Jogada Mortal, Harlan Coben, tradução de Fabiano Morais, 1ª edição, São Paulo-SP: Arqueiro, 2012, 256 páginas.

Considerado o mestre das noites em claro, o americano Harlan Coben é autor de diversas obras que já foram traduzidas para mais de 40 idiomas e que conquista fãs a cada dia. Vencedor de importantes prêmios literários, Coben vendeu mais de 50 milhões de livros e já teve uma de suas obras adaptadas ao cinema.
Em Jogada Mortal, lançado originalmente em 1996, Coben coloca em ação um de seus personagens mais emblemáticos, o ex-jogador de basquete Myron Bolitar. Myron é agente esportivo e recebe ligações de Valerie Simpson, jogadora de tênis que no passado era considerada uma grande promessa do esporte, mas que por problemas se afastou e deixou de ser uma jovem lenda. O que Myron não esperava era a morte de Valerie, que é assassinada durante o Aberto dos Estados Unidos.
Como as ligações de Valerie aconteceram pouco antes de ela ser assassinada e ele não as atendeu, Myron sente-se responsável em descobrir quem cometeu o crime, sobretudo quando Duane Richwoodum dos seus atletas – é considerado o principal suspeito. Com ajuda de Windsor Lockwood e Esperanza Diaz, o agente esportivo embarca em uma investigação recheada de mentiras em busca do verdadeiro assassino e o que motivou o crime.

“Às vezes a coisa mais difícil do mundo é dizer não para uma quantidade exorbitante de grana. Mas, no fim das contas, a decisão é sua, não minha. O dinheiro é seu”. (pág. 81).

Poucas páginas são necessárias para entender o motivo de Harlan Coben ser considerado o mestre das noites em claro. Mesmo escrito em terceira pessoa, sentimos como se o livro fosse uma conversa do autor, que além de descrever com excelência, narra a história de forma empolgante e viciante. Apenas um livro é necessário para se surpreender e ter vontade de devorar outros livros do autor.
Como o protagonista está relacionado com o esporte e a vítima também, diversos são os momentos em que o mundo de atletas é tratado no livro. Para um amante de esportes, esse detalhe apenas engrandece a história, apesar de não se tratar totalmente de um livro esportivo. O esporte é usado na medida certa para que esse casamento – esporte e investigação – agrade o leitor.
Myron Bolitar é um personagem excepcional, porém com algumas atitudes que irrita não apenas o leitor, como também as demais personagens da trama. É justamente esse jeito de ser, e investigar, que faz dele um personagem diferente e que na companhia de Windson se torna ainda melhor. O problema é a demora em descobrir algumas verdades, que para o leitor já estava claro e que para ele parecia estar bem distante de ser descoberta.

“- O herói e a heroína estão sempre se rejeitando. Em meio a guerras, ataques de piratas ou festas da alta sociedade, os dois brigam, trocam farpas e parecem se odiar. Mas no fundo estão apaixonados. Eles reprimem seus sentimentos, entende?”. (pág. 143).

Vale ressaltar a importância e as características de Win, uma personagem que tinha tudo para ser apenas um coadjuvante, devido a tudo o que Bolitar representa, mas Win vai além. Um tanto quanto assustador, Win tem teorias distintas e que ao mesmo tempo consegue se tornar válidas, apesar de não passar de um psicopata – algo que é descrito em diversos momentos do livro.
Os mistérios do passado parecem ser uma característica do autor e é muito bem explorado ao longo de 48 capítulos, ainda que as pessoas mais importantes já não estejam presentes para ajudar. A relação de Valerie e Alexander Cross, filho de um senador, tem grande importância no desenvolvimento da história e tudo isso devido a problemas do passado que causa todo o mistério. Mas a especialidade de Bolitar faz toda a diferença no rumo da história, ou seja, nem mesmo o passado intimida a personagem principal.
Recheado de ironias e com um humor característico, Jogada Mortal pode não ser o melhor livro do autor – espero comprovar isso o quanto antes -, mas certamente consegue prender o leitor da primeira à última página. Está comprovado que Harlan Coben é fantástico no que faz e tem tudo para agradar grande parte dos leitores, principalmente aqueles que gostam de mistério e investigações.

“Sim, a agressão era o mais perto que o homem moderno conseguia chegar do seu eu primitivo, por assim dizer. E, sim, a violência era o teste final do homem, em que se punham à prova ao mesmo tempo sua força física e sua sagacidade animal”. (pág. 210).

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