Apenas alguns dias depois de se afastar da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que durante mais de vinte anos liderou a entidade, renunciou ao cargo deixando também o Comitê Organizador Local (COL). A renuncia de Teixeira causou discussões, alívio e incertezas.
Envolvido em diversos escândalos, dentro e fora do futebol, Ricardo Teixeira se tornou alvo de críticas entre jornalistas, políticos e esportistas em geral. Nas duas décadas em que esteve a frente da CBF, foi acusado de nepotismo, de usar dinheiro da entidade em campanhas políticas. Ele também depôs em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigava as denúncias referentes ao comando do futebol brasileiro. Uma nova CPI foi discutida recentemente, para investigar as ações em relação a organização da Copa do Mundo de 2014, e mais uma vez Ricardo Teixeira estava envolvido. Para evitar que a investigação acontecesse, Teixeira disse não ser bom para a imagem do Brasil que uma investigação de corrupção fosse realizada as vésperas do Mundial.
Com todos os escândalos e denúncias, o dirigente estava sendo cada vez mais pressionado e sua permanência na CBF – que deveria durar até o próximo Mundial - era motivo de revolta para muitas pessoas. Com o passar dos dias, a população fez a sua parte e teve início o movimento Fora Ricardo Teixeira, que reuniu pessoas em passeatas e na própria Internet. A esperança de que ele deixasse o cargo era cada vez maior.
No último dia 08, enquanto o governo brasileiro e a FIFAentidade máxima do futebol mundialviviam dias conturbados, Ricardo Teixeira pediu licença médica, deixando a presidência da CBF interinamente. O que ninguém esperava era que dias mais tarde ele escreveria uma carta, onde renunciava aos seus dois cargos. Lida por José Maria Marin, um dos seus cinco vice-presidentes, a carta dizia que Teixeira cuidaria da saúde (em 2011 foi internado devido a uma diverticulite, mas deixou o hospital em poucos dias). “Presidir paixões não é uma tarefa fácil. Futebol em nosso país é associado a talento e desorganização. Quando ganhava, era graças ao talento, quando perdia, imperava a desorganização. Fiz o que estava a meu alcance, sacrificando a saúde e renunciando ao insubstituível convívio familiar. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias” - escreveu.
Segundo o estatuto da CBF, o mais velho vice-presidente deve assumir o cargo em casos como esse, então, Marin fica no comando até que a próxima eleição aconteça. Com a saída de Teixeira, muito se discutiu sobre como seria o futebol a partir de agora, mas o atual presidente garantiu que nada mudará, inclusive que Mano Menezes, técnico da seleção principal e Olímpica, continua no cargo.
O Deputado Federal Romário, um dos maiores craques do futebol brasileiro, disse estar feliz com a saída de Teixeira e postou uma mensagem crítica em sua página no Facebook. “Exterminamos um câncer do futebol brasileiro. Finalmente, Ricardo Teixeira renunciou a presidência da CBF. Espero que o novo presidente, João Maria Marin, o que furtou a medalha do jogador do Corinthians na Copa São Paulo de Juniores, não faça daquele ato uma constante na Confederação. Senão, teremos que exterminar a AIDS também”.


O atual e o ex-presidente
José Maria Marin nasceu em São Paulo no dia 06 de Maio de 1932 e teve importante participação política. Foi Vereador na capital paulista, Deputado Estadual e Governador do Estado. Recentemente, na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2012, foi flagrado por uma emissora de TV pegando uma medalha que seria entregue a um jogador do Corinthians, time campeão da competição. Marin disse que era apenas um presente da Federação Paulista de Futebol.
Ricardo Teixeira nasceu em Carlos Chagas em 20 de junho de 1947 e se formou em Direito. Enquanto estudava, conheceu Lúcia Havelange, filha de João Havelange, ex-presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que daria origem a atual CBF. Foi eleito presidente da entidade em 1989 e durante seu mandato doze treinadores treinaram a seleção Brasileira, destaque para Carlos Alberto Parreira, que comandou entre 1991-1994 e 2003-2006. A Seleção conquistou duas Copas do Mundo (1994 e 2002), cinco títulos da Copa América (1989, 1997, 1999, 2004 e 2007) e três Copas das Confederações (1997, 2005 e 2009).