Confiar (Trust)

Resenha: Muitas vezes, filmes independentes tendem a ganhar menos destaque e serem desvalorizados por isso, mas há algumas exceções e Confiar, apesar de ter sido censurado nos EUA, deveria estar entre elas. Com roteiro de Andy Bellin e de Robert Festinger, o filme nos mostra problemas comuns nos dias atuais, com certo drama e suspense que engrandecem essa história.

Com uma história original, somos apresentados a família de Will (Clive Owen) e Lynn (Catherine Keener). Eles possuem três filhos, sendo que o mais velho está prestes a entrar na faculdade e a filha do meio, Annie (Liana Liberato), que como qualquer garota de sua idade, enfrenta os problemas de aceitação entre os adolescentes mais velhos da turma.
Como muitas outras adolescentes, Annie procura na internet uma forma de desabafar e descobrir os caminhos para se sobressair de todos estes problemas, é aí que conhece um rapaz com quem acaba dividindo seus segredos e angústias. Aos poucos a relação dos dois aumenta e o que parecia apenas uma amizade virtual, ganha proporções maiores, e que aumentam ainda mais quando o primeiro encontro acontece. A partir de então, a família conhece um dos problemas que mais comuns na internet.
Ao assistir Confiar, por mais que tentamos encontrar algum defeito, isso é quase inexistente ou até imperceptível, principalmente em se tratando de uma produção independente. O roteiro foi muito bem escrito e tudo caminha perfeitamente para mostrar não só como Annie se sente antes e depois deste encontro, como também a reação de todos os familiares, sobretudo de Will, publicitário e pai da jovem.
É impossível assistir ao filme e não ficar surpreso com a atuação de Liana Liberato (House e CSI: Miami e Reféns) e do britânico Clive Owen (indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em Closer – Perto Demais), que estão impecáveis. A jovem Liana é fantástica ao fazer a garota insegura, apaixonada e até mesmo envergonhada do que aconteceu em sua vida, enquanto Owen também está assim, entretanto ao perceber o quanto tudo que aconteceu muda a vida de toda a família. Há momentos tensos desse transtorno vivido por Will, e percebemos que tudo é real e que a angústia que a personagem vive, é a mesma que muitos pais sentem nos dias atuais.
Mas não só atores ou história fazem com que o filme seja bom. Há também a veracidade em tudo o que acontece ao longo do filme, e vale lembrar que o fato que gera toda a história de Annie é o mesmo vivido por muitas pessoas que tem algum tipo de envolvimento com desconhecidos pela internet, e o que o filme pretende mostrar é justamente isso.
Existe sim uma ou outra cena desnecessária, e que não atrapalharia o desenrolar da história, mas estas cenas são rapidamente esquecidas quando o foco volta para a dor da família ou as atitudes impensadas, até então, da protagonista. O envolvimento com a história é tão grande que quando percebemos o filme já chegou ao fim, e o que poderia ser uma decepção, se não houvesse a explicação de como tudo de fato terminou.
É um ótimo filme, recomendadíssimo e que não usa do final feliz para encerrar algo que nem sempre acontece dessa forma. Esse final proposto em Confiar mostra que a intenção não era criar um conto de fadas, onde tudo teria se resolveria, e sim mostrar, que ainda hoje casos com o de Annie continuam acontecendo e garotas como ela continuam sofrendo pelo mal uso dessa ferramenta tão importante para nós: a internet.

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