Presentes da Vida, Emily Giffin, tradução de Patrícia Dias Reis Frisene, 1ª edição, Ribeirão Preto-SP: Novo Conceito, 2012, 383 páginas.

Formada pela Escola de Direito da Universidade da Virgínia, Emily Giffin abandonou a advocacia para se dedicar integralmente a escrita de seus livros. O mundo perdeu uma advogada, mas ganhou uma excepcional autora que escreveu Presentes da Vida e já vendeu mais de 5 milhões de livros.
Presentes da Vida dá continuidade a história que originou o filme O Noivo da Minha Melhor Amiga (Resenha). Narrado em primeira pessoa, conhecemos o ponto de vista da Darcy Rhone, uma mulher bonita, que sempre teve os homens aos seus pés, mas que acaba de descobrir que seu noivo, Dexter Thaler, tinha um caso com sua melhor amiga, Rachel. O problema é que Darcy não é totalmente certinha e também tinha um caso com Marcus, o melhor amigo do próprio noivo.
Com o fim do noivado, Darcy passa a enfrentar algumas dificuldades pós-relacionamento e ainda se envolvendo com Marcus, o que gera certo mal-estar. Ela percebe que não é capaz de assumir as responsabilidades e decide se mudar para Londres, onde fica na casa de Ethan, um amigo de infância. Essa estadia vai dar um novo rumo para a história de Darcy, que aos poucos encontra o seu verdadeiro eu e reescreve sua história nos relacionamentos, sobretudo amorosos.

“Estava me sentindo ofendida com a apatia dele nesta importante noite que passamos juntos, mas podia dizer que, lá no fundo, ele estava muito feliz por ter ganhado um prêmio chamado Darcy”. (pág. 90).

Saber que Presentes da Vida dava continuidade a uma história tão bacana - que também tem seus problemas - como a do filme apenas aumentou a expectativa de uma leitura agradável e bem humorada. A leitura até é agradável e a primeira experiência com livros da Emily Giffin foi mais do que marcante, porém senti muita falta do humor que esperava encontrar. Claro que isso não é de fato um problema do livro, mas sim de uma expectativa não atendida – talvez de uma expectativa gerada de forma desnecessária.
O ponto forte do livro é a mensagem que ele passa sobre as escolhas feitas em nossa vida e as consequências de atos que muitas vezes são impensados. Que saem naturalmente, por impulso, e que podem causar situações embaraçosas no futuro. Quando isso acontece, é necessário assumir as responsabilidades e mudar a nossa vida buscando sempre o melhor. Seja na literatura, ou na realidade, esse esquema é mais do que válido e ao longo das páginas, percebemos como a autora consegue deixar a história real.
A história é tão real que encontramos uma protagonista que tem tudo para desagradar a maioria dos leitores. Darcy chega a ser irritante em grande parte do livro. Ela não se importa com a opinião dos outros e mesmo estando claro que está errada, acredita e afirma exatamente o contrário. É superficial, egoísta e age de forma equivocada. Suas atitudes irritam, mas felizmente, ao longo da história, percebe seus erros e evolui, o que deixa Darcy uma personagem oposta do que encontramos no início do livro. Essa evolução a torna real, e, por isso, certo carinho por Darcy é despertado. Não como acontece com Ethan, amigo de Darcy que mora em Londres, que mostra ser uma personagem interessante do início ao fim, e isso apenas se concretiza conforme o livro chega ao fim.

“Atravessar a linha que separa a amizade e a atração era um jeito certo de perder um amigo. E perder uma grande amiga já fora o suficiente ara este ano”. (pág. 255).

Todo o trabalho da editora Novo Conceito merece destaque, sobretudo a capa de Luciana Mello e Monika Mayer. Quando a vemos pela primeira vez, gostamos e passamos a imaginar o verdadeiro significado por trás dela. Acredite: o significado é mais do que interessante e não temos o porquê reclamar, principalmente em relação ao título.
Como já se pode esperar, o final fica longe de ser arrebatador. Assim como todas as histórias do gênero, em determinado momento percebemos aquilo que acontecerá nas últimas páginas. Felizmente os capítulos que antecedem o desfecho não deixa que a história se torne chata e segue o mesmo ritmo – rápido, por sinal – que encontramos em todo o livro. O melhor é que esse final é exatamente da forma como esperávamos e torcíamos para acontecer – a autora não causou surpresas, que certamente seriam desagradáveis.
Ao mesmo tempo em que Presentes da Vida causou boas surpresas, ele causou surpresas ruins, a começar pela falta do bom humor, que até certo momento parecia certo. É necessário dizer que é uma história que explora bem o lado feminino da protagonista, ou seja, as mulheres têm tudo para gostar verdadeiramente do livro. O que ninguém pode contestar é o que tem por trás de todas as desventuras de Darcy e a qualidade da autora, que tem uma escrita rápida, fácil e contagiante. Ah, se você não leu o primeiro livro, isso não é problema, pois você não sentirá falta de nada.

Era amor como verbo, como Rachel costumava dizer. Amor que me fazia mais paciente, mais legal e mais forte. Amor que fazia eu me sentir mais completa do que eu jamais havia sentido nos meus tempos glamorosos de sapatos de grife”. (pág. 375).

Por mais repetitivo que fique, não posso deixar de agradecer a editora Novo Conceito pelos exemplares cedidos para que a resenha pudesse acontecer e também pela a promoção. Então aproveite a oportunidade de ganhe um kit do livro participando do Top Comentarista do mês de junho. Conheça clicando aqui.