O tempo passa, e diversos músicos surgem para marcar seus nomes na história da arte no Brasil, porém, existem aqueles que mesmo depois de sua morte, continuam com seus nomes, e canções, entoadas por multidões e por isso jamais serão esquecidas. No caso de Elis Regina Carvalho Costa, não apenas sua voz, como também sua personalidade ficará guardada por muitos brasileiros, e o dia 19 de janeiro será sempre reservado para a sua memória.
Nascida em Porto Alegre no dia 17 de março de 1945, Elis Regina passou sua infância na Vila do IAPI, local com grande importância histórica e arquitetônica na capital gaúcha. Elis iniciou sua carreira musical precocemente, com apenas 11 anos, após uma apresentação na Rádio Farroupilha. Alguns anos mais tarde, em 1961, lançou o seu primeiro EP, intitulado Viva a Brotolândia, e a partir de então, seu nome passou a ser reconhecido e respeitado pelos brasileiros.
Com o estouro no inicio da década de 60, foi contratada pela extinta TV Rio e mais tarde pela TV Record, emissoras onde participaria de diversos especiais e programas de música, entre eles O Fino da Bossa, que apresentou ao lado de Jair Rodrigues e que mais tarde originou três discos, intitulados Dois na Bossa (primeiro álbum brasileiro a vender mais de 1 milhão de cópias), Dois na Bossa nº2 e Dois na Bossa nº3. Esse programa foi produzido por Luís Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli, com quem se casaria em 1967. Elis e Ronaldo são pais do músico e empresário João Marcello Bôscoli.
Os anos passaram, e a cantora não só continuou com seu sucesso, como também aprimorou sua voz, que cada vez ficou mais conhecida no país inteiro. Além dos álbuns lançados a partir de sua parceria com Jair Rodrigues, Elis Regina lançou ainda outros três álbuns ao vivo, um deles em parceria com o trio paulista intitulado Zimbo Trio. Fora os álbuns ao vivo, Elis lançou inúmeros trabalhos de estúdio, um deles, em 1974, ao lado de Tom Jobim e intitulado Elis & Tom. É considerado pela crítica, um dos mais importantes álbuns da história da MPB, não apenas por suas canções, mas também pela genialidade de seus interpretes.
Elis Regina sempre foi contra a ditadura militar, principalmente pelos diversos músicos que foram exilados na época. Não chegou a ser presa, e muitos acreditam que isso só não aconteceu devido a sua popularidade. Apesar do momento crítico na até então política brasileira, Elis foi importante também por ser presidente da ASSIM (Associação de Intérpretes e Músicos), e também por isso, teve voz ativa em Brasília, onde lutava pelos direitos dos músicos.
No ano de 1975, teve seu segundo filho, Pedro Camargo Mariano, fruto do casamento com o pianista César Camargo Mariano. Dois anos mais tarde, nascia Maria Rita, futura cantora e premiada artista brasileira.
Vossa Majestade, Elis Regina, gravou mais 25 álbuns e nos deixou precocemente aos 36 anos, quando faleceu após uma overdose de cocaína e álcool. Aquele 19 de janeiro de 1982 seria um dia triste para toda a população, que se chocou com a morte da eterna Pimentinha (apelido criado por Vinicius de Moraes), que partiu, deixando os brasileiros com saudade daquela voz característica e aquele estilo que jamais será esquecido.
“Me tomam por quem? Um imbecil? Sou algo que se molda do jeitinho que se quer? Isso é o que todos queriam, na realidade. Mas não vão conseguir, porque quando descobrirem que estou verde já estarei amarela. Eu sou do contra. Sou a Elis Regina do Carvalho Costa que poucas pessoas vão morrer conhecendo” – Elis Regina.

Elis Regina - 17/03/1945 - 19/01/1982