Texto: Erivelton Nicolau
Baseado: Romeu e Julieta, de William Shakespeare
Direção: Erivelton Nicolau
Duração: 100 minutos
Gênero: Comédia
Apresentação: 02 de junho de 2015
Em uma versão totalmente diferente e engraçada de “Romeu e Julieta”, a única coisa que se iguala é a briga entre os Montecchios e os Capuletos. Dois jovens apaixonados representam essas famílias: Romeu Montecchio (Erivelton Nicolau) e Julieta Capuleto (Letícia Chaparim). Com uma boa dose de humor, a peça traz consigo várias personagens loucas que armam várias confusões, tentando destruir e outros ajudar o amor existente entre o casal.
Mas a grande dúvida é: dessa vez finalmente haverá um final feliz para Romeu e Julieta?
William Shakespeare. Não deve existir no mundo da arte um nome tão pesado e importante quanto o do dramaturgo inglês que criou algumas das maiores histórias de todos os tempos. Entre suas maiores criações, está a história de amor proibida entre Romeu Montecchio e Julieta Capuleto, um casal que, como nenhum outro, representa o amor em sua forma mais pura. Um casal que teve sua história virada ao avesso com a peça Deu a Louca em Romeu e Julieta.

Sendo uma história tão conhecida e adorada, é natural encontrar produções que recriam o que foi contado por Shakespeare em outrora, muitas vezes em versões nada parecidas com a original. Até aí não existe nenhum problema, tanto que um dos filmes nacionais que mais aprecio mudou muitos pontos da história. No entanto, deveriam existir algumas regras essenciais para se produzir essa obra.
Foto: Reprodução/Facebook
Infelizmente não é o caso de Deu a Louca em Romeu e Julieta. A peça, que se acertasse em cheio em sua proposta seria no mínimo interessante, acabou apresentando pouquíssimos pontos positivos, enquanto os negativos se sobressaíram como em nenhum outro trabalho do grupo Trupeçar. Não seria exagero dizer que precisaria rever muitas e muitas coisas antes de colocar a peça em cena.

Como escritor, a minha primeira mudança seria exatamente no enredo. De todas as histórias, essa em hipótese alguma poderia ser contada de forma confusa. A ideia de transformar a história de Romeu e Julieta em uma comédia não surtiu o efeito desejado, em especial pelo humor muitas vezes forçado do qual, entre outros exemplos, repetia frases conhecidas da televisão e que de forma alguma poderiam estar ali. Faltou originalidade! Cada vez que algum ator tentava ser engraçado apenas para tirar risos do público, o que aconteceu em diversos momentos, o enredo era o maior prejudicado.

Ainda assim, por mais que fosse possível fazer diversas alterações para evitar tais erros e algumas repetições até certo ponto cansativas, esse foi o menor dos problemas em Deu a Louca em Romeu e Julieta. O título sugere algumas loucuras, mas imagino que isso não seja suficiente para, entre outras coisas, unir épocas tão diferentes. Nada impediria uma história contemporânea, mas usar figurinos do passado ao lado de objetos do presente, por exemplo, não foi uma escolha acertada.

Contudo, outra vez é possível citar um ponto mais negativo do que essa mistura — que pode ter sido proposital e aceitável se levarmos em consideração o título. O que incomodou como nenhuma situação foi a troca de cenários. Quando o espaço em que a peça é apresentada possibilita, por exemplo, que você apague todas as luzes, antes de retirar ou colocar um novo cenário, é preciso obrigatoriamente explorar esse espaço, deixando tudo mais limpo e até mesmo elegante. Porém as trocas aconteciam, algumas vezes, no meio da cena, atrapalhando o próprio desenvolvimento da mesma, algo amador até mesmo para um grupo amador.
Foto: Reprodução/Facebook
O que dá para dizer, sem a menor dúvida, é que houve mais falhas da produção do que da atuação. Enquanto o jogo de luzes não contribuiu para a troca de cenários, a trilha sonora não foi explorada como poderia e o cenário pecou por sua simplicidade negativa. Por sorte, atuações como a de Manuel Figueiredo (destaque também em A Noiva Cadáver), escolhido como Ator Revelação em um festival de teatro, dão um leve brilho a Deu a Louca em Romeu e Julieta.

No geral, o grande problema é que essa peça, diferente de todas as demais, não poderia cometer absolutamente nenhum erro. A história pode ter seu lado cômico e ser muito diferente da original, mas ao fazer uma pequena referência a Shakespeare, não dá para deixar de ser exigente. Muitas coisas poderiam passar despercebidas se não fosse tão complicado usar a imagem de Romeu e Julieta. Mesmo em uma comédia, é preciso ser uma produção perfeita ao tratar a obra do maior de todos os tempos.

2 Comentários

  1. Olá Ricardo!
    Uma pena que a peça não atendeu as suas expectativas.
    Muitas vezes acaba faltando criatividade na hora de fazer a peça. O título dá uma ideia de algo muito criativo, mas é só isso mesmo, a julgar pelo texto.
    Beijos!

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  2. Oi Rica,
    Nossa, faz séculos que eu não vou ao teatro e certamente nunca assisti algo que fosse como você relatou. Não sou a maior fã de adaptações cômicas de grandes peças, então provavelmente seria uma peça que eu não veria mesmo. Poxa, esses problemas na produção são realmente lamentáveis, esperemos que com as críticas eles sejam resolvidos.

    Beijo,
    Mari Siqueira
    http://loveloversblog.blogspot.com

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