Ainda Não Te Disse Nada, Maurício Gomyde, 1ª edição, Brasília-DF: Editora Porto 71, 2011, 236 páginas
Após lançar O Mundo de Vidro (resenha aqui), seu primeiro romance, Maurício Gomyde lançou recentemente o livro Ainda Não Te Disse Nada, com a responsabilidade de fazer com que seu segundo livro seja o mesmo sucesso de seu antecessor. Acredito que tenha conseguido isso e ainda superar todas as expectativas criadas a partir da divulgação que aconteceu nos últimos meses com mais um livro fantástico, leve, engraçado e inovador.
Nessa sua segunda obra, Maurício nos conta a história de Marina Albertini, uma jovem descendente de família italiana que vive no interior. Há gerações sua família possuí uma padaria, e quando Marina está prestes a receber a responsabilidade de continuar com o ofício de padeira, decide que vai para São Paulo realizar o seu grande sonho: fazer um curso de moda.
Já na capital, Marina arruma um emprego em uma agência dos correios na Avenida Paulista e mora sozinha em um apartamento. A jovem acredita que ninguém mais usa cartas para se comunicar, mas tem seu pensamento mudado quando uma carta de amor caí em sua mão e acredita que isso seja obra do destino. Sem querer, Marina acaba se comovendo com essa a carta e isso passa a fazer parte de sua vida. Enquanto se diverte com suas amigas, Francesca e Thaís, e outras pessoas que fazem parte de sua vida, ela encontra um amor de uma forma inusitada e divertida. "Sonhadora ao extremo, achou mágico alguém ganhar a vida com cartas de amizade e amor sob encomenda. E ficou tão fascinada pelo tipo de trabalho da ruiva que esqueceu de perguntar seu nome (pág. 37)"
A característica presente na escrita de Maurício continua evidente, e para aqueles que achavam que ele tinha talento, com este livro apenas terá essa certeza. O autor consegue construir toda uma trama de forma simples, direta e com reviravoltas que apenas engradecem toda a história de Marina. Apesar de ter apenas 236 páginas, entramos na vida da personagem principal sem que nada seja deixado de lado.
Ao contrário de O Mundo de Vidro, as personagens possuem nomes, e assim como aconteceu no primeiro livro, são muito bem descritas e com uma carisma excepcional. Existe personagens para todos os gostos: o galã, a gostosona, o garoto pervertido e uma família italiana que não deixe nada a desejar. É impossível não gostar de personagens como Thaís e Francesca, ou Otavinho e até mesmo toda a família de Marina.
Como já dá para imaginar, os diálogos são simples e sempre engraçados, até mesmo quando está se tratando de algo um pouco mais sério. Quando as personagens citadas no paragrafo anterior entram em cena ao lado de Marina, é risada na certa, e isso sem duvida é um grande ponto para o autor, que também alegra em seu primeiro livro.
Músico, Maurício Gomyde explora essa arte citando diversos nomes da música nacional e internacional, além de trechos de algumas músicas, inclusive um desses trechos é de extrema importância para a construção de toda a história. O autor ainda usa elementos para que a história não perca o rumo, ou melhor, para que a história ganhe o significado que possuí em seu desfecho. "O amor é um pássaro rebelde que ninguém pode prender. Não adianta chamá-lo, pois só vem quando quer. Não adiantam ameaças ou súplicas. Um fala bem, o outro se cala. É o outro que prefiro. Não disse nada, mas agrada-me. O amor, o amor..." (pág. 88)".
Mais uma vez a arte da capa tem todo o sentido com o livro, e se antes da leitura já a elogiei muito, isso só aumentou com a união de Marina, afinal, tudo ganha uma explicação, inclusive o título do livro que faz todo o sentido.
Para que um livro seja considerado perfeito, é preciso que tenha um final perfeito e acredite, esse adjetivo é ainda pequeno para descrever Ainda Não Te Disse Nada, que tem um final emocionante e merecedor do status de favorito. É difícil dizer qual dos dois livros do autor é o melhor, mas sem duvidas percebemos a evolução que Maurício teve entre suas duas obras sem perder sua grande característica: fazer rir e emocionar em um único livro. Em uma única história. "Não deixe de ir atrás de quem você ama até encontrá-lo. Não abra mão da coisa mais importante que você pode dedicar a alguém: o amor verdadeiro. (pág. 228)".