Beck: Mongolian Chop Squad – Live Action
Estreia: 4 de setembro 2010 (no Japão)
Resenha: Criado pelo mangaká Harold Sakuishi, Beck foi publicado pela Shonen Maganize entre 17 de fevereiro de 1999 e 17 de maio de 2008, sendo que já em 2004 o estúdio Madhouse produziu o anime que totalizou 26 episódios e foi um sucesso inclusive fora do Japão. Em 2009, foi anunciada a versão live action, que conseguiu mostrar a mesma essência e emoção do mangá / anime, repetindo assim o sucesso, pelo menos entre os admiradores da história original.
Dirigido por Yukihiko Tsutsumi, Beck: Mongolian Chop Squad conta a história de Ryusuke Minami (Hiro Mizushima) e de Koyuki Tanaka (Takeru Sato), dois jovens com histórias distintas e que se conhecem por acaso. Koyuki é um estudante tímido e nada popular, que precisa aguentar os desaforos de estudantes mais velhos, porém sua vida muda completamente ao salvar o cachorro Beck de alguns marginais que queriam maltratar o animal. Nisso ele conhece Ryusuke, dono de Beck e que acaba de voltar de Nova York com o sonho de montar uma banda.
Koyuki, que até então jamais imaginou estar em uma banda, ganha uma guitarra como recompensa por ter salvado Beck das mãos dos marginais e isso desperta seu interesse pela música. Ele passa a treinar exaustivamente, ao mesmo tempo em que continua sofrendo o deboche dos estudantes mais velhos. Nem por isso ele desiste, e apesar de alguns problemas que encara, é chamado para compor a banda de Ryusuke ao lado de Chiba (Kenta Kiritani), Saku (Aoi Nakamura) e Taira (Osamu Mukai).
Como qualquer outra banda, a principal dificuldade encontrada pelos membros é a escolha de um nome, o que não demora a acontecer e Beck, que era apenas o nome de um cão, se torna também uma banda que proporciona momentos de alegria, tristeza, reflexão e emoção aos espectadores.
Poucos foram os live-action que tive a curiosidade de assistir, talvez por medo daquilo que iria encontrar e felizmente Beck possui a mesma emoção que encontramos nas demais versões dessa história que tem muito a ensinar àqueles que lutam para realizar um sonho. Claro que seria impossível ter todos os detalhes (como a inesquecível cena com John Lennon, Freddy Mercury, Kurt Cobain, Joey Ramone, entre outros), mas são poucos os momentos desnecessários ao longo de mais de duas horas de filme.
Um dos pontos positivos sem dúvidas foi a escolha dos atores e atrizes. A maioria possui semelhanças com as verdadeiras personagens, e Hiro Mizushima merece um destaque especial. As características, sobretudo de personalidade envolvendo sua personagem, deixam claro que não haveria ator melhor escalado para interpretar esse que se tornou um dos personagens mais incríveis do mundo dos mangás musicais. A atriz Kutsuna Shiori, que interpreta Maho Minami - irmã de Ryusuke -, também está impecável e conquista o espectador pelos mesmos motivos das demais versões, principalmente por seu jeito simpático. Constatamos também que Aoi Nakamura – Atividade Paranormal em Tóquio (Resenha) – é um ótimo ator, o que não podíamos dizer em seu outro trabalho. Apesar de uma participação rápida, Nakamura surpreende em todos os momentos, para alegria dos admiradores de sua personagem, que não têm motivo para reclamar.
Porém, também é na escolha do elenco principal que os produtores cometeram um dos erros mais inaceitáveis deste longa-metragem. Claro que o foco principal está na história de Ryusuke, ao contrário do que acontece no mangá/animé, porém a escolha de Takeru Sato para interpretar Koyuki chega a ser triste para aqueles que esperavam muito deste personagem. No anime, ele não apenas era a personagem principal como também dava voz as canções mais importantes da série, no entanto, no live-action Koyuki não atrai a mesma atenção e ainda tem sua principal qualidade ofuscada pela atuação de Takeru Sato, principalmente sob o palco. Ele até tem as mesmas reação da personagem no anime, no entanto não passa disso.
Sendo uma história musical, nada mais natural do que a existência de canções capazes de marcar e se tornar inesquecível para aqueles que vierem a assistir. Isso aconteceu com anime e canções como Hit in the Usa, Follow Me e Moon on the Water se tornaram marcantes. Mas, para tristeza de alguns, as músicas originais não foram utilizadas no live-action. E isso não é o que de pior aconteceu.
Como já foi citado anteriormente, Koyuki teve sua principal qualidade ofuscada e essa qualidade é o uso da voz, já que em determinadas músicas ele se tornava o vocalista do Beck. De fato ele é o vocalista - substituindo Chiba em determinadas músicas -, porém não escutamos sua voz e independente do motivo, isso fez muita falta para aqueles que conheciam e admiravam as canções cantadas por Koyuki.
No mais, Beck tem todo um clima musical e de amizade, onde a união de alguns jovens que querem apenas fazer música fica explícita e a determinação que eles possuem para a realização de um sonho é aquilo que de melhor encontramos nessa história marcante. Infelizmente o cinema japonês é pouco explorado no Brasil e dificilmente chegará aos nossos cinemas, porém Beck é mais do que recomendado. Há sim motivos que deixam a história inferior daquilo que esperávamos, mas sem dúvidas é um dos melhores live-actions já produzidos, que consegue emocionar tanto quanto o anime ou o mangá original.