- Sonhos -
O destino sempre reservou batalhas para que eu conquistasse algo em minha vida, com o amor não foi diferente. Eu que nunca entendi o que era este sentimento, demorei quase 18 anos para perceber que era algo lindo. Foi nessa época que descobri que sentir o amor era o mesmo que entrar em uma batalha para conquistar a pessoa amada. Precisaria fazer valer a pena e lutar por aquilo que eu desejava. Cresci com o desejo de encontrar uma pessoa que mudasse minha vida, e a encontrei, mas nem tudo foi perfeito naquela época.
Esperei muito para mostra-la que juntos poderíamos ser felizes. Tivemos poucos encontros, porém, não desperdicei tempo e fui lentamente tentando conquistar o coração daquela bela garota. Não fiz nada que ela poderia não gostar, pelo contrário, apenas expressei meus sentimentos através de palavras. De belas palavras.
Não foi suficiente para que naquele momento pudesse tê-la envolvida em meus braços, sentindo o calor do seu corpo. Demorei em ouvir de sua doce voz palavras recíprocas em relação aos meus sentimentos. O tempo passou e não senti o toque de seus lábios de mel juntos aos meus, mas engana-se quem pensa que eu desisti.
Cerca de sete meses depois de encontra-la pela primeira vez, finalmente recebi o tão esperado sim. Eram apenas três letras que representavam o maior desejo de minha vida. Aquela palavra, soada tão calmamente pela sua voz, era o que representava a minha vitória. Demorou tanto, mas pude sentir seu corpo junto ao meu. Estávamos enfim juntos.
Como qualquer casal de namorados, tínhamos costume de fazer diversas coisas juntos. Cada dia da semana fazíamos algo diferente, para não deixar com que tudo ficasse monótono.
Segunda-feira era dia de passear pelo parque. Era como se estivesse no paraíso quando andávamos de mãos dadas por aquele lugar tão belo, com diversas árvores e cheiro de natureza. O som ambiente, dos pássaros, das águas dos rios que seguiam seu percurso, até mesmo dos outros casais conversando, era tudo tão perfeito. Passávamos a tarde inteira juntinhos, e o mundo poderia acabar, que nada abalaria aquela nossa relação. Em meio a cada conversa, beijos e palavras que mostravam o nosso amor. Tinha o mundo em minhas mãos. Tinha ela comigo, e nada mais importava. Para ficar ainda mais perfeito, ela sussurrava ao pé do meu ouvido:
- É tão bom ficar ao seu lado.
No dia seguinte era a mesma perfeição, porém, por ser mais velho, passava o dia lhe ensinando matemática e português. Não era o meu forte, no entanto, tudo que pudesse fazer para ajuda-la, faria. No final do dia, depois de ajuda-la a estudar, me dizia:
- A ordem dos fatores não mudará o meu amor por você. Amo-te e te amo para sempre, seja no passado, no futuro ou no presente.
Para terminar aquele dia cansativo, porém muito produtivo e feliz, fomos a uma sorveteria. Passava sorvete em seu nariz, ela fazia o mesmo. Brincávamos feito crianças. Crianças apaixonadas.
Quarta-feira era dia de futebol. Por ironia do destino, nossos times se enfrentariam, e não poderíamos perder a chance de prestigiar o maior espetáculo da terra juntos. Era uma noite fria, então entramos debaixo da coberta, acompanhados de uma tigela de pipoca. Abraçados, vimos nossos times se enfrentando, e mesmo com a derrota do meu time, ela me dizia:
- Não importa se somos rivais no jogo, o que importa é que estamos juntos no amor.
Ela era tão perfeita.
Outro dia havia se iniciado, e pensei no que poderia convida-la para fazer, até que depois de horas pensando, decidi: iria chama-la para um jantar especial, onde nós dois iriamos preparar a comida. Queria ter a chance de me aproximar cada vez mais. Deixei tudo preparado. Velas, música ambiente, um perfume especial. Quando ela chegou tudo ficou perfeito. Não era o mestre da culinária, mas me esforcei, e juntos, preparamos um das comidas mais deliciosas que já havia provado. No final da noite, quando já estava levando-a para casa, ela novamente disse, totalmente apaixonada:
- Sou cada vez mais feliz ao seu lado. Obrigado querido – e levou seus lábios de encontro aos meus.
Era uma semana perfeita, e para termina-la, a chamei para o cinema no fim da noite de sexta-feira. Era um suspense, que muitas vezes a assustava. Quando isso acontecia, ela apertava minha mão, enquanto deitava em meu ombro, se sentindo protegida por estar ao meu lado.
Ao final do filme, fomos aproveitar o restinho da noite juntos. Subimos até o ponto mais alto da cidade para contar as estrelas do céu. Havia uma tão bela e brilhante, que ao vê-la, ela disse:
- A estrela mais brilhante deste céu, é a que representa o nosso amor. Enquanto ela estiver brilhando, nosso amor continuará vivo por toda a eternidade.
Ela sabia ser romântica. Ela sabia me deixar feliz.
Sábado era dia de sair da rotina. Fomos para Poços de Caldas, uma cidade no sul de Minas Gerais, aproveitar todas as belezas naturais que ela proporcionava. No Recanto do Japonês, um lugar calmo e belo, meditamos por horas. Ali aproveitamos toda a beleza vinda do oriente, e nos sentíamos no Japão, tamanha a originalidade e a perfeição da arquitetura e a fauna daquele espaço. Ainda andamos de bondinho, tendo uma vista panorâmica da cidade. Tiramos fotos abraçados, próximo do jardim principal, e claro, andamos por todas as trilhas em busca de nascentes de água para nos refrescar, porém, foi na Fonte dos Amores, um lugar de belezas naturais e outras criadas pelo homem, que sentimos o amor falar mais alto. Entre fotos ao lado da estátua de um casal abraçado, e as diversas cachoeiras, tinha espaço também para as nossas carícias e beijos. Nem mesmos os macaquinhos que se associavam com os visitantes quis nos perturbar. Era como se eles soubessem que queríamos aproveitar cada instante sozinhos. Um lugar romântico e perfeito para aumentar o amor que sentíamos.
Quando já estávamos em casa, entre os beijos de despedida, me disse:
- Confesso que nunca pensei que passaria um dia tão agradável e romântico. Te amo cada vez mais.
Uma nova semana começava, e para comemorar uma semana juntos, ela me convidou para almoçar com sua família. Chegando lá, me senti um peixe fora d’água. Ela havia preparado uma surpresa imensa. Chamou pais, amigos, tios, avôs e até mesmo vizinhos, para me apresentar. Disse que era comigo que iria se casar, e que queria compartilhar a alegria que estava sentindo, com todos que estavam ao seu redor. Ao terminar de falar sobre nós dois, o seu pai disse, como quem entrega um tesouro a um novo defensor:
- Espero que cuide muito bem de minha pequena. Ela merece e muito, ser feliz.
Mesmo com muito medo, respondi:
- Cuidarei dela como quem cuida de uma maravilha do mundo.
Depois de um abraça-la, todos aplaudiram e fizeram votos de felicidades a este casal, que mesmo novo, parecia que iria durar para sempre.
Porém, de repente ouvi um barulho diferente. Não eram as palmas dos familiares e amigos. Parecia a batida de um relógio. Eu temia que aquilo significasse algo. Não poderia ser. “De novo não,” pensei.
Ao procurar de onde aquele som vinha, percebi que era do relógio que estava ao lado de minha cama. Eram seis horas da manhã de segunda-feira, e por mais uma noite sonhei que havia ganhado aquela batalha. Que havia conquistado a minha bela garota.
Aqueles belos sonhos estavam se repetindo havia uma semana. E sempre que o relógio me lembrava de que eu precisava acordar, aproveitava para me lembrar de que eu nunca iria realizar aqueles sonhos.
Passei meses e meses buscando uma chance para conquista-la, e isso nunca havia acontecido. Em nenhum momento, em todos estes sete meses, ela havia dado algum sinal de que sentia algo por mim, não seria agora que aquilo tudo mudaria.
Tinha que me acostumar com a ideia de que nunca iria tê-la envolvida entre os meus braços, se sentindo protegida ao estar comigo. Dizendo palavras bonitas, sobre um sentimento que acelerava o seu coração. Dedicando uma estrela ao nosso amor. Passando momentos perfeitos e brincando de ser feliz.
As noites passavam, e tudo continuava na mesma. Infelizmente a realidade era essa: eu havia me apaixonado pela pessoa errada, e por isso, jamais poderia dizer que era feliz.
Continuaria sozinho até que o tempo resolvesse mudar o meu destino, e meu coração se acostumasse com a ideia de que a pessoa que ele queria, jamais estaria por perto.
Aqueles momentos românticos não aconteceriam, e eu continuaria sem entender o que era o amor, e por que as pessoas sentiam aquilo que jamais seria recíproco.
Por que dizem que o amor é tão bom, se muitas vezes sofremos por ele? Nunca entendi, e sempre imaginei que não passasse de um sonho. Um sonho irrealizável.
A noite, quando voltar a encontra-la, espero nunca mais acordar deste sonho.
Ricardo Biazotto (@ricbiazotto)
Essa e uma história ficticia, e qualquer semelhança é mera coencidência. A imagem usada foi do site WeHeartIt e caso use algo escrito aqui, dê os devidos créditos.
Belo conto, como já havia lhe dito né?
ResponderExcluirBeijos
http://devaneiosfugazes.blogspot.com/
Pois Mila, e mais uma vez lhe agradeço pelos elogios feitos *-*
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