A Maldição do Tigre, Colleen Houck, tradução Raquel Zampil, 1ª Edição, São Paulo: Arqueiro, 2011, 342 páginas

Adoradora de livros de ação, aventuras, ficção científica e romance, a autora Colleen Houck estudou na Universidade do Arizona e durante 17 anos trabalhou como intérprete de língua, antes de lançar seu romance de estreia, intitulado Tiger’s Curse, lançado no Brasil com o título A Maldição do Tigre.
Depois de perder os pais biológicos e se formar no Ensino Médio, Kelsey Hayes resolve procurar um emprego provisório durante o verão, visando custear a faculdade no semestre que está prestes a começar. Após procurar um lugar onde possa trabalhar, encontra uma vaga em um circo que está pela cidade, mas precisamente para cuidar de um tigre branco, com quem não demora a demontrar um carinho enorme. "Tirei a mão da jaula, sempre lentamente, e fiquei observando-o por um minuto, refletindo sobre o que havia acontecido. Ele tinha uma expressão de melancolia quase humano. Se os tigres têm alma, e acredito que tenham, imagino que a dele seja triste e solitária. (pág. 41)”.
Pouco tempo depois, o tigre, Ren, é comprado e será levado para a Índia, e Kelsey recebe a proposta de ir até o país acompanhando e ajudando a cuidar de Ren. Essa viagem reserva muitas surpresas e emoções para a garota, que logo descobre que Ren na verdade é um príncipe, Alagan Dhiren Rajaram, que foi amaldiçoado há mais de três séculos e pode se tornar humano apenas 24 minutos por dia. Ela então recebe a missão de ajuda-lo na busca pela libertação e para isso precisa enfrentar diversas aventuras por este país de cultura tão rica. "Seus olhos eram o que mais me chamava a atenção. Aqueles eram os olhos do meu tigre, o mesmo tom cobalto profundo. Estendendo a mão, ele falou: - Oi, Kelsey. Sou eu, Ren.(pág. 82)". 
Inacreditável provavelmente seja a palavra mais correta para descrever A Maldição do Tigre, o primeiro dessa série. Pra começar, a cultura indiana é sem duvidas uma das mais ricas do mundo, e sempre que é usada, seja com muito destaque ou não, somos agraciados com uma ótima história, e é exatamente isso que acontece no livro de estreia da autora.
Se não bastasse a cultura indiana, que já é motivo para agradar a muitos, temos uma história interessante e com um desenrolar bem trabalhado ao longo das páginas. Isso acontece devido escrita simples da autora, que conta os detalhes dos sentimentos, dos lugares e das pessoas que passam na vida da protagonista com uma riqueza de detalhes.
Além de Kelsey e Ren, o príncipe que foi amaldiçoado, conhecemos outras personagens, cada uma com sua característica para agradar ou não ao leitor, apesar de não haver um que tenha me desagradado. Impossível não citar Sr. Kadam, um dos responsáveis em ajudar Ren. Podemos vê-lo como um pai ou avô protetor, que faz de tudo para todos se sentirem bem, e isso cativa a todos, inclusive a autora. Para quem se pergunta se Kelsey é uma protagonista irritante, que toma atitudes impensadas e que você chega a critica-la ao longo do livro, tenha a certeza que ela é exatamente o oposto, enquanto que Ren e seu irmão Kishan, que também foi amaldiçoado, possuem personalidades diferentes, mas também conseguem agradar por suas atitudes e pensamentos, seja como tigres ou como humanos.
Com toda a aventura e mistério que encontramos no livro, o romance não poderia faltar, e mais uma vez Colleen usa de algo cada vez mais raro em histórias do tipo, afinal, não temos um romance enjoativo, com um casal insuportável, pelo contrário: é romance simples, que vai se construindo ao longo da história e ainda imprevisível. "Senti minha determinação desmoronar. Eu o queria, queria muito. Também precisava dele. E quase cedi. Quase lhe disse que não havia nada no mundo que eu quisesse mais do que estar com ele. Que não pensava que seria capaz de deixa-lo. Que, para mim, ele era mais importante do que tudo. Que eu abriria mão de qualquer coisa para ficar com ele (pág. 339)". 
Sem muito que fazer na diagramação do livro, que é simples, a Arqueiro merece o elogio principalmente por manter a capa original, que por si só já agrada a muitos. No interior, a tipografia usada, sobretudo nos títulos dos capítulos, como nos poemas que encontramos ao longo dele, é bem atraente e estilizada, com certo toque indiano, o que faz todo o sentido, é claro.
A forma como a autora conduz o final da história parece ter sido escrito com um único propósito: aumentar o desejo do leitor pela continuação da série, que no Brasil deve ser lançado no próximo ano com o título provisório O Resgate do Tigre. Para quem gosta de ler o inicio de outros livros, o que não é meu caso, encontra um pequeno trecho da continuação no final do livro.
Como a grande maioria sabe, esse não é o meu gênero favorito na literatura, mas A Maldição do Tigre conseguiu conquistar e ganhar a minha recomendação. É realmente incrível como a protagonista abdica de tudo o que tem para salvar um príncipe que acabou de conhecer, mostrando que ela é sim capaz de fazer e passar por todos os perigos, para salva-lo.
Novamente agradeço a Editora Arqueiro pelo exemplar cedido para que essa resenha pudesse acontecer, e aproveito para indicar uma entrevista que a Eduarda do blog BookAddict fez com a autora. Colleen conta um pouco sobre o livro, seu personagem favorito, sua cena favorita, o que podemos esperar da continuação e ainda se pretende vir ao Brasil. É uma entrevista incrível, que eu aproveito para parabenizar a Duda por fazê-la. Caso se interesse, clique aqui e conheça aquilo que você não encontrará facilmente na Internet sobre Colleen Houck.

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