Tratado Secreto de Magia – Volume II, Chico Anes e Ricardo Ragazzo (organizadores), 1ª Edição, São Paulo-SP: Andross Editora, 2011, 159 páginas
Lançado em novembro de 2011, Tratado Secreto de Magia – Volume II é, ao lado de Dias Contados – Volume 2 (resenha aqui), uma das cinco últimas antologias da Andross Editora, que como sempre, aposta e dá a chance de novos autores divulgarem seus trabalhos e assim iniciar suas carreiras literárias. “E com um sorriso sarcástico ela jogou todo o peso do corpo sobre um de seus saltos que já não tocava mais a plataforma, sumindo no misto de sombras e luzes que era a noite nova-iorquina. (pág. 17: Empire State – Ariel Paiva)”.
Com 32 contos, de 29 diferentes autores, a antologia foi organizada por Chico Anes, membro-fundador da República dos Escritores e que já publicou outros livros pela Andross; e por Ricardo Ragazzo, nosso parceiro e que publicou no último ano o livro 72 Horas para Morrer (resenha aqui), pela editora Novo Século. É com um texto dos organizadores que o livro tem inicio, explicando ao leitor o motivo de existir a palavra Secreto no título da antologia. “É preciso saber para ousar. É preciso ousar para querer. É preciso querer para ter o Império. E para reinar, é preciso calar. (pág. 11 – organizadores)”.
Logo após a apresentação escrita por Anes e Ragazzo, os mais diversos contos referentes a magia são expostos de forma bem organizada e divida entre os mais diversos estilos, para que a leitora não seja cansativa. A jovem autora Ariel Paiva é que tem a responsabilidade de abrir o livro com o simples, mas bem escrito, conto Empire State. Em seguida é Schetûr, escrito por O. A. Secatto, co-autor de Dias Contados – Volume 2, e que novamente surpreende com sua história, como já acontecera na antologia citada. Surpreendente também é Os Sete Anjos, um dos melhores contos, escrito por Kathia Brienza, que faz referências ao mestre Leonardo da Vinci e conta uma história muito bem trabalhada, se tornando também o maior conto de todo o livro, com nove páginas. “Por mais genial que isso, pois ele era realmente talentoso, eu não poderia conviver com aquele tormento. Eu não poderia transforma-me em uma marionete de um defunto (pág. 32: Os Sete Anjos – Kathia Brienza)”.
Se tratando de magia, não poderiam faltar histórias inspiradas em Harry Potter, e encontramos isso em Um Novo Mundo, da jovem Julia Fernandes. Em seu conto, a autora narra a história de Melany, garota que está prestes a entrar em uma escola de magia. Outro tema que não poderia faltar é a maldição, tão usada na literatura fantástica. Dentre os contos que envolvem algum tipo de maldição, o destaque fica para A Filha da Lua, de Lívia Stevaux; A Ceifadora do Inferno, de Carla Witch Princess; e A Maldição de Quira, da querida M. C. Dadalt. Alguns contos engraçados também foram colocados na antologia, e o responsável por isso foi Luiz Carlos Dias, paulistano que escreveu os contos Agatha e o Exército das Ervilhas Mutantes e Fred, o Rico, conto sensacional e que, apesar de apenas duas páginas, conseguiu ser muito engraçado e ao mesmo tempo inovador, se destacando entre os demais. Além de O. A. Secatto, alguns co-autores de Dias Contados, ou de outras antologias, também participam de Tratado Secreto de Magia, como por exemplo a querida L. E. Haubert, que com dois contos mostrou que tem talento e um futuro promissor. “Algo despertou em sua alma: era sim a mesma pessoa! Em outra forma, mas a mesma pessoa por dentro. Tocou a pele de veludo, e todas as inseguranças que teve sobre seus sentimentos por Júlia se esvaíram. É claro que a amava. (pág. 142: A Maldição de Quita – M. C. Dadalt)”.
Criada por Marina Avila, a capa possui o mesmo envelope que havia no primeiro volume, porém agora com uma coruja branca e não um gato preto. Ela ainda possui alguns detalhes interessantes, e que fazem toda a diferença, como brilhos, flocos de neve, raios espalhados por todo o desenho e ainda algumas árvores, que fazem toda a diferença, criando assim uma das melhores capas dessas antologias lançadas pela Andross. “Sentado no sofá, assistindo ao noticiário, o velho viu a matéria sobre a violenta e misteriosa morte de Jonas e Susy. Ao reconhecer a senhora que veio até a sua loja procurando um meio para entrar em contato com a alma de sua filha morta, pensou, com tristeza: - Eu bem que tentei avisá-la! (pág. 92: A Ceifadora do Inferno - Carla Witch Princess)”.
Como todas as antologias, alguns contos agradam mais do que outros, e o que pode ser ótimo para mim, possivelmente não será para outros leitores, por isso, para quem gosta do tema é uma ótima escolha, mesmo com alguns pequenos erros de digitação. “Enganei-o tratando com dizeres cruzados. Estive com medo de uma única coisa somente: repetir as ações era o tédio que me suicidava. (pág. 130: Inferno! - L. E. Haubert)”.
Com Tratado Secreto de Magia, conhecemos o segredo de muitos autores, e percebemos assim diversas visões e histórias fantásticas, assim como a literatura fantástica, que a cada dia conquista mais fãs e destacam mais autores. “O grande mago já havia caído, e o ekjár agiu rápido: confinou o espectro num cubo perfeito de pedra negra, sem fresta alguma. Então, acrescentou mais camadas, até que atingisse seis metros de cada lado. Foi, por fim, ao encontro de seu mestre, muito ferido. (pág. 23: Schetûr - O. A. Secatto)”.