- A Viagem -

Enquanto Alice permanecia no hospital totalmente desconsolada e chorosa, Joana havia corrido para a casa de Eduardo, chegando lá informaram a ela que ele já tinha ido para o aeroporto com os pais.
Joana correu contra o tempo, foi para o aeroporto e desesperadamente correu para procurar Eduardo, ela tinha que impedir a viagem dele, Alice não suportaria!
Encontrou-o e disse:
_ Edu, precisamos conversar...
Eduardo olhou para a amiga e afastando-se dos pais disse:
_ Jô, eu não esperava vê-la aqui...
_ Não sabe porque vim?_ interrompeu.
_ Imagino _ respondeu Eduardo olhando para o chão.
_ Você não pode viajar Edu. Não pode deixar Alice!
_ Eu não queria ter que ir Jô, mas não posso ir contra meus pais... não tenho escolha.
_ Como não tem escolha? Você não quer ir? Então por que vai?
_ Você não entende..._ falou ele meneando a cabeça_ não é capaz de entender: se eu ficar nem Alice nem eu ficaremos juntos, jamais poderemos ser felizes.
_ Não é esse o problema Edu _ falou Joana peremptoriamente _ você não a ama.
Eduardo encarou Joana e disse com lágrimas nos olhos:
_ Eu a amo muito e é por isso que estou deixando-a. Se você soubesse que jamais seria feliz ao lado da pessoa que a ama, seria capaz, mesmo assim, de condená-la ao sofrimento por puro egoísmo? _ as lágrimas escorriam pelo seu rosto _ sei que não posso fazê-la feliz sem magoar meus pais e, nunca seria capaz de decidir contra eles: eu sou o filho que restou.
Joana virou as costas para o amigo e disse:
_ Isso se chama covardia. Você é um covarde Eduardo. Alice enfrentou meus pais, saiu de casa, alugou um quarto de hotel, começou a trabalhar, tudo para ficar com você e olha o que você faz? A abandona por pura covardia de lutar _ e olhando para ele disse_ se você realmente a amasse, você enfrentaria seus pais Edu... Um dia eles iram compreender que é o amor que faz as pessoas melhores, que dá forças para elas realizarem seus sonhos. Se eu não sou capaz de entender seu ponto de vista, você não foi capaz de ver o quanto Alice fez por vocês dois.
Pelo interfone, uma voz pedia para que os passageiros fossem para a fila de embarque.
_ Jô, cuide dela para mim, eu não posso mais desistir da minha decisão_ pediu Eduardo.
_ Você até pode desistir Edu, mas não quer_ falou Joana tristemente_ eu não acredito que você vá fazer isso com ela...
_ Jô eu preciso realmente ir...
_ Eu sempre estive do seu lado Edu, hoje me arrependo porque vejo que você não a merece, nunca a mereceu, você é um covarde! Pessoas como você levam a vida a fugir  do amor, das decisões, pessoas como você desistem pelo simples fato de se acovardarem diante de pequenos problemas.
Eduardo enxugou as lágrimas, deu as costas a Joana e caminhou para o embarque.
Joana ainda permaneceu alguns minutos parada, tinha um leve esperança de que ele desistisse nos últimos minutos, mas ela fracassara, não conseguira convencê-lo a desistir. Todos os seus esforços foram embalde. Ela soltou um suspiro e saiu a passos lentos do aeroporto.
Eduardo entrou no avião e olhando pela janela deu seu ultimo adeus a seu grande e único amor. Talvez ele fosse mesmo um covarde...
Joana pegou um táxi e foi para o hospital, não podia evitar o que tinha que anunciar para Alice. Não queria que a prima sofresse, mas não tinha como mentir para ela, não tinha como evitar a fatídica notícia. Precisava falar tudo e a prima tinha que ouvir a verdade.
_ Então Jô, como foi? _ perguntou Alice com os olhos cheios de lágrimas.
_ Desculpe Alice, mas não tive como evitar_ respondeu Joana sentando-se, na cama, ao lado da prima.
Alice começou a soluçar desesperadamente:
_ Eu imaginei, eu senti um aperto no meu coração, uma tristeza profunda_ olhando para a prima perguntou_ o que vou fazer agora? Eu não tenho mais ninguém Jô... Ele era a minha vida!
_ Alice você não esta só, você tem e sempre terá a mim.
As duas abraçaram-se:
_ Obrigada Jô, sei que posso contar com você, mas como viver sem um amor? Como viver sem meu coração?
Joana tentando enxugar o rosto da prima falou:
_ Ele não merecia você. Não sofra tanto.
_ Não adianta você tentar me consolar com esse argumento de que ele não me merecia, que eu sou boa demais para ele, não irá funcionar. Como dizer ao coração algo que ele não quer, se recusa, a ouvir? Como explicar para um coração despedaçado que a culpa não é minha?
_ Mas a culpa não é sua Alice_ gritou Joana_ ele que foi um covarde por não ter lutado, por não ter fugido com você. Ele quem decidiu fugir de você!
_ Eu deveria ter ido atrás dele_ falou Alice inconformada_ eu não devia tê-lo deixado sair daqui.
_ Você fez tudo o que podia ser feito_ alegou Joana_ doravante não se culpe por não ter dado certo este relacionamento.
Alice não parava de chorar. Joana ficou abraçada a prima até esta dormir. Nada  poderia mudar o que havia acontecido.

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Autora: Camila Márcia V. Ferreira nasceu em Fortaleza (CE), atualmente reside em Bela Cruz, interior do estado, faz faculdade de Letras pela Universaidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e é a Bloggeira de Devaneios Fugazes.
Entrar em contato: E-mail: kmylla_m@hotmail.com Twitter: @camila_marcia

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