Paranoia (conto), Elton Silva de Lima, 2011, 15 páginas
Em
outubro, o autor parceiro Elton SDL, publicou em seu blog o segundo conto da
série Vozes na Madrugada, intitulado Paranoia. Hoje enfim dediquei um tempo para lê-lo e percebi, como Elton já havia citado, que é um conto diferente de
Blackhills, com uma temática mais psicológica do que o terror que encontramos
no primeiro conto.
Paranoico, Robert
tinha tudo para ter uma vida perfeita, ao lado de sua esposa Julia e seus
filhos, que estudam em Detroit e Chicago. Mas como disse, ele tinha tudo para
ter uma vida perfeita, o que de fato não acontece, porque um medo, estranho e
engraçado para muitos, o assombra há mais de dez anos. O constante medo de um
simples eletrodoméstico. O medo de um fogão. É em torno dessa verdadeira
paranoia que o conto se desenrola ao longo de quinze bem detalhadas páginas. “Um bom fogão,
sem dúvida. Já tinha alimentado sua família por um bom tempo. Todavia aquele “utensílio
doméstico” lhe parecia um demônio, um feroz e mortal demônio prestes a tragar
sua alma e trazer a desgraça. Robert o encarava com ódio – sua mão trêmula
precisava verificar, precisava ter certeza (pág. 4)“.
Mesmo
após terminar a leitura de Paranoia, é difícil dizer qual dos dois contos
lançados até então são melhores, principalmente por serem totalmente distintos.
Neste segundo conto não há adrenalina, não há aventuras e nada que possa
assustar ao leitor, porém a tensão de saber se essa paranoia de Robert é válida e prossegue até o fim da leitura. Se não temos a sensação de querer saber o que mais vai acontecer, temos a de querer entender o que pode acontecer.
Quem
leu a resenha de Blackhills, se lembra de que eu disse que a escrita do Elton é
bem formal, e isso também acontece em Paranoia, apesar de que com menos frequência.
Ao contrário do que aconteceu no primeiro conto, aqui não temos uma pausa na
história, e tudo se desenrola rapidamente, até porque são mais de vinte páginas a
menos do que Blackhills. Ponto para Paranoia.
Além
do medo de Robert, o conto aborda bem o relacionamento do personagem paranoico
com sua esposa. Eles possuem uma boa relação, e até mesmo alguns conflitos
existentes em todos os casais. Impressiona como Elton conseguiu deixar tudo
isso tão bem detalhado em apenas quinze páginas.
O
final já era esperado, e como eu comentei com o autor, caso fosse diferente eu
diria que não havia sido concluído por ele. Gostei do final, principalmente
porque deixa certa mensagem: será que devemos criticar aqueles que possuem
algum tipo de medo? Será que esse medo, muitas vezes, não pode provar que a
pessoa estava certa? Acredito que todos aqueles que lerem este conto pensarão
da mesma forma.
Disse
no inicio que era difícil escolher qual o melhor, mas como dá para perceber, é
impossível encontrar algo para criticar em Paranoia. Ao contrário de Blackhills,
que em certos momentos não empolgava, este não paramos de ler em nenhum momento. Não sei
se posso dizer que o autor escreve melhor o drama psicológico, porém, pelo menos este
foi muito interessante. Mais interessante até do que o terror. Todos aqueles que gostam de algo que meche com a mentalidade
e os medos de uma pessoa, não pode deixar de lê-lo.
E
caso você seja uma dessas pessoas, o conto já está disponível para download no
blog do autor, que você pode acessar clicando aqui.