Há 88 anos, nascia na Cidade do México, um futuro ator que conquistaria fãs por todo o mundo. Filho de Rafael Valdés Gómez e Guadalupe Castillo, o mito, genial e único Ramón Valdés Castillo, mas conhecido em terras canarinhas como o Seu Madruga, do seriado de maior sucesso da TV mexicana: Chaves. Aos dois anos Moncho, como era conhecido em sua família, se mudou para a Ciudad Juárez, onde seus irmãos, e mais tarde ele próprio, começariam a carreira de ator.
“Ramón Valdés foi meu comediante favorito. Ninguém me fez rir tanto como Ramón Valdés. A morte dele me afetou muito, éramos muito amigos.” – Roberto Goméz Bolaños (Chaves)
O primeiro trabalho de Ramón Valdés aconteceria em 1948, com o filme Calabacitas Tiernas, onde interpretou Willy. Antes de conhecer Roberto Bolaños - o criador de Chaves - e começar a atuar em seus papéis mais conhecidos, Ramón Valdés participou de mais de oitenta filmes (esse número aumentou até o dia de sua morte), já mostrando o excelente ator que era.
“Assim como no seriado, na vida real também era como um pai para mim. Ele me beijava na testa e me chamava de Chiquinha (Chilindrina) mesmo. Quando ele morreu, a Chiquinha chorou diariamente por um bom tempo” – Maria Antonieta de las Nieves (Chiquinha)
Como já disse no inicio, o trabalho mais notável de Ramón Valdés foi no papel de Seu Madruga, um homem de cinquenta (e todos) anos que é o papai de Chiquinha (Maria Antonieta de las Nieves). Seu Madruga, é sem dúvidas, o personagem mais querido do seriado Chaves, mas apenas pelos fãs, por que no cortiço onde vive, apanha constantemente da velha carcomida, digo, da Dona Florinza (Florinda Meza). Além das bofetadas que leva da velha coroca, quer dizer, da Dona Florinda, Seu Madruga é sempre cobrado por míseros 14 meses de aluguel que deve ao Senhor Barriga (Edgar Vivar). Se não bastasse, ainda tem que aguentar um garoto com bochechas de buldogue velho, o Quico (Carlos Villagrán) e Chaves (Roberto Gomes Bolaños), um garoto pobre que vivi em um barril e sempre acerta  o nosso querido Seu Madruga, com os mais diversos objetos, mesmo sendo sem querer querendo. Existe ainda uma tal de Dona Clotilde (Angelines Fernández), a bruxa do 71, que sonha em um dia se casar com o Madruguinha e por isso faz muitos mimos, o que deixa as crianças com medo de que ele seja transformado em um sapo, ou algo pior do que Seu Madruga já é.
“Nós tínhamos uma amizade tão forte, uma cumplicidade que não se pode calcular. Éramos muito unidos, de tal forma que ninguém pode entender. Até hoje não parei para pensar na sua morte. Para mim seria o fim.” – Carlos Villagrán (Quico)
A vida de Seu Madruga no cortiço é bem complicado, mas ainda assim ele consegue nos divertir há mais de trinta anos. As frases criadas por ele também está nosso dia-a-dia, e tenho certeza, que vez ou outra, quando estamos com ódio de alguém, a frase “As pessoas boas devem amar seus inimigos” surgem nas nossas cabeças. E quando estamos com um sentimento de vingança? Claro que pensamos que “A vingança nunca é plena, mata alma e a envenena” e assim perdemos um pouquinho desse gostinho de vingança.
“Havia muitíssima gente no enterro. Gente do meio artístico e também o povo; todos foram se despedir de Don Ramón. Quando o enterraram, as pessoas começaram a aplaudir...” – Edgar Vivar (Sr. Barriga)
Don Ramón é, não só para mim ou para os fãs do mundo inteiro, mas também para o próprio criador de Chaves, o comediante favorito. Sem dúvidas, pessoas com a alegria que Don Ramón nos passava em seus personagens, seja em Chaves, Chapolin Colorado, Chaveco, ou qualquer outra trabalho que participou, fazem muita falta no mundo atual e por isso, Don Ramón é eterno.
“A morte do Don Ramón foi uma tragédia para a minha família. Minha mãe nunca mais foi a mesma, entrou em depressão e morreu poucos anos depois. Ela descuidou da saúde, passou a fumar ainda mais. Nunca aceitou a morte do Don Ramón. Eram muito ligados, se amavam muito” – Paloma Fernándéz, filha de Angelines Fernández (Bruxa do 71)
Muitos conflitos envolveram os atores de Chaves, porém arrisco dizer que Ramón Valdés foi o único que em vida alegrou os amigos, estando ao lado de todos eles, e depois da morte, passou a emociona-los, sempre que seu nome era lembrado.
"Como não lembrar do grande amigo e companheiro de tantos anos Ramón Valdez Castillo? Felicidades Don Ramón" – Ruben Aguirre parabenizando o 88º aniversário de Ramón Valdés, em seu Twitter.
Para os fãs, principalmente os brasileiros, Ramón Valdés será sempre lembrado como o Seu Madruga, vezes por ser um dos únicos trabalhos que pudemos apreciar vezes por ser seu trabalho mais notável. Mesmo que não tenhamos acompanhado os mais de quarenta anos de carreira e 100 filmes, sabemos que Ramón Valdés é único. Jamais existirá ninguém como ele.
O ator, infelizmente, fumava exageradamente e descobriu que estava com câncer no pulmão tardiamente. Em julho de 1988 foi internado no hospital Santa Helena, na Cidade do México, e lá, permaneceu até o dia em que a morte calaria o grande mestre da comédia mundial. Nove de agosto jamais será esquecido por ter sido o dia em que um mestre e um ídolo mundial nos deixou, mas o dia dois de setembro, também continuará na memória de todos nós, por ser o dia em que um grande mito nasceu.

Aonde quer que você esteja, Parabéns pelos seus 88 anos, Ramón Valdés.

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