1822, Laurentino Gomes, 1ª Edição, Rio de Janeiro-RJ: Nova Fronteira, 2010, 352 páginas (total de 372)

Autor best-seller, o jornalista Laurentino Gomes nasceu em Maringá no ano de 1956 e já conquistou importantes prêmios da literatura nacional, como o Prêmio Jabuti, na categoria de livro-reportagem e de livro do ano de não-ficção. No livro 1822: Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado, o autor dá continuidade ao primeiro livro da trilogia, 1808 (Resenha), contando importantes pontos da história de nosso país no século XIX.
O ano de 1822 tem uma significativa importância para a história do nosso país e possui muitas personagens chaves que contribuíram de alguma forma para que Dom Pedro I proclamasse a Independência do Brasil. Nessa obra, Laurentino Gomes nos apresenta em uma escrita simples – como também aconteceu na obra anterior – informações sobre personagens, fatos e atos que estiveram direta ou indiretamente ligados com o que antecedeu ou sucedeu o dia 07 de Setembro. Entendemos, ainda no inicio, o que de fato aconteceu na tarde daquele 07 de Setembro, como também, o que motivou Pedro I a tomar tal atitude. Algumas controvérsias são apresentados, deixando o leitor interessado pela a história do país, o que é importante.

“-Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal. (pág. 36)”.

Dividido em 24 capítulos, tudo é contado com uma riqueza de detalhes marcantes, mostrando o importante e bem feito trabalho de pesquisa de Laurentino. Ainda nas primeiras páginas, encontramos uma linha do tempo onde alguns fatos históricos da época são listados. Já na obra, a página de inicio de cada capítulo, mais precisamente no cabeçalho, tem parte do famoso quadro Independência ou Morte (1888) – conhecido como O Grito do Ipiranga -, do pintor Pedro Américo. Além disso, em alguns momentos, somos contemplados com outros quadros, dessa vez coloridos, que dão mais realidade ao que estamos lendo.
No meio de tudo o que aconteceu na época, o autor proporciona um aprofundamento maior do que teríamos sem a leitura de tal livro, e podemos conhecer as cinco pessoas mais importantes para a Independência do Brasil. Além de Dom Pedro I, que possui 16 páginas exclusivas, conhecemos também a figura da Imperatriz Maria Leopoldina (a princesa triste), José Bonifácio (o homem sábio), Lord Thomas Cochrane (o escocês louco por dinheiro) e a Marquesa de Santos, todos eles com capítulos próprios. Nisso, o autor nos mostra a personalidade e fatos curiosos sobre cada um deles. Destaque para Thomas Cochrane, conhecido como O Lobo dos Mares, e que tem uma história rica e importante, não apenas para a família real brasileira. Se tratando da transição do Brasil Colonial para o Brasil Imperial, não poderia faltar pontos onde Dom João VI aparece na história, e mesmo que na época o rei de Portugal já não estivesse em terras brasileiras, é importante e isso fica claro com a leitura. Até mesmo Dom Pedro II, que nasceria apenas em 1825, aparece em certo momento da história.

“A Bahia decidiu o futuro do Brasil na sua forma atual, mas a festa do Dois de Julho é hoje praticamente desconhecida pelos brasileiros das outras regiões. Ao contrário do Carnaval, e apesar de também reunir milhares de pessoas, raramente é notícia nos jornais e emissoras de rádio e televisão fora da própria Bahia. (pág. 206)”.

Outro ponto interessante é a reunião de fragmentos de cartas e textos sobre a época, sendo possível conhecer ainda mais a sociedade brasileira na década de 1820, inclusive a forma como os estrangeiros viam o nosso país. Esses fragmentos expõem detalhes que dificilmente veríamos em uma aula de História. Por fim, como qualquer livro do gênero, o autor deixa a bibliografia em cada um dos capítulos, tornando-se possível o encontro de todas as informações usadas para a elaboração de 1822.
Não há muito que se falar sobre o livro, afinal, há muitos pontos históricos e que serão entendidos apenas com uma leitura, mas para mim, a trilogia de Laurentino (que terá o terceiro e último livro publicado em breve) é mais do que recomendada para todos os brasileiros. Conhecer a história do lugar onde vivemos é necessário, e muitos pontos dessa história ficam ocultos se não houver um estudo detalhado. Com essa obra magnifica, todos esses detalhes são expostos com uma linguagem simples e de leitura rápida. Quer conhecer o Brasil com um ótimo livro? Leia Laurentino Gomes.