseguir pensar em algo melhor, tentei pedir por ajuda, mas minha voz não saía. Senti-me em um universo psicodélico, um daqueles pesadelos clássicos que temos, onde estamos em apuros, mas não conseguimos correr ou pedir por ajuda, porém, aquela situação era tão real, era quase impossível ser um pesadelo.
Pude ver uma pessoa, um tanto quanto distante, olhando para mim. Identifiquei algumas características desta pessoa: era um homem, usando um Smoking, com um cavanhaque comprido, diversos acessórios de ouro espalhado pelo pescoço, inclusive anéis, com símbolos que pareciam ser de alguma seita ou clã ocultista. Este homem era um tanto quanto obscuro, teus olhos brilhavam, com uma cor escarlate, e em volta de seu corpo, havia uma espécie de fumaça, algo parecido com uma aura. Dali em diante, já não entendia mais nada do que estava acontecendo, apenas abaixei minha cabeça, e deixei que o tempo passasse.
Cabisbaixo, tentava olhar pelo canto do meu olho, o que este homem estava fazendo lá parado. Ele ficou na mesma posição, olhando diretamente para mim, por uns 5 ou 10 minutos, não sei exatamente, pois no estado em que eu estava, já não tinha mais noção de tempo, muito menos do que era real, ou fictício... Muito menos, quem eu era.
Passados mais alguns minutos, este homem aproximou um pouco mais, chegando bem perto da luz que vinha do alto. Ele então, com uma voz grossa, rouca e medonha, me questionou:
- Você está com medo?
A aproximação deste homem fez com que eu recuperasse minha voz, de uma forma misteriosa. Consegui responde-lo friamente:
- Deveria estar?
- Ora, Ora... Você realmente se tornou uma pessoa fria, já não sabe mais o que são os sentimentos... Amor, ódio, medo, prazer, dor... Creio que você os desconhece... Você tem trabalhado muito, Sr. Linnankivi...
Fiquei surpreso, ao ver que este indivíduo sabia alguma coisa sobre mim, pois eu era alguém bem fechado, sem muitos amigos, sem ninguém para contar sobre minha vida. Ele tornou a falar:
- Sim, eu sei que você está surpreso por ver que sei algo sobre sua vida... Ou sobre seus “sentimentos”, estou certo?
- Se você sabe que está certo, por que perde seu tempo, me questionando?
- HaHaHaHa! Você realmente se parece muito comigo, por isso que eu gosto de você... Você é sádico, e não se importa com o sentimento dos outros, nem mesmo com aquilo que vão achar de você... não se importa com a reação que virá depois das ações ingênuas, que o senhor insiste em cometer, a cada segundo de sua vida...
- Você fala de mais, palhaço.
Maltratar aquele homem, com aparência demoníaca, provavelmente era uma das ações ingênuas que o mesmo havia citado. Mas nada mais me importava, pois já estava frente a frente com o demônio.
- HaHaHaHa! Palmas, Palmas! Você é de mais! Acho que devo te dar um Oscar por esta brilhante cena... É admirável que você não se intimide, diante de mim, não? Mesmo sabendo quem sou eu...
- Não temeria você, nem mesmo que você fosse o diabo!
- Você acertou, SOU EU MESMO! – Gritou este homem, com uma voz demoníaca. Parecia uma voz de um destes filmes de terror, onde o protagonista encontra com o demônio. Desta vez, eu não estava em um filme, era tudo real, ou aparentemente real.
De imediato, a escuridão ao meu redor desapareceu, e foi substituída por uma cadeia de montanhas, com lava caindo delas, junto com arvores mortas e ossadas espalhadas. A cadeira em que estava preso desapareceu e misteriosamente, fiquei em pé, involuntariamente. Aquele homem, ou melhor, aquele Demônio estava mais uma vez diante de mim, desta vez diferente. Em sua cabeça, chifres enormes e curvados, nas costas, asas que mediam mais de 4 metros, um corpo musculoso, com uma altura quase impossível de medir a olho nu.
Olhando, mais uma vez, diretamente para mim, sorrindo, me deu boas vidas:
- Seja bem vindo ao meu lar!
- Oh! Que gentil, só está faltando uma xícara de chá, com biscoitos para ser uma visita perfeita, a este Inferno.
- Ah, Lucas, você é um comediante de primeira. Você até parece um amigo de infância...
- E demônio tem infância? Há Há Há!
- Você me faz morrer de rir... Se eu pudesse morrer, é claro! Mas chega de “bla, bla, bla”... É assim que dizem em seu mundo, quando estamos falando de mais, sem chegar a lugar algum, não? Pois bem, eu tenho uma proposta a lhe fazer.
- Vá em frente, cite as regras.
Ainda não consegui identificar se tudo era real, mas aparentemente, eu havia morrido naquele acidente, e estava prestes a acertar minhas contas. Ouvi atentamente a proposta que ele estava para fazer:
- Você perdeu sua vida naquele acidente fútil de carro, por causa da sua irresponsabilidade. Como pode, um criminalista tão dedicado, a ponto de trocar a família pelo trabalho, morrer de uma forma tão irresponsável, por conta de vícios?
- Lamentável não? – Respondi, com um sorriso em meu rosto
- Muito... Mas, como eu gosto de você, vou fazer algo de bom, para te ajudar. Desde que me tornei um anjo caído, nunca ninguém me fez rir tanto, quanto você. Sua recompensa será ter sua vida de volta, sem seqüelas do acidente. Porém, tomarei posse parcialmente do livre arbítrio, que o Cara lá de cima te deu...
- Serei seu fantoche?
- Você é bem esperto... Se você aceitar este pacto, a partir do momento em que seus olhos abrirem, na Terra, sua alma, seu corpo serão meus.
- De que vale viver minha vida novamente, se não terei controle dela?
- Mas é claro que você terá controle sobre ela, porém, você não terá mais direito de escolha. Eu irei criar o seu destino, queimando aquele que o Homem lá das nuvens escreve. Você aceita?
Se eu aceitasse este pacto, provavelmente eu não seria como antes, minha vida não seria a mesma. Mas já me sentia possuído pelo demônio, mesmo antes de morrer, pois sempre vivi uma vida desgraçada, sem privilégios, regalias, nem mesmo sorte. Não tinha nada a perder, então minha resposta foi:
- Sim...
Ao responder esta pergunta, pude ver meu corpo pegando fogo, mas não sentia dor. A áurea que estava ao redor daquele Homem Demônio veio em minha direção, e entro no meu peito, e logo depois disso, tudo ficou branco novamente.
Comecei a ouvir “bips”. Senti que havia algo espetado em meu braço esquerdo, liberando um líquido gelado que entrava em minhas veias. Comecei a ouvir gritos, como se algo estivesse acontecendo:
- Oh meu Deus, ele está acordando, ele está acordando! Chame um médico, rápido!
Meus olhos se abriram, mais uma vez, vagarosamente. Eu estava em uma cama de hospital, com meu corpo estirado, todo engessado. Percebi que os “beps” era um eletrocardiograma, medindo minha variação cardíaca. Aquele líquido gelado, nada mais era do que soro penetrando em minhas veias. Estava imóvel, podia sentir meus membros, mas não conseguia os movimentar.
Tornei a ouvir gritos, desta vez, eram mais agudos, e logo pude reconhecer. Era Lavínia, desesperada, vindo em minha direção:
- Só pode ser um milagre! Não acredito você está de olhos abertos, meu amor!
O trato estava feito, eu havia renascido e finalmente saído daquele estado psicodélico. Sentia-me agora, em um estado de afasia, mas ao menos estava relaxado, com minha mulher dizendo “Meu amor”. Jamais esperava ouvir tais palavras novamente, daquela boca perfeita.
Quando comecei a acreditar, que finalmente eu poderia ter uma vida melhor, ao lado de minha mulher, pude ouvir a voz daquele homem, ecoando em meus pensamentos:
- Nem pense em aproximar dela, você é meu fantoche, agora você pertence a mim.
Olhei no fundo dos olhos dela, enquanto em câmera lenta, ela ainda corria em minha direção. Eu iria perdê-la, por causa de meus erros, de minha irresponsabilidade.
O meu sofrimento acabara de começar.
Era isso que faltava para ter a sua cara :X Sinistro a parada, mas curti bastante, menos o que diz sobre chifres e tals .. depois de ler Pacto Secreto não vejo mais o demônio assim =x
ResponderExcluirEu também não tenho uma visão assim do demônio, mas o fato dele ter adquirido chifre, asas, e essas características, foi para "amedrontar" o personagem...
ResponderExcluirPs.: Agora já não falta mais AUHEHUAE eu tive diversas ideias para prosseguir com a história, mas essa eu acho que ficou mais minha cara...
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