Olá, pessoal. E aí, conseguiram se organizar?

Então vamos para a segunda parte dessa série de artigos.

Antes de tudo, gostaria de agradecer aos elogios que recebi na primeira parte publicada anteriormente. Se não leu, leia aqui.

Leitura feita com sucesso? Então vamos para a parte 2. Espero que estejam tão animados quanto eu estou em dividir ideias com vocês.

Já ouviram alguém dizer “acho que a minha vida daria um livro”? Pois bem. Há duas verdades em tal afirmação. A primeira é que a vida de todos daria um livro. E a segunda é que se uma pessoa próxima a você tem uma vida tão interessante, escreva!

Caros leitores, eu nunca parei para fazer um censo entre vocês e saber suas idades, estados civis ou formação acadêmica. Todavia, a primeira dica primordial para escrever um livro/conto é que façam um recorte na vida de vocês. Escolham uma parte que achem interessante, independente de quantos dias, meses ou anos o evento ocorreu. Pensem em algo como:
  • O melhor/pior emprego que você já teve;
  • Seu (sua) primeiro (a) namorado (a);
  • Sua vida com o seu animal de estimação;
  • Seu melhor/pior ano escolar;
  • Etc.
Ao visitar o pai e ver o o álbum de formatura,
o roteirista Bob Gale teve a ideia de criar uma narrativa
em que o filho convive com o pai quando este ainda era estudante.
Assim nasceu De Volta Para O Futuro.
E aí, escolheram um momento?

Agora é só aplicarem enxertos: mudem os nomes, localidades, épocas, acrescentem/retirem situações, coloquem elementos fantásticos, etc.

Por que é importante enxertarem a narrativa?

Por dois motivos:
  1. Ninguém precisa saber que é você ali. Sem isso, a literatura vira biografia;
  2. Diminui o ego do autor e mostra sua humildade (certa vez, participei de uma antologia de contos em que um dos autores colocou a si próprio como um herói nacional. E nem se deu ao trabalho de mudar o nome! Foi decepcionante ver como aquele conto era apenas um espelho para ele se admirar... ou achar que é visto assim!).

Acham difícil fazer um enxerto?
Vou dar um exemplo:

Nasci em 1987, um pouco antes dos meus pais se divorciarem. Morei de 1992 até 1998 em um sobrado em cima da casa dos meus avós paternos e fui criado pela minha mãe com minhas duas irmãs. Convivi com vizinhos de famílias “normais” e me sentia um pouco deslocado.

Movendo uns pauzinhos, temos a seguinte premissa:
Thomas estava cansado das brigas entre os pais. Quando eles divorciaram e perguntaram a ele com quem queria ficar, o garoto não pensou duas vezes: foi morar com os avós, no interior. Da vida urbana e rodeada de tecnologia, o jovem passa a conviver com rodas de violão na praça, quermesses e até o contato com Ana “Vassoura” Helena será algo diferente em sua vida.
Viram? Coloquei tantas coisas que mal dá para reconhecer um pedaço da minha própria vida na sinopse.
Ter servido em duas guerras ajudou J.R.R. Tolkien na criação de suas batalhas.
Se você acha que nenhuma parte da sua vida daria um bom livro ou conto, use a de um amigo, parente (peça autorização) ou ídolo. Só não se esqueça de enxertar bem.
Mauricio de Sousa: sua filha como sua maior criação.
Outra coisa para você pensar é sobre realidade alternativas na sua vida ou na de quem escolheu: e se você tivesse nascido no século XIX? E se o seu amigo não largasse o primeiro emprego? Acha que o seu ídolo do futebol seria um bom jogador de basquete?

Pensem em tudo isso e não esqueçam: estudem, planejem, escrevam e reescrevam.

Abraços a todos e continuem escrevendo!

Sobre o Autor
Davi Paiva da Silva nasceu em 22/03/1987, em São Paulo – SP. Está cursando Letras na UNICSUL, publicou o texto "18 anos sem Ayrton Senna" no site minilua.com, além de um microconto com a hastag #tweetcontos no twitter DaviTweetcontos e colabora com artigos no blog espadaarcoemachado.wordpress.com. No mundo impresso, participou das antologias de contos Corações Entrelaçados, Névoa, Quimera, Sopa de Letras, Amores (Im)Possíveis, Mentes Inquietas e Livre Para Voar todas da Andross Editora.
Contato: davi_paiv@hotmail.com.

3 Comentários

  1. Olá Davi!
    Eu gosto muito dos seus artigos, sempre com um bom tema e boas dicas.
    Já me inspirei muito na vida e faço isso ainda. Inclusive tenho um quinteto de personagens em uma das minhas histórias, a Manada Team, que são realmente as pessoas. haha Claro que eu já devo ter trocado as personalidades todas, usei só o apelido deles, mas acho que se não fosse assim, não ficaria bom.
    Beijos!

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  2. Oie
    Adorei as dicas!! Sempre vejo os autores falando que se baseiam em amigos e tal. Gostei.

    Beijos

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  3. Olá Davi e Ricardo, tudo bem?

    Davi, meu caro, que dicas valiosas. Realmente ajuda bastante espelhar nossas histórias em outras que já ocorreram, principalmente quem sofre de bloqueio criativo. Às vezes, apenas pegando uma parte da nossa vida ou de alguém que conhecemos e se forçando a não fazer igual, já criamos bons milhares de caracteres.

    Parabéns pelo artigo.

    Abraço,

    Adeval de Andrade

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