O Mundo de Vidro, Maurício Gomyde, 3ª Edição, Brasília: Porto 71, 2011, 236 páginas.

Simples, envolvente e divertido. É assim que defino o livro O Mundo de Vidro, do nosso parceiro Maurício Gomyde. Paulista, Maurício mora em Brasília desde os seus três anos, e além de escritor, é baterista e compositor, ou seja, gosta de música, que é o que percebemos ao longo de seu livro, que possui citações de diversos cantores e músicas, sendo uma delas do próprio autor, que inclusive já lanço um CD.
Ele (o autor não cita o nome dos personagens principais, e é dessa forma que eles são citados durante a história) é um cara comum, que já havia arriscado ser músico e que em sua vida, de pouco mais de três décadas, havia tido apenas duas namoradas. Vivia sozinho, a não ser com a companhia de um papagaio (ou melhor, papagaia) chamado Horácio. Ela (que como disse, não sabemos o nome) com seus vinte e poucos anos, era uma verdadeira musa, professora, jornalista, além de ser economista. Ambos tinham uma vida distinta e o primeiro encontro seria na primeira virada do milênio (de 1999 a 2000), quando Ela apareceu na TV, beijando seu noivo. O destino havia preparado algo mais para esse casal (Ele e Ela, não Ela e o noivo), e se encontrariam mais tarde dentro de um metrô. Para Ele, foi amor a primeira vista.
Para se aproximar de sua nova paixão, Ele passa a segui-la, com o objetivo de descobrir mais sobre a tão bela mulher. Se matrícula em um curso que não faz a mínima ideia do que seja, e é surpreendido ao descobrir que Ela é a professora, e não uma aluna, como desconfiava. Inventa a desculpa de que precisa de aulas particulares, Ela, como boa professora, aceita ajudar seu aluno, porém, está passando por um momento difícil, e é Ele que a ajuda. Assim acontece o primeiro de muitos encontros, e claro, desencontros. “Cada cena de seu primeiro encontro repetia-se infinitamente, como se fosse um filme que volta ao início sempre que acaba. Os olhos, a boca, o sorriso, os dentes perfeitos, o corpo, a cena dele chegado e a encontrando caída no sofá, bêbada, ou quando estava deitada na cama, como um anjo. Ter insônia pensando nela seria sempre um prazer. E torcia para poder sonhar com aquelas cenas todas as noites. (pág. 66)”.
Para conquista-la, Ele faz de tudo, inclusive compõe uma música, porém Ela fica assustada e eles acabam se afastando. Ele então resolve mostrar a letra para um de seus amigos, e aquela música vira o maior sucesso das rádios. Aos poucos, o desinteresse dela, faz com que Ele nunca mais queira vê-la, mas claro, apenas na razão, por que seu coração deseja outra coisa. Aos poucos também, Ela percebe como precisa da companhia daquele rapaz, se arrepende da atitude tomada quando descobriu que a canção havia sido feito para ela mesma, e luta para que os desentendimentos que tiveram não acabe com esse amor que surgiu meio por acaso, mas que era preciso.
Como citei no inicio, o livro é envolvente e o leitor o devora com uma facilidade incrível. Páginas após páginas nos divertimos com os personagens, todos da maior simpatia possível, e que de uma forma simples, tira sorrisos até mesmo de quem está triste naquele momento. A arte da terceira edição, desenhada por Pedro Fernando Porto, também tem seu ponto positivo, afinal, na capa temos um casal separado, e na contracapa, eles estão juntos, em um verdadeiro mundo de vidro. O que falar então dos e-mails que Ela recebe de um autor anônimo, contando a história de um casal, que vive nesse mundo de vidro? É uma história paralela, mas que é belíssima.
Se a história em si já é agradável, o que dizer então do Prefácio? Se você abre o livro e espera encontrar algo que some para a história que está para se iniciar, você vai se decepcionar, porém, tenho certeza que irá gargalhar e ainda conhecer diversas novas palavras. “Todo mundo abre um livro e já espera que nas primeiras páginas venha um prefácio. Por que a história não começa de uma vez e ponto? Será que queimaria meu filme se o livro não tivesse prefácio? Deveria se chamar “predifício”, e não prefácio. Se fosse fácil qualquer um fazia. Acho melhor mandar o próximo para alguém fazer, nem que seja a empregada do vizinho. Ou o Papa. Ou o Dalai Lama. (Prefácio)”.
O Mundo de Vidro é uma história de amor moderna, com os seus momentos românticos, mas não tem aquela dramatização toda, pelo contrário, tem atitudes que Ele toma que sim, acredito agradar as mulheres (seja uma rosa, ou uma canção). Ela, por sua vez, percebe aos poucos Ele era um cara legal, que apenas completaria a sua vida, mesmo que fosse “baixo, magro e com uma leve barriguinha de chope (pág. 21)“. Acredito que muitas pessoas não vêm aquilo que alguém tem por dentro, e essa mensagem, também acredito ser um ponto positivo do livro, mesmo que essa não tenha sido a mensagem que o autor gostaria de passar. Enfim; um belíssimo trabalho de Maurício Gomyde. Ah, antes que eu me esqueça: a história se encerrar na segunda virada do milênio, ou seja, de 2000 para 2001. (Espero que tenham entendido por que duas viradas de milênio).
Gostaria de agradecer ao Maurício, por ter disponibilizado um exemplar do livro para que essa resenha pudesse ser feita. Acredito ser um livro que todos deveriam parar um pouquinho para ler. Apenas algumas horas serão necessárias, e tenho certeza que ninguém irá se arrepender. Para quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho do autor, que em breve deverá lançar seu segundo livro, clique aqui. Espero que tenham gostado.

4 Comentários

  1. E realmente é muito bom @amaliaprade .. É leve, engraçado, com uma ótima história, enfim!! Vale a pena!

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  2. Li o livro e ele entrou para os meus favoritos!

    Ri demais com ele!


    Bia | Blog Livros e Atitudes

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  3. Sem dúvidas também entrou para os meus favoritos. O trabalho do Maurício é incrível né Bia?

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