A Arte da Invisibilidade, Allan Pitz, 1ª Edição, Içara-SC: Dracaena, 2011, 132 páginas.

Autor de diversos livros, incluindo A Morte do Cozinheiro, o autor carioca Allan Pitz lançou em 2011, pela editora Dracaena, o livro A Arte da Invisibilidade, onde, de maneira rápida e filosófica, relata diversos temas com clareza e muita realidade.
Diferente do que imaginei no primeiro momento, A Arte da Invisibilidade é um livro impressionante com monólogos focados nessa teoria, e em outras, é claro. Em alguns trechos, o livro pode ser um tanto quanto complexo, mas isso muda conforme os capítulos. Allan não deixa de falar aquilo que ele realmente pensa, sem se importar com as críticas que podem ser geradas com tais palavras – ele própria revela o que espera.
No início, o livro poderia ser apenas mais uma simples leitura. Os primeiros capítulos não chamam muita a atenção. A quantidade de informações jogadas ao leitor podem não agradar – o que em alguns momentos de fato acontece -, mas isso tudo muda conforme a leitura. O livro cresce consideravelmente, ficando cada vez melhor e minha identificação com o autor cresceu na mesma proporção.

“Somos muitos, e já estamos prontinhos para a Nova Era. Vêm que têm, seus bastardos alcoviteiros, safados, terroristas cambiais! A fase do homem idiota está passando, seus vermes verdes. Pegamos vocês bem no pulo, riquinhos idólatras, filhos do cão! (pág. 52)”.

Com a leitura, sentia como se as palavras de Pitz fossem minhas. Nossas ideias são semelhantes e me identifiquei com a maneira com que ele vê o mundo e as pessoas. Seja com “revolta”, por algumas atitudes da sociedade, seja por aquilo que eu também faria, assim como o autor.
E se não bastasse todo o ar atual e filosófico, o autor consegue ainda deixar o livro cômico e isso é em diversos pontos. Ao mesmo tempo em que refletimos sobre o assunto proposto em determinado momento, rimos daquela situação vivida pelo autor, imaginando, que apesar de tudo, aquilo está presente no nosso dia-a-dia e não tem como evitar.
A capa de André Siqueira é simplesmente fantástica, e sem dúvidas, uma das melhores dos livros lançados pela editora em 2011, mostrando realmente a ideia proposta pelo autor, onde somos invisíveis perante a socidade. O livro ainda possui frases interessantes de diversas pessoas, como Charles Bukowaski, John F. Kennedy, entre outros, e o Glossário, com rápidas explicações sobre muito do que encontramos no livro.
O livro tem uma proposta diferente e isso faz de A Arte da Invisibilidade um livro para ser lido e com temas reflexivos. Claro que poucos se sentirão satisfeitos com o livro, mas é simplesmente por preconceito ou desinteresse naquilo que está em nossa vida e o que precisamos praticar. Allan Pitz diz a verdade nua e crua, com palavrões e frases para tocar e mudar o leitor. Por isso que o livro é muito mais do que aparenta ser. É pequeno com um conteúdo muito grande. Aqueles com a mente aberta devem ler, assim como farei com os demais livros do autor. Ele tem talento e ser uma aposta da literatura nacional não é um exagero.

“Posso interagir, posso comprar, posso vender, posso nutrir. Posso escrever novelas e contos e histórias que narrem as suas características tão nojentas de unidade possessiva discriminatória. Mas eu não sou você, unidade. Isso nunca. (pág. 114)”.

Queria agradecer a editora Dracaena pela oportunidade de ler A Arte da Invisibilidade, aproveitar para parabenizar pelo trabalho do autor e da própria editora, além, é claro, de desejar sucesso a ambos. Reforço também a indicação. Um livro que a partir de determinado capítulo, é surpreendente.