Alguns músicos marcam seus nomes pelo seu timbre de voz, por suas composições, por seu estilo ou até mesmo por outras características marcantes, que mesmo com os anos, jamais são esquecidas. Dentre tantos nomes está o carioca Sebastião Rodrigues Maia, um dos maiores ícones da nossa música que conquistou admiradores pelos mais variados gêneros musicais.
Tim Maia nasceu no bairro da Tijuca em 28 de setembro de 1942. Ainda criança, iniciou sua vida musical com composições que já mostravam o talento desse grande ícone. Antes de fundar o grupo The Sputniks, que contou com a participação de Roberto Carlos, Tim tocou bateria e violão. Dois anos mais tarde, em 1959, o cantor foi para os EUA onde teve os primeiros contatos com a soul music, porém foi deportado ao ser preso por roubo e posse de drogas. Drogas essas que sempre fizeram parte da vida de Tim Maia, mesmo após o sucesso.
De volta ao Brasil, produziu um álbum de Eduardo Araújo e assim introduziu a soul music na Jovem Guarda. No mesmo ano (1968), teve uma de suas composições gravada por Roberto Carlos, no álbum autointitulado, e também gravou seu primeiro compacto, antes de ter o primeiro álbum gravado, já em 1970.
Intitulado Tim Maia – como a maioria dos seus trabalhos na década de 70 -, o primeiro álbum continha 12 faixas com misturas da música brasileira com a soul music, e lançou um dos seus maiores sucessos: a canção Azul da Cor do Mar. Bem recebido pela crítica e pelo público em geral, o álbum foi o mais vendido no ano seguinte e considerado, até os dias de hoje, uma referência para a música brasileira. Foi também eleito o 25º melhor disco brasileiro de todos os tempos.
Com o sucesso que adquiriu com o primeiro álbum, Tim Maia não demorou a estourar e virar um ícone. Passou a gravar diversos discos, sendo 28 deles até o ano de sua morte. Média de um disco por ano.
Para muitos, o melhor momento do cantor foi nos primeiros anos após o lançamento de seu primeiro trabalho. Nesse período, conheceu a doutrina Cultura Racional e lançou o trabalho Tim Maia Racional, dividido em dois volumes. Um dos motivos que levou a crítica positiva em relação a esse período é a ausência das drogas na vida do cantor, o que resultava em melhor qualidade na voz e em outros pontos importantes para sua música.
Na década seguinte, Maia passou a trabalhar ao lado de outros nomes da música e contou com composições de Michael Sullivan, Paulo Massadas, entre outros. Nessa parceria, importantes sucessos foram gravados, como O Descobridor dos Sete Mares (do álbum lançado em 1983), Um Dia de Domingo, onde cantou com Gal Gosta (lançado em 1985) e por fim, Do Leme ao Pontal (1986).
Os problemas de Tim Maia com as gravados resultou na criação de sua própria gravadora, que recebeu o nome de Vitória Régia Discos. Nessa gravadora, ele trabalhou nos seus discos na década de 90, que incluíam Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova (1990), Voltou Clarear (1994), Nova Era Glacial (1995), entre outros.
Com o passar dos anos, a obesidade e outros problemas de saúde ficaram frequentes na vida do cantor, o que não afastou o uso das drogas. Em 08 de março de 1998, o cantor se apresentaria no Teatro Municipal de Niterói, mas seu estado de saúde não era dos melhores e acabou sendo internado, vindo a falecer no dia 15 de março, vítima de uma infecção generalizada. Devido a todos os problemas, Tim Maia nos deixou precocemente com apenas 55 anos, porém seu repertório e a voz marcante jamais serão esquecidos, pois Vossa Majestade, o Síndico do Brasil (apelido dado por Jorge Ben Jor) é um nome eterno para a nossa música.
Mesmo depois de anos, Tim Maia continua sendo lembrado e reverenciado. Sua história musical continua emocionando ao público que tanto lhe acolheu em seus mais de trinta anos no meio musical. Seu sobrinho, Ed Motta, representa um importante nome da música atual. Tim Maia continua sendo homenageado por muitos, tanto que em 2007, seu amigo Nelson Motta lançou o livro Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia. Mais recentemente, foi criado um musical inspirado no livro e que é protagonizado pelo ator Tiago Abravanel. Sucesso de público e de crítica.
“Se o mundo inteiro me pudesse ouvir, tenho muito prá contar, dizer que aprendi... E na vida a gente tem que entender, que um nasce prá sofrer enquanto o outro ri...” – trecho de Azul da Cor do Mar.
Tim Maia - 28/09/1942 - 15/03/1998