Billi Pig

Resenha: Com um elenco de peso, o mínimo que se espera de Billi Pig, filme dirigido por José Eduardo Belmonte, é que seja engraçado e honre o status de comédia, que no Brasil, dificilmente é bem aproveitado e prestigiado pelo público. Infelizmente não é dessa vez que o cinema brasileiro levou a esse público uma excepcional comédia – a não ser que a intenção era caçoar do resultado final.
O relacionamento de Wanderley (Selton Mello) e Marivalda (Grazi Massafera) está longe de ser um dos melhores. Isso também acontece com a situação financeira, já que a seguradora de Wanderley mal recebe clientes. Marivalda, por sua vez, sonha em ser uma atriz reconhecida internacionalmente e tem a companhia de Billy, um porco de plástico que a acompanha desde sua infância. Constantemente Marivalda sonha com Billy – ou acredita vê-lo falando - que dá conselhos a ela e certa vez diz que Wanderley não faz aquilo que ela realmente merece. A jovem então decide dar um ultimato e Wanderley tem um prazo para mudar.
Com o velho jeitinho brasileiro, padre Roberval (Milton Gonçalves)que já aprontou muito na vida - tem a fama de ser milagreiro, o que dá uma ótima ideia a Wanderley: unir o útil ao agradável para tanto ele, quanto o padre, se darem bem à custa do traficante Boca (Otávio Muller), que espera por um milagre capaz de tirar a filha do coma.
Nas primeiras cenas de Billi Pig, temos a certeza de que será algo focado na loucura e nos sonhos da personagem interpretada por Grazi Massafera. A movimentação da mídia quando o filme chegou aos cinemas foi tanta, que nem de longe podíamos imaginar que encontraríamos algo totalmente oposto ao sonho de Marivalda. Talvez se esse fosse o foco principal o filme seria muito melhor.
Mas ao contrário do que aparentava, o filme mostra mesmo a malandragem brasileira para se aproveitar das coisas fáceis que aparecem na vida. Os roteiristas não pouparam esforços para usar dos mais variados artifícios, sobretudo quando se tratou de enganar o traficante Boca, muito bem interpretado por Otávio Muller.
Billi Pig também sai do que é usado normalmente pela comédia brasileira, sempre muito apelativa. Para conseguir usar isso de uma forma bacana, nada melhor do que escalar Selton Mello para o elenco, certamente um dos melhores atores brasileiros. Ao mesmo tempo em que o humor não é apelativo, ele é muito fraco em grande parte do tempo e se destaca apenas quando Selton está em cena. Ainda assim, Billi Pig é de longe um dos filmes mais fracos que teve o ator mineiro, grande destaque em O Palhaço (Resenha), em seu elenco. Isso se deve a uma química quase inexistente entre Selton e Wanderley.
A sorte do filme é contar com grande elenco, como Milhem CortazTropa de Elite 2 (Resenha) -, Tadeu Mello, Cássia Kis Magro, Preta Gil, entre outros. O grande destaque é Grazi Massafera, que estreia como protagonista nas telonas em grande estilo, ainda que seu talento tenha sido pouco aproveitado ao longo do filme. Milton Gonçalves, sempre fantástico, é quem rouba a cena ao lado de Selton Mello, principalmente quando ambos estão em ação com seus planos mirabolantes.
No mais, Billi Pig é uma junção de tudo aquilo que já tivemos na comédia relacionada com o povo brasileiro: o malandro que tenta se dar bem; a mocinha que quer se tornar famosa; o senhor que se aproveita da religião; o traficante que procura a ajuda de Deus quando precisa; e o subúrbio carioca servindo de plano de fundo para toda a trama. É um filme fraco, com muitas cenas desnecessárias e poucas cenas realmente engraçadas, e um final meio óbvio, apesar de algumas surpresas - técnicas. Para passar o tempo é uma ótima escolha, mas para sentir uma sensação agradável... é melhor ver e rever Selton Mello em O Palhaço.